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Dólar, criptomoedas, ações, títulos públicos ou privados: quais foram os piores investimentos em 2023?
Quais foram os piores investimentos de 2023? Fundos, ações, poupança, títulos públicos ou privados? De acordo com quatro especialistas — Einar Rivero, consultor de dados do mercado financeiro da Elos Ayta Consultoria; Erica Santos, coordenadora comercial da Nova Futura Private; Jaqueline Kist, especialista em mercado de capitais e sócia da Matriz Capital e Volnei Eyng, economista e Ceo da Multiplike, — o pior investimento de 2023 foi o dólar.
Ou seja, quem apostou que a moeda norte-americana se valorizaria ante o real neste ano perdeu dinheiro. Em 2022, o dólar PTAX teve uma queda acumulada de 7,21% no ano. Se considerarmos a cotação do dólar comercial, a queda foi ainda maior, de 8,08% no ano.
“2023 foi um ano de incertezas e mudança de cenários; tivemos alguns meses em que a renda variável teve o resultado ruim e outros foi bem. Alguns fundos, principalmente multimercados, também não tiveram o retorno esperado. Mas podemos destacar como desempenho negativo o dólar, que caminha para fechar 2023 com queda de mais de 7%”, avalia Erica Santos, coordenadora comercial da Nova Futura Private.
Ranking dos Investimentos 2023
Segundo levantamento de Einar Rivero, o ranking dos investimentos em 2023 ficou assim:
Como se vê, os piores investimentos foram dólar, seguido de ouro, euro, poupança e o IHFA, o Índice de Hedge Funds Anbima, produtos que, no Brasil, se assemelham aos fundos multimercado de gestão ativa, segundo a Anbima.
Por outro lado, na ponta vencedora, bitcoin, ações e renda fixa se valorizaram. Veja quais foram os melhores investimentos de 2023.
Por que o dólar foi o pior investimento do ano?
Mesmo com duas guerras em curso, o que, em tese, levaria a moeda americana a se valorizar, já que é um ativo para o qual os investidores correm quando buscam segurança, as projeções do dólar têm caído.
A principal razão para esse fenômeno, segundo os analistas, é a expectativa de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) pode dar início ao corte da taxa de juros do país já a partir do primeiro semestre de 2024.
Isso ocorre porque os juros mais baixos servem de incentivo a que os investidores busquem ativos de risco (como mercados de ações e títulos públicos de países emergentes), a fim de tentar obter retornos maiores.
Para Volnei Eyng, a queda do dólar também pode ser atribuída às condições econômicas e inflacionárias nos EUA. “O Índice de Preços ao Consumidor (CPI) de dezembro registrou um aumento de 3,1%, um valor atípico em comparação com os padrões anteriores dos Estados Unidos.”
Para Jaqueline Kist, o desempenho negativo do dólar em 2023 não é razão para que o investidor descarte este ativo como parte da estratégia de diversificação.
“Ainda que não tenha tido uma performance interessante do ponto de vista do investimento em 2023, o dólar continua a ser a moeda global mais forte, e por isso é interessante que esteja presente na carteira como proteção, sempre em um percentual controlado”.
Fundos de renda fixa e crédito privado
O fundo de crédito privado foi outro segmento que mereceu entrar para a lista dos piores investimentos de 2023, segundo Volnei e Jaqueline.
Nos primeiros meses do ano, a crise de crédito da Americanas e da Light gerou um estresse de crédito no mercado em geral. Isso provocou uma grande quantidade de resgates nos fundos de renda fixa, principalmente aqueles que detinham esses papéis. Assim, muitos fundos tiveram resultados abaixo do CDI, resultando inclusive em cotas negativas, afirma o economista Volnei Eyng, Ceo da Multiplike.
Jaqueline Kist, especialista em mercado de capitais e sócia da Matriz Capital, explica que, como esses fundos operam com papéis que têm vencimentos geralmente longos, em torno de cinco ou dez anos, quando há necessidade de fazer um resgate antecipado, é preciso calcular o preço a valor presente.
“Isso causa um impacto muito grande no preço e o fundo toma um deságio muito grande, porque precisa vender rápido ativos com vencimento muito longo. Isso acabou prejudicando muito os fundos e os cotistas perderam no valor da cota. Muitos fundos ainda não conseguiram se recuperar.”
Para se precaver de movimentos como esse, ela diz que, ao investir nesse tipo de ativos, é melhor optar por fundos com liquidez menor, com prazos maiores de resgate, como 30 ou até 90 dias. “como D+30 ou até D+90. “Isso porque eles têm menos incentivos em uma corrida de resgate do que fundos mais líquidos, com prazo de resgate em D+0 ou D+1”, explica.
Ações de varejo
Enquanto o Ibovespa tenha terminado o ano em nível recorde, o mesmo não aconteceu com as ações de varejo, que também figuram na lista dos piores investimentos em 2023, aponta Jaqueline Kist.
Levantamento de Einar Rivero feito a pedido da Inteligência Financeira não deixa dúvidas quanto a isso:
Como se vê, além das ações das Americanas (AMER3), que caíram 90,57% em 2023, todas as grandes varejistas tiveram amargaram quedas. Kist explica que esses papéis caíram por uma conjunção de fatores negativos: questões de inadimplência, baixo consumo, restrição de crédito. “Com isso, essas ações foram muito prejudicadas”, diz.
Ela acredita que essa queda abre um espaço “muito interessante” para que os investidores se posicionem em alguns desses ativos para 2024. “Existem bons papéis e é preciso fazer uma seleção criteriosa de quais as ações de varejo que são interessantes, porque este é um setor bem volátil. Mas é justamente um setor que tende a se recuperar muito bem no ano que vem”, diz.
Fundos multimercados
Outro ativo que sofreu em 2023 e foi para a lista dos piores investimentos foram os fundos multimercados. De acordo com Jaqueline, esta classe não teve uma performance tão interessante por conta do cenário de aversão ao risco.
“Como a renda fixa global esteve atraente em 2023, com muitos investidores indo para a renda fixa americana, os fundos multimercados acabaram perdendo cotistas”, diz.
Ouro
Segundo na lista dos piores investimentos de 2023, o ouro, como o dólar, costuma valorizar-se globalmente em momentos de incertezas geopolíticas e conflitos internacionais. Por isso mesmo, com o dólar caindo, o ativo também sofreu. “Uma vez que o preço do ouro é cotado em dólares, ele teve desempenho correlacionado à moeda e caiu também”, explica Volnei Eyng.
Aliás, na entrevista abaixo, você vai saber o que levar em consideração, caso queira investir em ouro:
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