Quais são as melhores cidades do Brasil para investir em imóveis? 

A Inteligência Financeira preparou um ranking dos municípios que mais apresentaram aumento médio de preços nos últimos cinco anos; alta chega a 41%

As vendas de imóveis novos subiram 29,2% entre janeiro e novembro de 2023 em relação ao mesmo período de 2022, segundo a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC). Com o mercado aquecido, identificar bons locais para investir não é uma tarefa fácil. Por isso, a Inteligência Financeira preparou um ranking das melhores cidades para investir em imóveis. 

De acordo com Alison Oliveira, coordenador do índice FipeZap, ao buscar locais para investir, fatores como a renda média da população, oferta de emprego e as atividades econômicas locais são alguns dos mais importantes a serem analisados. 

“É necessário considerar variáveis que estão ligadas intrinsecamente à demanda por moradia”, explica. “Cidades com população em crescimento, economia aquecida, grande oferta de trabalho, e uma renda média alta, certamente são locais que vão ter uma alta demanda por moradia”, emenda o especialista. 

O índice FipeZap é um dos indicadores mais usados para estimar valorização de imóveis em cidades. Calculado desde 2018, o levantamento considera os preços de venda dos imóveis anunciados nos portais do Grupo ZAP. A Inteligência Financeira ranqueou as cidades que mais apresentaram alta de preços nos últimos cinco anos no índice. Veja a lista a seguir: 

Cidades com maior valorização imobiliária nos últimos 5 anos 

CidadeEstadoVariação nominalVariação real
(descontada var. IPCA/IBGE)*
1ItapemaSC+86,35%+41,30%
2Vila VelhaES+82,08%+38,06%
3ItajaíSC+81,65%+37,74%
4Balneário CamboriúSC+80,22%+36,65%
5São JoséSC+74,54%+32,35%
6VitóriaES+68,13%+27,49%
7GoiâniaGO+60,88%+21,99%
8MaceióAL+60,32%+21,56%
9FlorianópolisSC+57,40%+19,35%
10São José dos CamposSP+57,12%+19,14%
Elaboração: Fipe, a partir de dados do Índice FipeZAP. Nota: (*) calculado com base no IPCA/IBGE acumulado de 31,88%

Segundo o índice, das dez cidades com maior alta de preços de venda, sete estão nos estados de Santa Catarina e Espírito Santo. 

Itapema, a cerca de 70 quilômetros de Florianópolis, ficou no topo do ranking, com uma valorização de +41,30%, seguida por Vila Velha, capital capixaba, com +38,06%. O cálculo já considera o desconto da inflação, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). 

Para Alison, coordenador do índice, não é surpresa ver não-capitais figurarem entre as dez mais. “São cidades litorâneas que têm terrenos bastante valorizados e escassos. A medida que a quantidade desses terrenos vai diminuindo, eles vão ficando mais caros”, comenta.

Além disso, o especialista destaca a proximidade de algumas dessas cidades com a capital do estado, o que favorece a possibilidade de deslocamento diário. É o caso de Vila Velha, separada por apenas 12 quilômetros de Vitória e braço portuário importante no estado. 

Alta de preços é sinônimo de boa cidade para investir em imóveis? 

Apesar de terem apresentado crescimento expressivo nos preços de venda, Alison, coordenador do índice FipeZAP, diz que não é possível garantir que o resultado pode ser lido como tendência. Segundo ele, a valorização pode não se repetir nos anos seguintes, uma vez que os preços podem ter se cristalizado. 

“É uma questão fundamentalmente temporal. As cidades que tiveram maiores valorizações podem ser justamente aquelas que estão com preço já muito alto, porque tiveram valorizações seguidas. Então, daqui para frente, elas podem não subir tanto”, afirma. 

Como escolher uma cidade para investir? 

A escolha de uma cidade para investir em imóveis demanda uma análise abrangente. É preciso olhar para parâmetros macroeconômicos, como a taxa de juros, inflação, o crescimento do país, entre outros. 

Como a Selic está em queda, a expectativa é que a pressão sobre o financiamento imobiliário também diminua. Logo, a valorização dos investimentos imobiliários deve atingir mais cidades em diferentes estados. 

Para quem quer investir nos próximos cinco anos, a dica dos especialistas é determinar o ciclo de investimento desejado. Isso porque um bom investimento em imóveis é inerente a prazos longos

“É preciso pensar: ‘por quanto tempo quero manter esse investimento?’ Se serão por cinco, por dez ou por 30 anos e, a partir disso, avaliar os cenários mais prováveis para as variáveis econômicas”, recomenda Alison, da Fipe. 

Para os que pretendem comprar imóvel com financiamento, o especialista alerta: é importante se atentar à volatilidade do mercado ao longo do contrato. O sinal fica mais amarelo em financiamentos de 30 anos. 

“Não basta olhar para a taxa de juros de hoje ou para o preço dos imóveis de hoje. É necessário pensar o que vai acontecer com estes fatores ao longo de todo o ciclo de comprometimento”, argumenta. 

Já para quem quer fazer um investimento de jornada mais curta, como de 5 a 10 anos, essa projeção costuma ser mais assertiva, pondera o economista.  

Lei da oferta e demanda ainda vale 

Por fim, o porta-voz do índice FipeZap dá conselhos sobre como escolher imóveis residenciais para investir. A ideia é escolher casas ou apartamentos que, ao longo dos anos, podem entrar em escassez, seja por localização ou outras características. 

“Quando o imóvel adquirido tem características peculiares, ele acaba se valorizando naturalmente”, comenta o especialista. Para Alison, imóveis em algumas cidades litorâneas podem ser boas opções. 

“Afinal, existirão pessoas buscando esses imóveis e não terão muitas opções. Se elas não têm muitas opções, elas ficam dispostas a pagar mais por esse imóvel”, completa. 

Com edição de Daniel Navas