Alta de 1 ponto percentual da Selic foge do padrão no histórico do Copom
O Comitê de Política Monetária do Banco Central anunciou no começo da noite desta quarta-feira (29) uma nova alta de 1 ponto percentual da Selic, para 13,25% ao ano. Dessa forma, o Copom repetiu um ritmo de aperto monetário que foi poucas vezes observado em ciclos de aumento dos juros.
Estudo divulgado pelo Itaú Unibanco analisou 15 ciclos de juros desde outubro de 2002 para identificar recorrências e padrões nas decisões de política monetária. O documento é assinado pelas economistas Julia Passabom e Julia Gottlieb.
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Antes de tudo, o banco define ciclos de juros como janelas de tempo nas quais o comitê subiu ou baixou a taxa de juros ininterruptamente. Então, conforme o Itaú, os períodos são simétricos, com magnitude de movimentos muito similar. Isso tanto em momentos de alta quanto de corte na taxa Selic.
Histórico do Copom: quando houve alta de 1 ponto da Selic?
Como resultado, o levantamento das economistas do banco destaca que o ritmo médio de ajuste é entre 0,50 e 0,75 ponto percentual. Sendo o ritmo mediano em 0,50 ponto. Nesse sentido, o Copom usualmente inicia com movimentos entre 0,25 e 0,50 ponto. Mesmo ritmo em que costuma encerrar os ciclos de afrouxamento ou aperto monetário.
“Em cerca de 10% das vezes, o comitê optou por um movimento de 100 p.b. (pontos-base), enquanto em menos de 10% das vezes o movimento foi em ritmo superior a esse”, registram as especialistas do Itaú.
Assim, dentro dos apertos mais intensos, ciclos de alta dos juros só tiveram movimentos acima de 1 ponto percentual em duas ocasiões.
“(Em março de 2021) partindo de uma Selic historicamente baixa e em meio à discussão da PEC dos precatórios. E no ciclo de 2002, quando as expectativas de inflação estavam desancoradas acima de 2 p.p. em relação à meta e a própria continuidade do regime estava em dúvida”, detalham Julia Passabom e Julia Gottlieb.
Próximos passos do Copom
Antes mesmo da reunião desta quarta-feira, o Copom já contratou mais uma alta de 1 ponto percentual da Selic no encontro de março. Para as economistas do Itaú, o comitê não deve antecipar os movimentos seguintes.
“Acreditamos que a estratégia ótima de política monetária é o comprometimento pleno com a sinalização recente, mantendo a vigilância sobre a desancoragem de expectativas e reafirmando o compromisso com a convergência para a meta de inflação no horizonte relevante”, avaliam.
“Nesse sentido, a manutenção do ritmo de 100 p.b. nas duas primeiras reuniões do ano é adequada, sem fechar a porta para altas adicionais de mesma magnitude nas reuniões seguintes, a depender da evolução do cenário, em particular da dinâmica da inflação e das expectativas”, completam as especialistas do banco.
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