Deciframos o ROIC, um dos índices mais importantes para o investidor

O Retorno sobre o Capital Investido é usado para avaliar o desempenho das empresas

Existem diversos índices usados pelos investidores para analisar as empresas e identificar se a companhia faz ou não sentido para ter em carteira. E um desses indicadores é o ROIC (Return on Invested Capital), ou Retorno sobre o Capital Investido.

“O ROIC é uma métrica financeira usada na análise fundamentalista para avaliar a eficiência de uma empresa, que utiliza o capital para gerar retornos. Funciona como um indicador da capacidade da companhia em obter lucros a partir do capital investido nela”, explica Wanessa Guimarães, sócia da HCI Invest e planejadora CFP pela Planejar.

O ROIC, então, mede o retorno operacional gerado pela empresa em relação ao capital total investido, tanto por acionistas (patrimônio líquido) quanto por credores (dívidas).

“Se o Retorno sobre o Capital Investido for maior do que o custo do capital, indica que a empresa está gerando retornos superiores aos custos associados ao financiamento de suas operações”, conta a planejadora.

Para que serve o ROIC?

Desse modo, então, o cálculo do Retorno sobre o Capital Investido é acompanhado por investidores, gestores e analistas financeiros. “Afinal de contas, o ROIC serve como subsídio importante para a tomada de decisões de investimento e para a análise de desempenho”, argumenta Alex Nery, professor da FIA Business School

E o cálculo possui várias outras finalidades importantes. Veja só!

  • Avaliação da eficiência operacional: o ROIC ajuda a avaliar quão eficientemente uma empresa está utilizando seu capital para gerar lucros. “Isso é crucial para entender a saúde financeira e a eficácia das operações da empresa”, pontua Wanessa.
  • Comparação com o custo de capital: ao comparar o ROIC com o custo do capital da empresa, os investidores podem determinar se a companhia está gerando retornos que excedem os custos associados ao financiamento de suas operações. “Isso é essencial para os investidores, pois indica se a empresa está criando valor para os acionistas”, afirma a planejadora financeira.
  • Monitoramento do desempenho: o ROIC também é usado para monitorar o desempenho ao longo do tempo. Desse modo, os investidores podem acompanhar as mudanças no ROIC para avaliar a eficácia das estratégias de gestão e as tendências operacionais da empresa.

Como calcular o Retorno Sobre o Capital Investido (ROIC)?

De acordo com Rafael Silva, assessor de investimentos do Grupo Fractal, a fórmula é o NOPLAT – ou Lucro Operacional (EBIT) menos impostos dividido pelo capital investido.

O especialista dá um exemplo de como calcular o ROIC a partir de uma empresa que possui um capital de terceiros no valor de R$ 1,8 milhão e um capital próprio no valor de R$ 1,2 milhão. Seu EBIT foi de R$ 500 mil, com a alíquota de imposto no valor de 34%. Ou seja, R$ 330 mil líquidos.

Portanto:

  • NOPLAT: R$ 330 mil
  • Capital Investido = R$ 1,8 milhão + R$ 1,2 milhão = R$ 3 milhões
  • ROIC = R$ 330 mil (NOPLAT ou EBIT) / 3 milhões (Capital Investido) = 0,11

“Nesse caso, o ROIC desta empresa é de 11%”, calcula o profissional.

Como interpretar o índice?

E, assim, a métrica é um indicador do tipo “quanto maior, melhor”.

“Então, um ROIC elevado significa que o desempenho da empresa em suas operações é bom. Porém, deve-se levar em conta o segmento que a companhia atua. Pode ser que mesmo com um ROIC elevado, a empresa se encontre abaixo dos outros players do setor”, pontua Alexandre Pletes, head de renda variável da Faz Capital.

Por outro lado, um ROIC baixo traz um ponto de atenção, principalmente quando a empresa é muito alavancada, onde a capacidade de retorno do capital pelas operações da empresa é incapaz de cobrir o custo da dívida.

Vantagens e desvantagens do ROIC

Os lados positivos do Retorno sobre o Capital Investido são:

  • Excelente indicador para se comparar dentro do mesmo setor; 
  • Leva em consideração o lucro operacional, o que reduz a influência de eventos extraordinários no resultado financeiro, conferindo maior robustez à análise da performance da empresa;
  • Auxilia na identificação de geração de riqueza da empresa.

Já o lado nem tão positivo do índice envolvem as seguintes questões:

  • Se utilizado de forma isolada, pode gerar informações incompletas;
  • Não é recomendado a utilização para avaliação de empresas em setores diferentes;
  • Não indica a composição da estrutura de dívida da empresa, ocultando a informação de possíveis alavancagens.

Qual a diferença entre ROIC, ROI e ROE?

E, por fim, vale conhecer um pouco a distinção entre essas três métricas que avaliam os elementos do balanço patrimonial. O ROIC, claro, você já está bastante por dentro. Confira, então, os outros dois índices.

ROI (Retorno sobre o Investimento):

Essa métrica avalia o retorno financeiro de um investimento específico. “O ROI é mais comumente utilizado para avaliar o desempenho de projetos, iniciativas ou investimentos individuais”, explica Wanessa Guimarães.

A fórmula para calcular o ROI é: Ganho do Investimento – Custo do Investimento / Custo do Investimento.

ROE (Retorno sobre o Patrimônio Líquido):

Esse índice mede a capacidade de uma empresa em gerar lucros em relação ao patrimônio líquido dos acionistas. “O ROE se concentra exclusivamente nos recursos próprios da empresa, excluindo a dívida”, conta a especialista

E a fórmula é: Lucro Líquido / Patrimônio Líquido.

“Enquanto o ROIC e o ROE avaliam a eficiência e a rentabilidade da empresa em relação ao capital investido, o ROI se concentra em retornos específicos de investimentos individuais, projetos ou iniciativas”, compara a Wanessa.

Além disso, vale aqui um alerta final.

“O ROIC é uma ferramenta importante para avaliar a eficiência e a rentabilidade de uma empresa. Mas deve ser utilizado em conjunto com outras métricas, índices (de liquidez, atividade, endividamento e mercado) e análises para uma avaliação completa do desempenho financeiro e do potencial de investimento”, finaliza Alex Nery.