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WeWork, que já foi considerada a startup mais valiosa do mundo, entra com pedido de recuperação judicial nos EUA
A WeWork, que já foi considerada a startup mais valiosa do mundo, com valor estimado em US$ 47 bilhões, entrou com pedido de recuperação judicial (Chapter 11) nos Estados Unidos na última segunda-feira (6). O episódio coroa o colapso do modelo de escritórios flexíveis que, no final da década passada, era considerado o futuro do mercado corporativo.
A rede americana administra no Brasil 32 unidades nas praças de São Paulo, Rio, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Por enquanto, afirma que o mercado local não será impactado pela recuperação judicial.
Apesar disso, a empresa vem enfrentado dificuldades principalmente nos Estados Unidos, seu principal mercado. Isso porque, desde a pandemia, o país enfrenta uma recessão histórica no mercado de escritórios.
Problemas da WeWork não são novos
Mas os problemas da WeWork são ainda anteriores à pandemia, e datam de 2017 a 2019, quando a empresa experimentou uma forte expansão.
Naquela época, o dinheiro fluía com abundância. Isso porque houve um aporte de US$ 10,5 bilhões do conglomerado japonês Soft Bank e perspectivas geradas pelo aquecimento do mercado de imóveis corporativos no mundo.
Foi quando a We Company, dona da WeWork, assinou diversos contratos de longo prazo para o arrendamento de escritórios localizados em endereços caros dos Estados Unidos.
Algumas localizações, depois ficou provado, não eram rentáveis. A vacância dos novos investimentos era alta. E o problema se tornou público em setembro de 2019. Foi naquela época que a companhia adiou sua oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), após uma fraca resposta dos investidores por participação na empresa.
Pouco tempo depois, o fundador e presidente do Soft Bank, Masayoshi Son, confessou que foi “tolo” no investimento no WeWork. “Foi tolo de minha parte em investir no WeWork. Eu estava errado”, disse na ocasião.
Sobre o pedido de recuperação judicial da WeWork
A Wework entrou com pedido de proteção de recuperação judicial no Tribunal de Falências dos EUA em Nova Jersey. Agora, a rede busca aprovação judicial para, na prática, paralisar os processos que pedem a devolução de 69 imóveis comerciais arrendados e que, segundos os credores, acumulam “desempenho insatisfatório”.
A ideia da empresa é, então, ganhar tempo para conduzir a sua reestruturação, já em curso. O presidente-executivo da WeWork, David Tolley, afirmou no pedido de recuperação judicial que cerca de 90% dos credores da empresa já concordaram em converter suas dívidas em ações. Isso, portanto, reduziria a dívida atual da empresa em US$ 3 bilhões.
A ascensão da startup
A WeWork foi cofundada pelo ex-empresário de roupas de bebê Adam Neumann em 2010. A empresa levantou bilhões de investidores e construiu uma rede global de espaços de trabalho conjunto em uma velocidade vertiginosa.
Neumann foi forçado a sair no final de 2019, após a tentativa fracassada de IPO. A nova gestão da empresa cortou custos, mas viu os seus esforços para obter lucros frustrados por um mercado de escritórios fraco.
Um resgate de mais de US$ 5 bilhões do SoftBank também deixou a empresa descoberta para arcar com as dívidas contraídas pela WeWork.
Os pagamentos de aluguel e os juros desses financiamentos abocanharam cerca de 80% da receita anual da WeWork em junho de 2023, segundo levantamento do site MarketWach.
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