BDRs de tecnologia: ativos estão baratos, dizem analistas; vale investir?

Parte dos impactos negativos já está refletida nos preços

O impacto negativo dos balanços das “big techs” (como são chamadas as maiores empresas do setor de tecnologia) já está parcialmente precificado. Apesar do fato de quem estar comprado ter sentido o prejuízo dos últimos resultados, vender agora pode agravar prejuízos. E quem está fora, pode encontrar nesse momento a oportunidade de entrar neste universo por meio dos BDRs de tecnologia.

Resultados ruins x investir em BDRs de tecnologia

Os resultados dos balanços das empresas de tecnologia dos Estados Unidos não animaram muito o mercado, com os dados vindo abaixo da queda já aguardada. E com isso vem a preocupação de como esses números negativos poderiam impactar os BDRs.

Vale lembrar que BDRs, ou Brazilian Depositary Receipts, são certificados que representam ações emitidas por empresas em outros países. Ou seja, se o investidor quer aplicar em uma empresa lá fora estando no Brasil e sem ter de aderir a uma corretora internacional, com um BDR é possível.

Ainda assim, mesmo com balanços ruins, a perspectiva pode ser boa se o plano for manter o BDR por algum tempo. É o que dizem os analistas ouvidos pela Inteligência Financeira.

Neste sentido, Mauricio Lima, especialista de investimentos e superintendente de produtos da Western Asset, diz que “boa parte dos impactos negativos que poderiam ocorrer já está refletida em preços”. Afinal, “a cotação dessas ações já foi bastante impactada pela deterioração”. Então, “o atual momento parece ser um ponto interessante para os investidores que buscam forma de diversificar seus portfolios”, comenta.

Lima avalia que os títulos do Tesouro Americano já refletem um grande orçamento de subida de juros por parte do FED, o Banco Central norte-americano. Assim, boa parte desse cenário já embutiu os impactos nos preços de ações americanas, o que reflete nos BDRs de tecnologia aqui no Brasil.

“Considerando uma visão de longo prazo, em que as expectativas de inflação respondam a essas altas da taxa de juros, deveria haver espaço para recuperação do mercado acionário americano”, diz o especialista.

Quais setores devem crescer?

Nesse cenário, setores como os de software e serviços de tecnologia apresentam boas perspectivas de crescimento de resultados no longo prazo através de seus modelos de negócios atrativos, com as ações desses segmentos, que estão sofrendo com a apresentação de balanços aquém do esperado, retomando o crescimento.

BDRs de tecnologia como opção

Bruno Mori, economista, planejador financeiro e sócio fundador da Sarfin, diz que as bolsas americanas estão descontadas, ou seja, estão baratas, em função do ciclo de alta de juros. Por isso, tecnologia é um setor relevante, porque as ações valorizaram muito no período de pandemia.

“Com a desaceleração da economia americana (e mundial), algumas empresas estão apresentando resultados de crescimento e lucratividade menor. Os preços estão sendo corrigidos e apresentam oportunidades de compra, sim”, avalia Mori.

Ele afirma que o investidor brasileiro deve buscar a bolsa americana para efeito de diversificação.

“As empresas de maior capitalização, como Apple, Microsoft, Alphabet e Amazon são capazes de atravessar ciclos econômicos de expansão e retração com mais resiliência, sem que represente um risco muito relevante ao capital investido (lembrando que a renda variável deve visar o longo prazo)”, complementa o economista.

Fique atento ao câmbio

Mori diz que o investidor deve observar atentamente o comportamento das taxas de câmbio nos próximos meses e ficar atento a melhor hora de entrar em BDR, a incluir os BDRs de tecnologia.

Como fazer isso?

O investidor deve, então, analisar as variações das taxas de juros, que mantêm uma correlação direta com o valor da moeda americana, para ver se o dólar em trajetória de queda não pode vir a derrubar as possibilidades de lucratividade dos ativos. O inverso também é verdadeiro, com uma alta do dólar favorecendo os certificados.

Qual é o peso do câmbio?

A exposição à variação cambial tende a jogar um papel importante nos portfólios de investidores brasileiros ao funcionar como um contrapeso aos ativos de risco ligados ao Brasil.

“Em muitas oportunidades, quando há uma deterioração da percepção de risco local, os ativos locais, incluindo ações, tendem a sofrer enquanto o real tende a se desvalorizar frente ao dólar”, diz Lima, da Asset.

Para o especialista, “nesses momentos, ter uma parcela do portfólio exposta à variação cambial pode contribuir para reduzir a volatilidade do portfólio. Especialmente no atual cenário de incertezas domésticas, ter esse tipo de combinação no portfólio tende a ser bastante interessante”, aconselha.

Como ter uma estratégia de investimento?

Para Mori, a recomendação é dividir a parte dos investimentos direcionada ao exterior em renda fixa e renda variável. “A composição disso depende do perfil de risco de cada investidor. Quem já está alocado em ativos americanos provavelmente está amargando prejuízo. Essa troca pode fazer aumentar o prejuízo no curto prazo, portanto só é recomendada se estiver de acordo com o perfil de risco do investidor”, avalia.

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