Há diferença entre educação financeira e inteligência financeira?

A economia comportamental mostra que o comportamento financeiro não é totalmente racional, sendo influenciado por emoções

Qual é a diferença entre educação e inteligência financeira? Esta é uma pergunta que eu respondo constantemente e por isto que, em meu segundo artigo aqui na Inteligência Financeira faço questão de trazer o meu entendimento sobre o assunto.

Eu tive minha vida transformada pela educação e defendo que a educação financeira é um fator crucial para ter uma boa gestão financeira, investir, conquistar uma vida financeira saudável, transformar sonhos em objetivos, realizá-los e, alcançar a independência financeira.

Contudo, assim como conhecimento é diferente de sabedoria, a educação financeira é diferente da inteligência financeira. A primeira, é um processo de aprendizado sobre finanças. Através dela, é possível desenvolver a compreensão sobre conceitos financeiros. Um exemplo é fazer um curso que ensina a construir um planejamento financeiro ou a fazer investimentos, ler livros ou os artigos na IF que orientam a fazer investimentos e a gerir a vida financeira.

Já, a inteligência financeira são as ações e comportamentos adotados para gerir melhor o dinheiro, seja consumindo ou investimento melhor. Logo, a educação financeira e inteligência financeira possuem significados diferentes, mas são complementares e tem maior eficácia quando andam juntas, pois o
conhecimento ganha sentido quando colocado em prática e somente assim trará resultados efetivos.

A economia comportamental demonstra que o comportamento financeiro não é totalmente racional, como se acreditava até bem pouco tempo atrás, sendo influenciado por nossas emoções, podendo ser, algumas vezes ser mais emocional do que racional.

Sendo a inteligência financeira ações e comportamentos, trago aqui três dicas de como transformar educação financeira em inteligência.

Reconhecendo as capacidades financeiras

Este é o ponto de partida e de ação da inteligência financeira, pois é a partir do reconhecimento das capacidades, sabendo exatamente o rendimento bruto, líquido, custos e despesas que será possível fazer um planejamento financeiro, projetando consumo, poupança e investimentos.

Em um bom planejamento financeiro há adequação da regra 50-30-20 ou algo similar, em que 50% da renda é destinada aos gastos fixos/essenciais, 30% a “estilo de vida” como roupas e lazer e 20% para poupança e investimento.

Parece óbvio, mas nem sempre é. O óbvio precisa ser dito. Investir tendo dívidas em atraso pode não ser uma ação inteligente.

Para ter certeza há ganho ao atrasar uma dívida para investir, análise as taxas juros, tanto a que será paga pelo atraso quanto a que será paga pelo investimento.

Melhorando as relações financeiras

Para melhorar as relações financeiras é necessário, primeiro analisar e posteriormente questionar os hábitos financeiros, de forma a melhorá-los, incluindo evitar pagar por coisas desnecessárias, como pagar juros, taxas e tarifas.

Pesquisas dos órgãos de proteção ao crédito revelam que esquecimento é o terceiro maior motivo inadimplência. Nestes casos, o esquecimento custa caro, pois a taxa média de juros cobrada por atraso no Brasil é de 44,1% ao ano.

Ao usar o limite da conta corrente, os juros são de aproximadamente 300% ao ano, sendo o do rotativo do cartão de crédito ainda maior, podendo chegar a mais de 400% ao ano. Avalie as compras não essenciais, utilizando a Regra dos 3 P’s:

  • Por que comprar?
  • Preciso neste exato momento?
  • Posso pagar?

O primeiro “P” testa a necessidade e utilidade, o segundo testa a urgência e o terceiro testa a capacidade de pagamento, sendo que a resposta precisa levar em consideração pagamento sem utilizar o limite da conta ou cheque especial, sem a utilização do rotativo do cartão de crédito ou significar se distanciar de um objetivo ou sonho. Se a compra for parcelada, avalie se a parcela se ajusta ao orçamento mensal.

Olhando para o futuro

O futuro se constrói agora e é construído por nós. Você já possui uma reserva de emergência para chamar de sua? Se sim, parabéns! Como prêmio, pode pular o próximo parágrafo.

Se você respondeu não leia atentamente. A reserva de emergência é um valor que vai cobrir seus gastos essenciais por um determinado período de tempo, geralmente de seis meses a um ano, em caso de perda de fonte de renda. Para chegar a um valor adequado de reserva de emergência é essencial conhecer custo de vida e despesas.

As relações de trabalho têm mudado. A expectativa de vida aumentou e vivemos cada vez mais. A previsão do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é que até 2050, 30% população brasileira terá 60 anos ou mais.

Muitas pessoas que estão no mercado de trabalho hoje, não irão se aposentar. Ou seja, pensar no futuro é estratégico e é urgente.

Meu propósito é “Desmistificar a economia e as finanças”, portanto tenha em mente que: economia não é somente sobre economizar e investir, é sobretudo, sobre ESCOLHAS!