Raízen (RAIZ4) mira ganho de eficiência, etanol de 2ª geração e avalia venda de ativos

Em conjunto, as medidas poderiam acrescentar cerca de R$3 bilhões anuais à geração de caixa da companhia

A Raízen indicou nesta quarta-feira que está focada no ganho de produtividade e no crescimento do emergente mercado de etanol de segunda geração. A estratégia faz parte de seus esforços para alavancar receitas e margens nos próximos anos.

“A produtividade baixa foi a principal diferença em relação ao que a gente tinha planejado no IPO”, afirmou Ricardo Mussa, presidente-executivo da companhia, uma joint venture da Shell com a Cosan, durante encontro anual com analistas e investidores.

Mussa e outros executivos da Raízen citaram entre as iniciativas o gradativo aumento da produção própria de cana-de-açúcar, em detrimento da compra de terceiros, o que tem permitido melhor resultado na colheita. Em outra frente, a companhia tem feito investimentos em sua refinaria de petróleo na Argentina.

Mais R$ 3 bi ao resultado

Em conjunto, as medidas poderiam acrescentar cerca de R$3 bilhões anuais à geração de caixa da companhia, estimam os executivos. A Ebitda da Raízen somou R$15,3 bilhões no último ano-safra, terminado em março.

A companhia teve moagem de 70 toneladas de cana-de-açúcar por hectare no último ano-safra e entende que deveria ter 83 toneladas por hectare. “Esse gap é um impacto muito relevante em termos de custo e de produto”, disse Francis Queen, vice-presidente de açúcar e etanol.

Ao mesmo tempo, a empresa tem apostado em ganhos crescentes de receita em mercados de crescimento acelerado, como o etanol produzido a partir de resíduos industriais, como bagaço de cana-de-açúcar, que tem tido crescente demanda global, diante do interesse por insumos produzidos se emissão de carbono.

A Raízen tem atualmente uma fábrica em operação que produz 30 milhões de litros de etanol de 2ª geração por ano. De acordo com Queen, a empresa vende cada litro por um euro. Outras cinco fábricas estão sendo construídas. A meta da empresa é ter 20 plantas até 2031, o que deve acrescentar 1,6 bilhão de litros à produção anual.

Esforços para reconquistar os investidores

As declarações mostram os esforços da companhia para reconquistar o otimismo dos investidores em relação ao desempenho do negócio, e que isso reflita na ação da Raízen, que perdeu cerca de metade do valor desde quando estreou na B3 em agosto de 2021, a 7,40 reais cada. Nesta quarta-feira, o papel saía a 3,49 reais, em queda de mais de 4%.

Na apresentação, os executivos da Raízen também citaram outras oportunidades de ganhos do negócio nos próximos anos, como o de venda de energia solar distribuída para pequenos consumidores. Na semana passada, a empresa começou um projeto-piloto, vendendo energia solar a clientes da Cemig e da CPFL.

Em outra frente, eles citaram a certificação obtida pela companhia no Estados Unidos para venda comercial de etanol para ser usado como combustível de aviação. O etanol da Raízen é o único certificado nos Estados Unidos capaz de atender a demanda, que pode atingir 9 bilhões de metros cúbicos até 2030, disse o vice-presidente de trading, Paulo Neves.

Mussa disse ainda considerar positiva a sinalização da nova diretoria da Petrobras de se concentrar nos clientes na definição de sua política de preços. O receio do mercado tem sido de que a empresa abandone a paridade cambial como elemento-chave para ajustar os preços no Brasil, e que isso possa prejudicar indústrias de energia, como a Raízen, em caso de um alta maior dos preços globais do petróleo.

“O risco é se o preço do petróleo for para as alturas”, disse ele.

O presidente da Raízen admitiu ainda que a companhia avalia fazer alguns desinvestimentos, entre as iniciativas para elevar a rentabilidade, mas não deu detalhes.

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