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ABEV3: quais são as expectativas para as ações da Ambev em 2023?
Nos idos de 1885, um grupo de industriais adquiria um terreno no bairro da Água Branca, zona oeste da capital paulista. Assim, futuramente seria ali instalada a matriz da Companhia Antarctica Paulista. A produção da cerveja só começaria quatro anos mais tarde e já com uma concorrente nascida um ano antes, a Brahma.
E ao longo do século seguinte, as duas marcas se tornariam duas das maiores da América Latina. Já, em 1999, se fundiriam para a criação de uma das maiores cervejarias do mundo, a Ambev (ABEV3).
E, com o passar do tempo, ser uma das maiores já não era mais suficiente. Em 2004, a Ambev (ABEV3) se juntou à belga Interbrew para a criação da AB InBev. Posteriormente, comprou a cervejaria americana Anheuser-Busch.
Já em 2008, agora como multinacional, a Belgo-Brasileira AB Inbev passava a controlar 40% do mercado de cervejas nos EUA. Além disso, dominava aproximadamente 30% do market share mundial de cervejas, detendo mais de 500 marcas, como Budweiser e Pepsi, sendo uma companhia presente em vendas em 150 países.
Ambev no Brasil
Já no Brasil, a AB Inbev é a controladora da Ambev (ABEV3), que continua com a marca em operação e a distribuição da AB Inbev nas Américas.
Aliás, a Ambev (ABEV3) é proprietária de 34 rótulos de cerveja, e dona de marcas como Antarctica, Skol, Brahma e Guaraná Antarctica.
Além disso, é a terceira maior, nos atuais valores de mercado na Bolsa de Valores brasileira, avaliada em R$ 228 bilhões. Dessa forma, ficando atrás apenas da Vale (VALE3) e da Petrobrás (PETR3, PETR4).
Quem são os sócios da Ambev?
Entre os sócios controladores da AB Inbev e Ambev (ABEV3) estão Jorge Paulo Lemann, homem mais rico do Brasil. Afinal, ele é dono de um patrimônio, de U$$ 16 bilhões (quase R$ 100 bilhões), segundo a Fortune.
Além de Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira formam o grupo de sócios principais das duas empresas. O trio controla também a 3G Capital, fundo proprietário do Burguer King, da Kraft-Heinz e da Americanas S/A.
Quais são os desafios da Ambev?
Mesmo com tanto dinheiro e expertise, nem sempre os negócios saem como o triunvirato de empresários espera.
SAB Miller
A aquisição da SAB Miller, em 2015, nos Estados Unidos, segunda maior cervejaria do país, por U$$ 100 bilhões teria saído “caro”, nas palavras do próprio Lemann. Negócio que segundo ele, em declarações feitas em 2020, ainda estariam “consertando”.
Mas parece que o problema ainda não foi resolvido. Isso porque, desde a realização da operação, as ações da AB Inbev caíram pela metade. Afinal, em 2015 valiam cerca de U$$ 120 e passaram a U$$ 60,19, na cotação do dia 29 de dezembro de 2022.
Concorrência
Nos últimos anos, outro desafio tem sido enfrentado pela subsidiária Ambev. Contudo, agora dentro de casa: a perda de market share para a Heineken no Brasil.
Além disso, nos últimos sete anos, a cervejaria holandesa subiu de 8% para 20% do espaço nas vendas no país. Outrora dona de cerca de 80% do pedaço, a Ambev (ABEV3) ainda mantém larga vantagem, mas agora com cerca 60% do mercado nacional.
Além da Heineken, o aumento da demanda por cervejas artesanais também vem impactando o espaço da Ambev. Isso porque, até 2015, eram apenas 332 cervejarias artesanais. Já no final de 2021, de acordo com o Anuário da Cerveja, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, eram 1.529.
Nessa batalha contra a Heineken, a aposta nas cervejas de garrafa verde Beck´s, Spaten e Stella Artois tem sido a cartada da Ambev (ABEV3).
Como é a concorrência da Ambev?
Apesar de seu porte, importância no mercado de ações e agressividade de comando, a Ambev tem, sim, fortes concorrentes. E, pois bem, ela vem acompanhando cada passo que eles dão.
Cervejas artesanais
No mercado de bebidas artesanais, em 2015, comprou a Colorado, que é a sua mais forte aposta contra a concorrência desse segmento. Um mercado gigante, aliás, de cifras e em volume. Afinal, o Brasil é o terceiro maior consumidor de cerveja do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e China.
Zé Delivery e Bees
E para vencer a concorrência crescente, outra iniciativa que a Ambev (ABEV3) tem apostado parte de suas fichas é no mercado digital. E este veio mesmo antes da pandemia estourar, em 2020.
A criação do aplicativo de entregas Zé Delivery, em 2016, já atende a 4 milhões de consumidores mensalmente, contando com uma área de cobertura de mais de 300 cidades.
Além disso, a empresa também criou o Bees, aplicativo para bares e restaurantes adquirirem direto com as distribuidoras da cervejaria. Aliás, dentro do aplicativo existe até mesmo um marketplace para outras empresas venderem seus produtos, como a BRF, uma das maiores empresas de alimentos do mundo o faz.
Como é a produção da Ambev?
Dentro desta estrutura grandiosa da Ambev (ABEV3), gigante também foi a produção no último trimestre.
A companhia apresentou volume de 46,3 milhões de hectolitros, alta de 1,3% sobre o mesmo período do ano anterior.
O Ebitda ajustado foi de R$ 5,6 bilhões, alta de 2,4%. Já o lucro líquido foi de R$ 3,215 bilhões no terceiro trimestre de 2022, retração de 13,4% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior.
Vale a pena investir em Ambev (ABEV3)?
Para João Pedro Romar, Head de Alocação da Matriz e Internacional da InvestSmart XP, apesar da queda do lucro líquido no terceiro trimestre, as expectativas são positivas para a Ambev (ABEV3).
“O quarto trimestre da companhia sempre é forte, por conta da sazonalidade, e espera-se que nesse ano também seja”. Assim, para o analista, entre os desafios para 2023 estão vencer a pressão dos custos gerada pela inflação global, principalmente nas commodities.
“Cabe lembrar, a Ambev tomou como estratégia em 2022 absorver esses custos para manter seu market share bem posicionado nacionalmente, sempre é uma estratégia arriscada, mas vem dando frutos”, afirma.
E também para Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil, as perspectivas são boas. “[O ano de] 2023 promete ser um ano mais positivo para a Ambev, com aumento do consumo, redução de custos, e melhora de margem”.
Além disso, ele diz que “a empresa está buscando outras fontes de receitas e canais de distribuição para aumentar também o ticket médio de consumo. A área de análise da XP recomenda a compra de Ambev, sendo ela a Top Pick do setor, e com preço alvo de R$ 18,80 por ação”.
O que dizem os bancos
Já para o BTG Pactual, a expectativa é neutra. “Este foi o primeiro trimestre em muito tempo em que a precificação de cerveja no Brasil não veio a partir de um comprometimento de volume. Isso deve interromper o processo de erosão das margens em 2023, o que por si só é um bom motivo para comemorar”, comenta.
Contudo, em relatório o banco declara que “os resultados mais fracos vindo de outros segmentos tornou o resultado consolidado menos impressionante e, de alguma forma, desafia nossas expectativas de que revisões positivas de lucros elevariam o preço das ações. Com múltiplos mais altos vs os pares e com riscos associados à Argentina e à reforma tributária no Brasil, permanecemos neutros”.
Também para o Itaú BBA a perspectiva é neutra por conta da falta de visibilidade nas operações da companhia nos demais países da América do Sul. O banco tem recomendação neutra para Ambev (ABEV3), com preço-alvo em R$ 18. Há pouco, as ações tinham queda de 0,12%, cotadas em R$ 16,22.
Quando a Ambev (ABEV3) paga em dividendos?
O estatuto social da companhia estipula dividendos obrigatórios mínimos de 40% sobre seu lucro líquido anual ajustado, se houver, conforme apurado de acordo com os IFRS, nas demonstrações financeiras não consolidadas da Companhia.
Em dezembro, a Ambev aprovou a distribuição de juros sobre capital próprio (JCP) no valor de R$ 0,7623 por ação.
Como comprar ações da Ambev(ABEV3)?
As ações da Ambev(ABEV3) são negociadas na B3, a Bolsa de Valores brasileira, e são comercializadas sob o ticker ABEV3.
Portanto, para comprar os papéis você precisa ter conta em corretoras ou distribuidoras de títulos e valores mobiliários cadastradas e autorizadas na B3.
Assim, a negociação pode ser feita de forma eletrônica até mesmo por meio de aplicativos em seu celular.
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