Ações de big techs voam com Inteligência Artificial, mas é uma grande oportunidade?

Ações de Nvidia, Microsoft e Meta têm sido destaques de ganhos em 2023, mas analistas avaliam que escalada da IA pode estar só no começo

Neste ano, as gigantes de tecnologia têm liderado os ganhos das bolsas dos Estados Unidos. Isso porque elas estão montadas em apostas de que a Inteligência Artificial (IA) as levará a lucros históricos.

Pois bem: a Microsoft (MSFT34), dona da OpenAI, que lançou o ChatGPT em novembro passado, tem alta acumulada de quase 45% em 2023.

Posteriormente, a Meta (M1TA34), dona do Instagram e do Facebook, que tem indicado o uso de seu AI Sandbox para testes em suas versões iniciais de IA, viu seus papéis disparar 154% neste ano.

Desse modo, a companhia recuperou-se das fortes perdas do ano passado, após uma problemática incursão no metaverso.

O que aconteceu com as ações da Nvidia?

O caso mais vistoso dos últimos meses foi o da fabricante de chips gráficos Nvidia (NVDC34), cuja ação mais do que triplicou de valor neste ano.

Consequentemente, a companhia elevou para US$ 11 bilhões sua previsão de receita do atual trimestre. Aliás, dois anos antes da previsão do mercado, com expectativa crescente em IA. Todavia, o balanço da companhia será divulgado no dia 23 de agosto.

Foto: Costfoto/NurPhoto/Reuters

O que o investidor deve fazer?

Por outro lado, essa escalada surpreendente num momento de aperto monetário global e temor de recessão têm levado analistas a se questionarem – e serem questionados.

Afinal, está na hora de comprar ou vender ações de empresas de tecnologia?

É hora de dobrar a aposta?

Os argumentos de parte à parte são poderosos.

Inegavelmente, numa mão, especialistas calculam que a chamada IA generativa vai gerar ganhos nunca vistos. Neste caso estão as empresas que fornecerem soluções para indústrias tão diferentes quanto os setores farmacêutico, bancário e varejistas.

Deste modo, a consultoria Mckinsey previu em estudo recente que a tecnologia pode automatizar até 70% do trabalho das empresas.

Já o Goldman Sachs estimou que a inovação pode aumentar a tendência de crescimento real do PIB dos Estados Unidos em 1,1 ponto percentual por 10 anos.

O que dizem os analistas sobre as ações das big techs

“Há uma percepção de que é uma revolução tecnológica que veio para ficar e que vai mudar o mundo num período muito curto de tempo”, disse Cesar Crivelli, sócio e analista da Nord Research.

Na outra ponta, bancos alertam para o fato de que as incertezas ligadas à ‘economia real’ ainda deixam o mercado acionário vulnerável a flutuações, o que pode atingir especialmente as ações que mais subiram.

Segundo o BofA, ações de apenas sete empresas (Microsoft, Google, Amazon, Nvidia, Tesla, Meta e Apple) responderam por 73% da alta no primeiro semestre de 2023 do índice S&P 500.

Sem citar especificamente o setor de tecnologia, o Morgan Stanley afirmou recentemente que “investidores em ações otimistas parecem estar dando de ombros em relação às contradições nos mercados”, citando deterioração dos dados econômicos.

Analistas estão otimistas

Tentando se equilibrar entre o risco de ver o mercado atropelado pela piora da economia e o de perder a oportunidade de uma geração, analistas têm recomendado manter ações de IA. Porém, eles são cautelosos.

Com recortes distintos, Bank of America, Goldman Sachs e Itaú BBA ressaltaram em relatórios recentes o potencial de valorização de médio e longo prazos das ações do setor, mesmo após a escalada recente.

O BofA fez na semana passada uma lista de 10 ações preferidas em IA, incluindo Microsoft, Meta, Nvidia e Alphabet, dona do Google.

Isso, cerca de dois meses após ter emitido outro documento alertando para a formação de uma pequena bolha no setor.

Porém, na semana passada, o Itaú BBA reforçou sua visão positiva para Amazon, Nvidia, Meta e Microsoft, apesar da escalada recente das ações.

Na mesma direção, o Goldman Sachs, afirmou em relatório que “os potenciais aumentos de produtividade relacionados à IA podem levar significativamente mais vantagens no médio e longo prazos, ainda que riscos e incertezas substanciais permaneçam”.

Quem ganha com a Inteligência Artificial?

Outros nomes conhecidos, como Alphabet, dona do Google, a montadora de veículos elétricos Tesla (TSLA34) e a Apple têm sido apontadas como potenciais beneficiárias da IA. Isso porque todas elas têm produtos e serviços que podem embarcar IA.

Por exemplo: em maio, o Google (GOGL34) anunciou vários novos recursos alimentados por IA generativa, incluindo seu chatbot Bard. E Elon Musk, dono da Tesla, anunciou na semana passada sua própria empresa de IA, a xAI.

O mesmo vale para Amazon (AMZO34), Apple (AAPL34) e as asiáticas Taiwan Semiconductor (TSMC34), Baidu (BIDU34) e ASML (ASML34), além de uma infinidade de nomes menos conhecidos.

Por que há investidores céticos quanto à IA?

De acordo com Crivelli, da Nord, porém, há uma desconfiança de investidores mais céticos com o que pode parecer uma euforia irracional à la bolha de internet dos anos 2000. O motivo está justamente no fato de que o otimismo com o setor tem sido irrestrito.

“Há investidores comprando todas as techs num primeiro momento, mas agora é difícil saber quem serão os grandes vencedores”, disse ele. “Haverá um filtro mais adiante”.



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