FIIs e Fiagros têm 2025 difícil pela frente com Selic alta e incertezas sobre tributação
Investidores em fundos imobiliário (FII) e em fundos do agronegócio (Fiagros) têm um cenário difícil para 2025, segundo profissionais do mercado.
O nível de preocupação cresceu fortemente na semana passada após o presidente Lula sancionar a primeira etapa da reforma tributária.
O texto traz consigo mudanças importantes para ambos os produtos de investimento. Na prática, os dois serão sujeitos a novos impostos.
Assim, tanto FIIs como Fiagros terão de pagar os novos impostos: a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS). Pelo texto, a mudança valeria a partir de 2026.
Os ganhos dos investidores pessoas físicas nesses produtos seguirão isentos de Imposto de Renda (IR).
Porém, se os novos impostos realmente entrarem em vigor, a base de lucros tenderia a diminuir em cerca de 10%.
Segundo especialistas, os chamados fundos de tijolo, aqueles que investem diretamente em imóveis, devem ser os mais afetados.
Enquanto isso, não está claro se haverá essa tributação também sobre os chamados fundos de papel e os fundos de fundos.
Embora setores da economia estejam pressionando o Congresso Nacional para reverter essa decisão, representantes do mercado já veem impactos negativos.
“Isso deve ser bastante prejudicial para a indústria (de fundos)”, disse nesta quarta-feira (22) o presidente do comitê de mercado de capitais da Anbima, Guilherme Maranhão.
FIIs e Fiagros perdem força no mercado
A questão tributária amplia o pessimismo em relação a produtos que já vêm perdendo atratividade, dado o cenário de juros em elevação e de problemas setoriais, como o do agronegócio sobre os Fiagros.
Em 2024, por exemplo, as emissões de Fiagros somaram R$ 4,84 bilhões, queda de 45% em relação a 2023, segundo a Anbima.
Enquanto isso, as captações com certificados de recebíveis do agronegócio (CRA) encolheram em 4,7% na mesma comparação, a R$ 41,3 bilhões.
Foram as duas únicas classes que tiveram queda em novos papéis no ano passado.
Já os FIIs (46%) e os certificados de recebíveis imobiliários (CRIs), com +23,4% sobre 2023, também evoluíram muito menos dos que as debêntures (+100%) e os Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs), com +86%.
Segundo Maranhão, mesmo que o Congresso consiga derrubar a tributação sobre os fundos, o cenário para FIIs não é bom.
“A alta dos juros tende a diminuir o interesse”, disse ele. “O mundo ficou um pouco mais difícil para o mundo imobiliário”, acrescentou.
Espelhando esse cenário, o Ifix, índice da B3 que mede o desempenho das cotações dos fundos imobiliários, acumula queda de 3% em 2025 até esta quarta-feira.
Já nos últimos 12 meses, a redução do Ifix é de 9,5%.
Na mesma direção, o Iagro, índice da bolsa para empresas do agronegócio, perde 2,66% neste ano e 10% nos últimos 12 meses.
Preocupação também para os FIDCs
Além de FIIs e Fiagros, outra preocupação de especialistas do mercado é com a possível incidência de CBS e IBS sobre os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs).
Então, segundo o economista Walter H. Fritzke, da Martinelli Advogados, a possibilidade dessa taxação também pode impactar fortemente a rentabilidade desses fundos.
Segundo ele, num fundo hoje que paga a variação do CDI mais 2%, por exemplo, o rendimento líquido cairia a um patamar inferior aos investimentos em renda fixa.
Além do impacto para o investidor, a taxação também pode reverter a trajetória de redução das taxas de juros para quem capta com FDIC, projeta o especialista.
Assim, de acordo com o economista os custos com esse tipo de captação diminuíram 63% de 2007 a 2024.
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