Quanto renderam as ações da Microsoft em 1 ano? E nos últimos 5 anos?

Especialista avalia se episódio envolvendo a OpenAI afeta o futuro dos papéis

As ações da Microsoft na bolsa norte-americana – e mesmo seus BDRs (MSFT34) no Brasil – operaram em alta após reviravolta envolvendo a saída e rápido retorno de Sam Altman ao cargo de CEO da OpenAI, startup criadora do ChatGPT.

Altman foi um dos fundadores da OpenAI em 2015, junto a Elon Musk, Greg Brockman e Ilya Sutskever, entre outras pessoas, que tinham o objetivo de desenvolver Inteligência Artificial (IA) de forma segura, benéfica e disponível para todos. Anos depois, em 2022, nasceria o ChatGPT. Mas, primeiro, vamos entender toda essa história.

Quem é e o que aconteceu com Sam Altman?

Mas o conflito começou no dia 17 de novembro, com a demissão surpresa de Sam Altman pelo Conselho de Administração da OpenAI, entre as justificativas estava “falta de sinceridade de Altman com a diretoria”. Porém, segundo alguns agentes de mercado os motivos seriam discrepâncias sobre desenvolver IA de forma mais “agressiva”.

A postura do Conselho da OpenAI não considerou a opinião dos principais acionistas da empresa. Entre eles está a Microsoft (MSFT34), que tem 49% de participação, após investir US$ 10 bilhões na startup.

“O CEO da Microsoft, Satya Nadella, ficou indignado. Aquela demissão causou um rebuliço muito grande no mercado e no X (antigo Twitter)“, lembra Renato Nobile, gestor e analista da Buena Vista Capital.

Com a agitação, muitos se mobilizaram para fazer convites para Altman e na tentativa de evitar este movimento. Assim, a Microsoft (MSFT34) chamou ele no domingo (19) para liderar uma equipe de pesquisa em IA na companhia. Além dele, Greg Brockman – que também perdeu o cargo no conselho e pediu demissão da OpenAI – retornou ao projeto.

Debandada dos funcionários

Contudo, os mais de 700 funcionários da OpenAI não estavam nada contentes com a postura do Conselho e ameaçaram deixar a empresa caso Altman não retornasse ao cargo de CEO.

Foi graças à pressão, que os principais investidores conseguiram costurar um acordo no qual foram reformulados alguns cargos do conselho.

Isso trouxe novos diretores, como Larry Summers, ex-secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Bret Taylor, ex-CEO da Salesforce, na presidência, e Adam D’Angelo, membro do atual conselho da OpenAI e CEO da plataforma Quora.

Sam Altman retornou para OpenAI como CEO, junto a Greg Brockman.

Segundo Nobile, as ações da Microsoft (MSFT34) sentiram a turbulência, mas com os movimentos feitos retomaram a tendência de alta.

O que é MSFT34?

No exterior, as ações da Microsoft estão na bolsa na Nasdaq, com o código MSFT. Mas é possível investir nelas a partir da bolsa brasileira por meio dos BDRs (Brazilian Depositary Receipt), negociados com o código MSFT34. Estes representam 1/24 de uma ação da Microsoft.

Os BDRs são uma espécie de recibos de ações, desta forma é como se você estivesse investindo em um pedaço da Microsoft. E eles contam com a variável câmbio atrelada à rentabilidade.

Quanto renderam R$ 1 mil em MSFT34 em 1 ano?

Segundo Fábio Sobreira, analista da Harami Research, no último ano, R$ 1 mil de ações da Microsoft investidos nos BDRs da Microsoft (MSFT34) se transformaram em R$ 1.421,94, um retorno total (com dividendos e valorização) de 42,19%.

Já para quem prefere olhar apenas os dividendos, Sobreira destaca que em um ano, o investidor teria recebido R$ 7,20 em proventos, um retorno de 0,72% com MSFT34 – até o dia 27 de novembro.

E quanto renderam ações da Microsoft nos últimos 5 anos?

Já observado um horizonte de 5 anos, os mesmos R$ 1 mil em ações da Microsoft teriam virado R$ 4.361,88, uma rentabilidade de 336,19% – considerando valorização e proventos.

Em termos de dividendos, a valorização foi de 7,16% (até o dia 27 de novembro) e o acionista recebeu proventos no valor de R$ 71,58, se tivesse investido R$ 1 mil há 5 anos.

De acordo com Sobreira, a rentabilidade dos dividendos não costuma ser alta. Isso porque as companhias reinvestem a geração de caixa ou recompram suas ações.

Por outro lado, as empresas brasileiras distribuem proventos, até porque aqui a cultura de dividendos é mais enraizada.

O que esperar das ações da Microsoft (MSFT34)?

Para Renato Nobile, da Buena Vista, a Microsoft é uma empresa que vem se reinventando no mercado de tecnologia há vários anos. Isso ve acontecendo desde quando a principal fonte de receita era o Office e passou a ser o cloud (serviços em nuvem).

“Tenho a absoluta convicção que IA será a divisão mais relevante da Microsoft dentro de 5 anos”, afirma. Por este motivo, Nobile defende que MSFT34 é um ativo bom para se ter no portfólio.

Fábio Sobreira, da Harami Research, também espera um desempenho positivo para as ações da Microsoft (MSFT34) no curto prazo.

De acordo com ele, os papéis devem valorizar de maneira mais robusta e eficaz entre a companhia e a OpenAI, sob a liderança de Altman.

É hora de investir em ações da Microsoft (MSFT34)?

Nobile acredita que é uma boa hora para investir em ações da Microsoft (MSFT34). Para ele, a companhia já se consolidou, tem margens elevadas e ROE (Retorno Sobre Patrimônio Líquido) de cerca de 30%.

Ele destaca que a empresa é uma das líderes em cloud junto com a Amazon e que nos próximos dois anos deve investir na integração do ChatGPT dentro dos aplicativos de produtividade da Microsoft. “É um projeto chamado de Copilot, que vai integrar o ChatGPT dentro do Outlook, Excel, Word, Teams. Tem fila de espera de contratação porque eleva a produtividade das empresas e dos profissionais”, comenta.

Nobile está otimista, apesar da alta recente dos papéis MSFT34. Ele enxerga que a divisão de IA deve se tornar a mais relevante da empresa nos próximos anos.

Atenção ao juros altos

Embora as ações da Microsoft (MSFT34) tenham passado ilesas, André Tavares, analista de global equities do Hub do Investidor, acredita que talvez esta não seja a melhor hora de investir na companhia.

O motivo é o free cash flow yield – fluxo de caixa livre por ação. A métrica avalia a geração de caixa de uma companhia. No caso da Microsoft, ela está em 2,1%, o que segundo Tavares, seria desanimador em um cenário de juros elevados.

Apesar disso, o analista projeta que a Microsoft (MSFT34) encerre 2023 com lucro líquido de US$ 73 bilhões e receita líquida de US$ 212 bilhões.