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Ações ligadas a IA devem continuar subindo nos próximos anos; veja onde investir
Uma série de fotos românticas entre Mark Zuckerberg e Elon Musk ganharam as redes sociais no último fim de semana. Os CEOs da Meta (META) e da Tesla (TSLA34) podem até não ter curtido a brincadeira gerada por Inteligência Artificial (IA), mas não é bem por isso que essas duas letrinhas têm tirado o seu sono.
Os investimentos estelares em IA realizados por ambas as empresas ainda não se traduziram em resultados palpáveis e isso tem incomodado o mercado.
Em seu último balanço, a Meta (META) desagradou analistas ao afirmar que gastará até US$ 40 bilhões com a tecnologia neste ano, bem mais do que o esperado pelos analistas. A reação não demorou e as ações recuaram 15%.
Já a Tesla (TSLA34), que aposta na direção autônoma como um dos chamarizes, amarga perda de 40% em seus papéis no ano. Entre os motivos, está o atraso na entrega de veículos de todas as linhas.
Assim, investidores que querem surfar na onda da IA se dividem entre os que esperam por resultados mais nítidos nos balanços das BigTechs e aqueles que estão prontos para aumentar a posição, mas querem saber qual o melhor caminho.
Investir em Inteligência Artificial
Entre os analistas ouvidos pela Inteligência Financeira, o consenso é de que saber como investir em Inteligência Artificial pode valer a pena. Mas é preciso olhar para o momento de cada empresa, sua capacidade de gerar resultado e balancear o risco. Veja o que eles dizem sobre cada player que pode fazer parte da sua carteira, se ideia for investir em Inteligência Artificial.
O Gemini 1.5, lançado na última semana, deve aumentar as receitas da controladora do Google. “Pesquisa do Morgan Stanley mostrou que 36% dos usuários do Gemini queriam comprar produtos, enquanto apenas 23% dos usuários do Chat GPT tinham essa intenção”, revela Enzo Pacheco, analista da Empiricus Research.
A empresa também promete integrar a tecnologia aos smartphones com Android, sistema líder em número de usuários no mundo, o que “garante uma posição confortável para a empresa no segmento”, emenda Pacheco. “Eu não quero estar fora do Google”, comenta.
A Empicirus mantém recomendação de compra para a Alphabet, apesar de os resultados surpreendentes do último balanço estarem atribuídos, em grande parte, ao serviços de cloud e não nitidamente de fontes ligadas à IA.
A recomendação é endossada por Itaú BBA, que prevê crescimento de 16,3% para a empresa em 3 anos e pelo Bank of America.
Apesar do episódio de queda nas ações ao divulgar seu último balanço, a dona do Facebook, acumula alta de 40% desde janeiro. Em seu relatório, o Bank of America observou que os modelos de IA da empresa “já estão proporcionando maior retorno sobre investimentos (ROI) para os anunciantes”.
Segundo Pacheco, da Empiricus, a Meta (META) não só conseguiu aumentar o número de usuários em 7%, como também incrementou em 20% em número de impressões por anúncio. “Se você consegue fazer anúncios mais assertivos, é possível cobrar mais por essas propagandas”, avalia.
Para o analista, os balanços trimestrais da meta devem refletir com menos nitidez os resultados financeiros gerados a partir dos investimentos em IA. Isso porque o documento não deve trazer uma discriminação sobre a renda de publicidade obtida especificamente com essa tecnologia.
Com recomendação de compra, o BofA destaca que o grupo de Mark Zuckerberg trabalha em um chip de IA próprio, a fim de diminuir sua dependência de fornecedores, como a Nvidia (NVDC34) e a TSM (TSM).
Em recente entrevista à Inteligência Financeira, a CEO da Microsoft no Brasil adiantou a diretriz global da empresa na corrida da IA. Nesta segunda-feira (20), o assistente de tarefas Copilot foi integrado ao Windows e outros produtos da gigante de software, impactando milhões de usuários.
Com o lançamento, os clientes terão assistência de um serviço que processa texto, imagem e som, mas tudo na interface integrada do sistema operacional. Assim, criação de planilhas, emails e apresentações se tornarão tarefas passíveis de automatização.
Já para seus clientes corporativos, a Microsoft (MSFT34) vem oferecendo serviços robustos de armazenamento e processamento de dados em nuvem. Segundo o Bank of America, a empresa investe em um datacenter de US$ 100 bilhões em parceria com a OpenAI.
As ações subiram 12% no ano e a companhia continuará investindo em IA como uma de suas principais verticais. Recentemente, inaugurou em Londres a chamada Microsoft IA, hub dedicado ao tema e que deve concentrar seus projetos na área.
“A ação não está barata. Eles estão negociando a 35 vezes o lucro por ação. Porém, eu prefiro ter [esta ação] na minha carteira, ainda que com uma posição baixa, a não ter”, analisa Enzo Pacheco, da Empiricus.
No fim do mês passado, o Itaú BBA fez recomendação forte de compras para a ação caso o preço chegasse a US$ 360. No momento o papel é negociado a US$ 428.
Dentre as BigTechs que figuram no rali da Inteligência Artificial, a Apple (AAPL34) é a única que ainda não fez um pronunciamento oficial sobre seus investimentos. No entanto, fortes rumores apontam para o lançamento de um iPhone com automatizações inovadoras.
No relatório em que manteve recomendação de compra para as ações da companhia, o BofA informou que negociações com o Google podem resultar em uma integração do Gemini nos iPhones.
Caso a previsão se confirme, investidores devem ter um alento para a expectativa por uma inovação significante nos smartphones da maçã, até então sem novidades há anos. No início do mês, o Itaú BBA elevou a recomendação para a ação da Apple (AAPL34), de ‘abaixo da média’ para ‘em linha com o mercado’.
O que não vem desapontando, em contrapartida, são os resultados da vertical de serviços, tanto para pessoas físicas como jurídicas.
“As pessoas que têm iPhone se sentem parte de um culto e dificilmente trocam de marca”, analiza Pacheco, da Empiricus. “Ao oferecer serviços para essas pessoas a Apple (AAPL34) fideliza e tem uma vertica altamente lucrativa, com receitas na casa dos US$ 20 bilhões”.
O analista admite que a ação está cara, mas mantém o papel na carteira recomendada da casa de investimentos.
“A empresa negocia a 28 vezes o lucro por ação. Talvez esse patamar não seja o preço mais atrativo. Mas eu prefiro correr o risco mesmo com uma posição pequena e ter essa ação na carteira”, diz.
Em relatório publicado no final de abril, o Bank of America manteve recomendação de compra para a montadora mais valiosa do mundo. Um dos motivos para o aval foi a suposta aprovação da empresa pelo governo da China para a comercialização de carros com condução autônoma.
A informação sobre a liberação chinesa à venda destes veículos localmente veio do The Wall Street Journal. O BofA lembra que o país é o maior mercado para carros zero quilômetro no mundo. O banco projeta renda de US$ 2,3 bilhões em 2030 para a TSLA no mercado chinês em 2030.
Ainda sobre o mercado de Xi Jinping, o BofA afirma em seu relatório: “A TSLA revitalizou a narrativa de crescimento do 1T:24 . Além disso, vemos catalisadores de curto prazo para as ações, incluindo esta notícia, bem como o evento Robotaxi de agosto e o lançamento de um novo produto no início de 2025”.
Se existe uma onda nos investimentos ligados a IA, é impossível dizer que a Nvidia (NVDC34) não está na crista.
Na visão dos analistas, o risco de a empresa perder seus 92% no mercado de GPUs para data centers (de acordo com a IoT Analytics), deve se manter baixo pelos próximos anos. Assim, mesmo que seu concorrentes como TSM (TSM) e AMD (A1MD34), possuam chips similares, ela ainda deve ser a maior beneficiada pela corrida do mercado de IA.
“Mesmo que os concorrentes avancem, não sabemos se a tecnologia deles terá a mesma qualidade e a mesma funcionalidade dos produtos da Nvidia”, diz Enzo Pacheco, da Empiricus.
Para o administrador de empresas, a companhia que também fabrica placas de vídeo e outros componentes, se manterá com ações em alta. Contudo, o preço dos papéis é barreira de entrada significante para novos investidores no momento. Com a nova alta, o preço gira em US$ 939 nesta terça (22).
Como investir em Inteligência Artificial: oportunidades
Com preços altos, as ações de empresas ligadas a IA desafiam o bolso do investidor brasileiro, que não vê opções razoáveis por aqui. No entanto, há oportunidades que merecem destaque e que ainda são pouco exploradas.
Samuel Fronza, especialista em investimentos da Ável, afirma que a Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC) e a Arista Networks (ANET), são dois papéis para ficar de olho.
A primeira é considerada a maior fabricante de chips para IA do mundo. Frequentemente preterida pelos investidores devido à sua posição geográfica e risco político em relação a China, a TSMC pode ser um bom papel alternativo a Nvidia. A ação é negociada US$ 154.97.
Já a Arista, menos conhecida, se dedica ao armazenamento e processamento de dados em nuvem. O serviço é crucial para qualquer empresa que deseje trabalhar com IA.
“A gente está olhando para ela porque é uma empresa que tem um tamanho ainda relativamente bem menor que a Microsoft (MSFT34) e IBM (IBMB34), por exemplo. Então ela vem com múltiplos muito atrativos, com potencial de crescimento muito maior”, avalia Fronza.
O analista pondera para empresas que não considera bom negócio no momento, como a AMD (A1MD34) e a Intel (ITLC34). “São empresas com preço alto e margem muito apertada”, completa.
Por que (não) investir em IA
Analistas parecem ter certeza de que ações ligadas a IA são lucrativas. Mas ainda há algo que incomoda: poucos deles entendem como essa tecnologia funciona, e isso assusta.
No encontro anual da Berkshire (BERK34), Warren Buffett admitiu que é um destes leigos, indicando aversão a estes papéis. Chegou a comparar o poder da inteligência artificial a uma bomba atômica.
Até recém-contratado CEO da Microsoft IA concorda. Mustafa Suleyman diz que se trata de “algo que todo mundo tem dificuldade para descrever” e também entender. Mas para o executivo a evolução desta tecnologia é um caminho sem volta.
“IA não é apenas mais uma invenção. A própria IA é um inventor infinito”, definiu Suleyman durante um evento em Vancouver.
E emendou uma previsão. “Se a IA concretizar apenas uma fracção do seu potencial, a próxima década será a mais produtiva da história da humanidade.”
Com edição de Daniel Navas
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