Bitcoin: o outro lado da moeda

Pirâmides financeiras têm atingido as criptomoedas e grandes investidores criticam o ativo

Ilustração: Marcelo Andreguetti/IF
Ilustração: Marcelo Andreguetti/IF

Ganhos financeiros rápidos, rentabilidade garantida e lucro acima do mercado são algumas promessas das pirâmides financeiras, que ainda atraem muitas pessoas. Tudo começa com alguém que convida algumas pessoas a fazer um investimento inicial. Seduzidos pelas promessas de ganho, cada um deve recrutar seu próprio grupo, que também entra com um aporte. Assim, os novos integrantes alimentam os degraus de cima, sustentando até o topo da pirâmide. Ou seja, o lucro dos membros não vem do retorno do investimento, mas das taxas pagas por quem entra no sistema.  

Com o tempo, o negócio se torna insustentável, já que seria preciso um número infinito de pessoas para alimentar a pirâmide para sempre. Uma hora, ela quebra, e muitos saem prejudicados e perdem dinheiro. Esse esquema fraudulento tem atingido as criptomoedas e, em especial, a mais popular entre elas: o bitcoin.  

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“Em um país onde ainda existe o golpe do bilhete premiado, as pirâmides infelizmente continuam crescendo. Quando a esmola é demais, o santo deveria desconfiar”, ressalta Rudá Pellini, fundador da Wise&Trust e autor do livro O futuro do dinheiro (Editora Gente). Em 2020, no Rio de Janeiro, Jonas Jaimovick, dono da JJ Invest, foi preso por operar um dos maiores esquemas de pirâmide financeira do Brasil. O prejuízo dos investidores chegou a R$ 170 milhões. Já em agosto deste ano, a Polícia Federal prendeu Glaidson Acácio dos Santos, conhecido como o “faraó do bitcoin”, que também aplicava golpes com a promessa de retorno de mais de 10%. 

“Não existe garantia quando se fala de renda variável, principalmente criptomoedas, que têm muita volatilidade. Ao investir, é fundamental estudar, checar o histórico da empresa, quem são os responsáveis. Uma simples pesquisa no Google pode ser suficiente para identificar um golpe”, alerta Pellini. 

Bom investimento para alguns, fora de cogitação para outros 

O bitcoin não agrada o maior investidor individual de ações do Brasil, Luiz Barsi, de 82 anos. Conhecido como o “Rei da Bolsa”, Barsi tem um patrimônio estimado em R$ 2 bilhões. Ao ser questionado pela Inteligência Financeira sobre bitcoins, ele foi incisivo: nunca fez nem pretende fazer movimentações financeiras com as criptomoedas. Barsi evita falar sobre o assunto pois não acredita nos ativos e não os considera um bom investimento.  

Grandes nomes como o mega investidor Warren Buffett e Nassim Taleb também expressam opiniões contrárias ao bitcoin. Buffet, um dos homens mais ricos do mundo, afirmou em uma entrevista para a rede americana CNBC que não tem e nunca terá uma criptomoeda. Para ele, esses ativos “não têm valor e não produzem nada.” Também em entrevista à CNBC, o escritor e especialista em probabilidades Nassim Taleb descreveu o bitcoin como um “truque”, dizendo que a moeda é muito volátil para ser eficaz e não é uma proteção segura contra a inflação. “É um sistema criptográfico lindamente configurado. É bem feito, mas não há absolutamente nenhuma razão para estar vinculado a algo econômico.”

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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