É possível (e vale a pena) investir em ativos russos no Brasil?

Especialistas recomendam esperar os próximos acontecimentos na guerra entre Rússia e Ucrânia

A guerra entre Rússia e Ucrânia tem afetado investimentos do mundo todo. Desde o dia 28 de fevereiro, a Bolsa de Moscou permanece fechada. As operações foram suspensas depois que a Rússia sofreu uma série de sanções econômicas do Ocidente. Em paralelo, os papéis da Gazprom, principal empresa de petróleo do país, despencaram. Já o VanEck Russia, maior ETF listado nos EUA baseado em ações russas, caiu 30% no dia 28 de fevereiro. 

Com a desvalorização dos ativos, você pode ter se perguntado: é possível e vale a pena investir na Rússia neste momento? Por aqui, a única maneira de fazer isso é pela B3, por meio do BERU39, trazido ao Brasil pela BlackRock em setembro do ano passado. O BERU39 – Ishares Msci Russia é um BDR de ETF que segue o índice MSCI Russia 25/50.

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“Para investir, só é preciso ter uma conta na B3 e fazer a compra do ativo. O processo é semelhante ao de comprar uma ação na Bolsa brasileira”, explica Daniel Alberini, economista, gestor de fundos e sócio-fundador da CTM Investimentos.

O BERU39 é um “espelho” do ERUS, um ETF do Morgan Stanley Capital International que replica os resultados das principais empresas russas — as mesmas que formam o MOEX, índice da Bolsa de Valores da Rússia. Em meio à guerra, o ERUS acumulou forte queda e, por consequência, o BERU39 também. Na quinta-feira (3), a desvalorização foi de 28,2%. 

Esse é um bom momento para investir na Rússia?

Quem pensa em investir na Rússia pela Bolsa brasileira, na tentativa de aproveitar esse momento de queda impulsionada pela guerra, terá que esperar. Nesta sexta-feira (4), a B3 anunciou a suspensão das negociações do BERU39, seguindo a suspensão temporária do ERUS, estabelecida pela Bolsa de Nova York. “Existe um risco nesse momento de comprar ativos russos. No caso do BERU39, há um país no meio do caminho, que é o Estados Unidos. Você compra em reais um espelho que é negociado nos EUA. Eventualmente a Bolsa americana pode decidir não negociar mais nenhum ativo russo, e aí o investidor fica em uma saia justa, sem saber o que vai acontecer com seu recurso”, ressalta Daniel. 

Na visão do economista, os investidores têm dois caminhos: esperar e entender como o mercado vai reagir, sem correr riscos de ter seu capital congelado, ou reservar uma parcela mínima para investir nos ativos russos. “O investidor precisa entender que nesse momento, investir é um caminho de mão única, só de compra. Não se sabe o que vai acontecer depois”, explica Daniel. 

O investidor que entende todos esses riscos deve reservar, na visão do especialista, 1% ou até menos da carteira. “Pensando a longo prazo, daqui cinco ou dez anos, pode ser que esse investimento tenha algum retorno. Se um cenário de alívio acontecer, empresas russas de petróleo, por exemplo, podem ter um bom desempenho lá na frente. Porém, hoje, a minha posição é de esperar um pouco mais e não arriscar”, diz Daniel.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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