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Ações argentinas, que renderam mais de 100% em 2024, podem repetir a dose neste ano?

Depois de surpreender o mundo e entregar um ano mágico para os investidores, as ações argentinas têm chances de repetir a dose?

Depois de surpreender o mundo e entregar um ano mágico para os investidores, as ações argentinas têm chances de repetir a dose em 2025. Mas, para um especialista no assunto, é preciso cautela com a renda variável no país de Javier Milei.

Em entrevista ao PodInvestir, podcast original da Inteligência Financeira, Nicolas Poletti, cofundador da asset binacional Fundamenta, com sedes na Argentina e no Uruguai, falou das oportunidades no país de 46 milhões de habitantes. Mas também dos riscos de um mercado que já deu inúmeros exemplos de altíssima volatilidade.

“Quando as coisas dão certo (na Argentina), especificamente em situações como a que existia no começo do ano (passado), o upside é gigantesco. O problema é que você não pode olhar só quando o cenário dá certo. Como eu sempre gosto de dizer, você não perde dinheiro na Argentina. você quebra”, alerta Poletti.

Então, a entrevista completa de Nicolas Poletti, da Fundamenta Capital, ao PodInvestir já está disponível no Spotify. Ou no YouTube, neste link. O podcast também está nos principais tocadores de áudio e vídeo do mercado.

Ações argentinas viveram ano mágico

Com R$ 2,7 bilhões sob gestão, Poletti já trabalhou com Javier Milei no mercado financeiro. E também está rindo de orelha a orelha com o retorno das ações argentinas no ano passado.

O S&P Merval, principal índice da bolsa argentina, encerrou 2024 com alta de 100%. Isso, contra os 25,5% do S&P 500, aquele composto pelas chamadas 7 Magníficas (Apple, Microsoft, Alphabet, Amazon, Nvidia, Meta e Tesla).

“No começo do ano passado, a gente tinha 10% do fundo em ações argentinas”, conta Nicolas Poletti. Para ele, passado o primeiro semestre, estava claro que o país estava no caminho certo. E ele praticamente dobrou a aposta.

“Aumentamos nossa posição e chegamos a ter perto de 18% do fundo em equity (ações de empresas argentinas)”, conta.

Vale a pena investir na Argentina em 2025?

Mas, neste começo de 2025, o gestor argentino se diz mais cauteloso. O mercado correu para comprar ações de empresas argentinas nos seus principais setores, o de energia elétrica, de combustíveis fósseis e de bancos. Segundo ele, o risco aumentou.

O presidente da Argentina, Javier Milei. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

“Em novembro, dezembro, as coisas andaram muito forte e muita coisa (muita ação) começou a bater o nosso preço de realização”, conta. Ele reduziu sua participação em ações argentinas para a casa dos 10%. E balanceou o risco.

“Em termos de alocação por setor, essa alocação que a gente tinha em energia (empresas de petróleo) foi zerada”, afirma Nicolas Poletti.

Outro setor que ele tirou o pé foi o de energia elétrica. “Também foi diminuída. Não foi completamente zerada, mas foi diminuída”, diz.

Aposta em ações argentinas do setor bancário

Dessa forma, segundo ele as oportunidades ainda se mostram claras no segmento de bancos, onde a Fundamenta permanece comprada. E por dois fatores. O primeiro, que não se fala mais sobre dolarização ou fechamento de banco central no país. E, segundo, também pelo potencial de crescimento, sobretudo no mercado de crédito privado.

A volume atualmente financiado pela iniciativa privada na Argentina representa cerca de 6% do PIB local. “O crescimento potencial em termos reais (das ações argentinas bancárias) é muito alto. Só com o Macri (Mauricio Macro, ex-presidente argentino) chegou a bater 15% (do PIB). Mas seria normal 30%. Então, ainda tem algum fôlego aí”, afirma.

A Argentina tem quatro bancos com ações negociadas em Nova York e um na bolsa argentina. São eles o Grupo Supervielle (SUPV), Banco Macro (BMA), BBVA Argentina e Grupo Financeiro Galicia (GGAL). O Banco Patagonia (BPAT) é o único com ações na bolsa argentina.

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