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Como se proteger da inflação: veja 4 opções de investimento que te blindam da alta dos preços
A inflação é um dos temas centrais do Itaú BBA Macro Vision nesta quinta-feira (9), evento que acontece ao longo do dia em São Paulo. Do ex-vice presidente do Fed, Richard Clarida, ao diretor de politica econômica do Banco Central, Diogo Guillen. Além disso, a história da economia brasileira se confunde com a da inflação. A hiperinflação foi controlada a partir dos anos 1990, mas segue na memória de muitos brasileiros os tempos de altas constantes nos preços. Mesmo em tempos recentes, vimos disparadas que encareceram os produtos. Portanto, buscar saber como se proteger da inflação é uma preocupação constante de muitos investidores.
E não só dos pequenos. Luis Stuhlberger, renomado gestor do fundo Verde, afirmou em entrevista recente ao PodInvestir que tem como estratégia “comprar inflação”. A posição de Stuhlberger é especial para governos do PT, como o atual, mas olha para um aspecto estrutural do Brasil.
“Eu gosto de manejar e ter ‘Bs’ na carteira. Porque, simplesmente, é o juro real mais alto do mundo. E a inflação, no Brasil, tem (relação com) um risco fiscal de longo prazo que não é pequeno. No final, se der um risco muito grande, a inflação resolve”, afirmou ele ao podcast da Inteligência Financeira.
Por “Bs”, Stuhlberger se refere às NTN-B, sigla para Nova Letra do Tesouro Nacional Série B. Em outras palavras, estamos falando do que é popularmente conhecido como Tesouro IPCA+.
Para te ajudar a saber como investir e também se proteger da alta dos preços, nós conversamos com Laís Costa, analista da Empiricus Research; Santiago Schmitt, especialista em renda fixa da Manchester Investimentos; e Simone Alves da Costa, professora da FIA Business School.
Há desde as opções mais tradicionais da renda fixa, que atendem ao investidor mais conservador, quanto alternativas que pagam taxas melhores com um pouco mais de risco. Fica até o final desta reportagem que você vai conhecer um pouco sobre todas.
Por que saber investir te protege da inflação?
Antes de mais nada, falemos por que isso é importante. De acordo com a professora Simone da Costa, “vivemos em um país em que há uma certa incerteza econômica, a gente nunca sabe com certeza quais serão as diretrizes políticas e os rumos para a economia”. “Portanto, não temos previsibilidade sobre aspectos como taxas de juros e a inflação”, completa.
E o maior problema disso é que, mesmo que você tenha um rendimento alto em seu investimento, você pode na prática perder dinheiro se a inflação for mais alta. “A inflação, com o tempo, corrói nosso poder de compra”, completa a professora.
Como se proteger da inflação?
Dessa maneira, explicam os especialistas, os produtos indexados à inflação são a melhor maneira de se proteger. Uma vez que eles rendem acompanhando a variação do IPCA, protegem o investidor caso haja uma oscilação grande nos preços.
São diversos tipos de ativos que têm o principal índice de variação de preços como referência para o rendimento. Portanto, trabalham com a premissa de dar um retorno que seja a soma da inflação com um adicional.
De acordo com os especialistas ouvidos pela Inteligência Financeira, a lógica é que quanto maior o prazo de investimento, e especialmente o risco do negócio, se paga mais. Assim, o investidor deve sempre estar atento ao seu perfil de investidor e tolerância ao risco, buscando entender a natureza do ativo.
1. Tesouro Direto
A primeira opção são os títulos do Tesouro Direto indexados à inflação. “Os títulos indexados do Tesouro servem para esse objetivo, de se proteger da inflação. Nós recomendamos eles para um investidor mais conservador”, diz Laís Costa, da Empiricus.
Hoje há títulos que pagam IPCA mais uma taxa prefixada que vai de 5,69% a 5,87% ao ano. Os dados são de 8 de novembro de 2023 e são atualizados diariamente no site oficial do Tesouro Direto.
Santiago Schmitt, da Manchester, explica que há produtos que pagam mais do que isso, mas que é uma balança entre oportunidade e risco. “Como o risco é baixo, é o risco soberano do próprio estado, ele tem um prêmio de risco que também é menor”, diz ele, que acrescenta uma outra vantagem. “Por mais que tenha essas taxas menores, com o risco reduzido, os títulos públicos também têm uma liquidez maior”, explica.
A rentabilidade indexada ao IPCA também é utilizada pelo Tesouro Nacional em duas modalidades criadas recentemente: o Tesouro Educa+ e o Tesouro Renda+. Primeiramente, o Educa+ visa te permitir reservar dinheiro para custear educação, devolvendo o que foi investido, mais a valorização, ao longo de cinco anos. Por outro lado, o Renda+ também vai te ajudar a proteger da inflação, mas começando a te pagar só lá na frente e ao longo de 20 anos, com o objetivo de te ajudar na aposentadoria.
Há, no entanto, uma barreira extra para o Tesouro Direto em relação a parte dos seus “concorrentes” indexados à inflação. O investimento em títulos públicos paga imposto de renda, que parte de 22,5% em até 180 dias e chega a 15% após 2 anos.
2. Renda fixa privada: CDBs, LCIs e LCAs
Outros produtos que existes no mercado e oferece a alternativa de rendimento indexado à inflação são os de renda fixa privada, os CDBs, as LCIs e as LCAs. A lógica é a mesma do Tesouro Direto, buscando títulos indexados à inflação mais um prêmio de risco.
Levantamento recente da Inteligência Financeira identificou CDBs pagando a soma do IPCA com até 7,55% ao ano. No entanto, é importante ressaltar que os títulos que pagam melhor são aqueles que têm mais dificuldade de captação, por prenderem o investimento por mais tempo, por serem emitidos por instituições menos tradicionais ou por ambas as opções.
Assim como o Tesouro Direto, também há dedução de imposto no caso dos CDBs. LCAs e LCIs são isentas. No entanto, também há a proteção de até R$ 250 mil investidos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC).
Na mesma seara de investimento de bancos, Laís Costa cita as Letras Imobiliárias Garantidas (LIG), emitidas por algumas poucas instituições financeiras que buscam captar recursos para oferecerem financiamentos imobiliários.
A especialista cita que quando a LIG surgiu eram ofertadas taxas mais altas, mas que o produto ainda pode figurar como opção pela isenção do IR. De acordo com a Anbima, no entanto, nas LIGs não há proteção do FGC.
3. Crédito privado: debêntures, CRIs e CRAs
As debêntures também são títulos de renda fixa, mas merecem um capítulo à parte na nossa conversa. São títulos de dívida, emitidos por empresas que buscam dinheiro no mercado para financiarem as suas atividades e projetos.
“Quando falamos de proteção de inflação para um investidor médio, falamos especialmente de fundos de debêntures incentivadas listados na bolsa de valores”, explica a analista da Empiricus.
As debêntures incentivadas, que são as destacadas aqui pela especialista, são aquelas que visam financiar projetos de infraestrutura e, por isso, contam com incentivo do governo, que as isenta de imposto de renda para pessoas físicas.
É possível investir diretamente nas debêntures, mas Laís Costa recomenda a opção pelos fundos, que contam com gestão profissional e menor risco. “O fundo vai te permitir ter uma maior liquidez e ainda assim ter esse spread em relação ao Tesouro Direto”, explica.
A especialista da Empiricus cita como boas opções os fundos CADIF11, da Kinea, para um público mais conservador. “É um fundo mais de carrego, o gestor não fica trocando a carteira toda hora e o spread é sempre positivo”, explica.
Para um investidor com a tolerância a um pouco mais de risco, ela cita o IFRA11, do Itaú, e o BDIF11, do BTG Pactual. Enquanto o Tesouro Direto paga IPCA mais até cerca de 6% nas NTN-Bs, aqui a ideia é chegar 7%, 8% ou até 9% de prêmio.
Vantagens e desvantagens dos CRIs e CRAs
Também na seara dos títulos de crédito privado, temos os certificados de recebíveis da indústria (CRI) e do agronegócio (CRA). São produtos também isentos de IR e ofertados com indexação ao IPCA mais um prêmio de risco.
Também são emitidos para captar recursos para a indústria e o agronegócio, assim como as LCIs e LCAs. No entanto, se assemelham às debêntures uma vez que têm risco associado à empresa emissora do título e não contam com a proteção do FGC.
4. Fundos de inflação
Santiago Schmitt cita também os fundos de investimento que têm como benchmark igualar ou superar um índice atrelado à inflação. Chamados de “fundos de inflação”, são compostos de um misto de produtos que acompanham a oscilação dos preços.
A principal referência para esses fundos é o IMA-B, índice da Anbima que acompanha uma carteira teórica formadas por títulos do Tesouro IPCA+. Há opções mais detalhadas, como o IMA-B5, que utiliza os títulos com até 5 anos de vencimento; e o IMA-B5+, que considera os títulos com 5 anos ou mais de prazo.
Da mesma maneira, há os ETF, os chamados “fundos de índice”, que buscam replicar o desempenho de um índice. Para quem quer se proteger da inflação, existe a alternativa de um ETF que replique o IMA-B, seguindo o desempenho dos títulos que compõem a carteira teórica do índice da Anbima.
Um alerta: se atente à marcação a mercado
Uma observação importante é a existência da chamada marcação a mercado. Para a renda fixa, a rentabilidade prometida na venda do título é garantida caso o investimento seja levado até o vencimento. Por outro lado, se o resgate for antecipado, o título será vendido de acordo com a marcação a mercado. Ou seja, o valor do papel no momento do resgate.
O principal risco exista caso haja perspectiva de alta de juros e de inflação. Ou seja, se o governo passar a precisar emitir títulos com taxas mais altas para se financiar. Isso vai fazer o seu título comprado antes, a uma taxa menor, valer menos.
No entanto, se você levar o investimento até o resgate vai estar garantida a rentabilidade pactuada no momento da compra.
“O único cenário que eu vejo para perder dinheiro é se você comprar o título e não entender a dinâmica, não entender que poderia acontecer de aparecer na tela que você estava perdendo. Se levar até o final você não vai perder dinheiro”, explica Laís.
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