Irmãos Batista da JBS (JBSS3) aceitam pagar R$ 15,5 mi e CVM encerra processo sobre Bertin

Acordo refere-se a caso de 2009, quando a incorporação da Bertin deu origem à maior empresa de carne bovina do mundo

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) anunciou nesta quarta-feira (8) que aceitou proposta de acordo de R$ 20 milhões dos irmãos Batista para encerrar processo que investigava possível fraude envolvendo a JBS (JBSS3).

Joesley e Wesley Batista, da família controladora da JBS, pagarão R$ 7,75 milhões cada, totalizando R$ 15,5 milhões. Ou cerca de 80% do total.

A decisão refere-se a um caso de 2009, na incorporação da Bertin pela JBS, que deu origem ao que é hoje a maior empresa da carne bovina do mundo.

Até então, os acionistas da Bertin eram a Bracol e a BNDESPar.

Durante a incorporação pela JBS, surgiu a Blessed Holdings, veículo de investimentos constituído nos Estados Unidos.

JBS (JBSS3): detalhes do processo

A CVM abriu processo para investigar os verdadeiros donos da Blessed em meio à suspeita de que ela era instrumento dos irmãos Batista.

O inquérito concluiu que os valores pagos à Bracol pela Blessed mostraram que o preço atribuído à Bertin foi muito superior ao valor real da companhia.

Assim, a operação teria prejudicado os acionistas minoritários da Bertin.

A suspeita de que a Blessed pertencia à família Batista se confirmou com as declarações de Joesley ao Ministério Público Federal.

Os acusados apresentaram propostas de termo de compromisso em 2023, mas o Comitê de Termo de Compromisso da CVM o rejeitou.

Na diretoria do colegiado, porém, a decisão para aceitar a proposta foi unânime.

O argumento foi que o valor do acordo supera substancialmente o histórico da CVM para casos dessa natureza.

Além disso, os fatos investigados são de data anterior a mudanças na regulação que deram maior poder à CVM.

Com o acordo, o processo é extinto e não há assunção de culpa.

Na B3, JBSS3 tinha alta de cerca de 1% por volta de 13h desta quarta-feira (horário de Brasília). Enquanto isso, o Ibovespa cedia 0,1%.

A reportagem da Inteligência Financeira entrou em contato com a JBS para que a empresa comentasse a decisão. Não houve resposta até o momento da publicação. O espaço permanece aberto.