Presidente da Petrobras compara empresa ao McDonald’s para criticar política de preços da estatal
Empresas citadas na reportagem:
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, criticou a venda de ativos da estatal, sobretudo na área de gás. E voltou a se posicionar contra a atual política de paridade de preços dos combustíveis com o mercado internacional. Ele participou de evento da Fundação Getulio Vargas (FGV), na manhã desta quinta-feira, no Rio de Janeiro.
Ele comparou a situação da estatal com a da rede de fast-food McDonald’s. Disse que, se o presidente do McDonald’s tivesse que fazer ações para permitir o crescimento do Burger King, ele provavelmente seria demitido.
De acordo com Prates, a empresa vai disputar espaço com rivais para tentar ganhar mercado no Brasil. Sobre a venda de ativos, sua crítica mais enfática foi no segmento de gás. O executivo disse que a estatal vai buscar o espaço dos concorrentes.
“Vou disputar cada milímetro de metro cúbico (de gás) ou de milhão de BTU que estiver no mercado em seu melhor preço para o cliente que estiver do outro lado. E não é assim com qualquer empresa? Por que com a Petrobras tem que praticar o preço do concorrente que é o PPI (paridade de preço internacional), no caso do combustível. Quem impõe isso? Ninguém.”
Segundo ele, o acionista majoritário “topava isso”.
“O presidente da Petrobras ia nos lugares e dizia ‘eu quero abrir espaço para a concorrência’. Fico imaginando se o presidente do McDonald´s dissesse isso sobre o Burger King? No dia seguinte, estava na rua. E eu na época, como parlamentar, dizia ou você vai para rua amanhã ou você precisa reconhecer que o governo mandou você fazer isso. Esses dilemas a gente tem que vencer naturalmente.”
‘Culpa de ser competente’
O executivo lembrou que a abertura do mercado de gás no Brasil ainda não obteve os resultados que seus defensores previam, de maior concorrência e queda nos preços.
“Quero ver o que falta mais a Petrobras entregar para resolver o problema do gás. Já entregou Gaspetro, a malha de dutos. Abriu mão de distribuição e transporte. Só falta vender os campos de gás. Que culpa tem a Petrobras em ser competente em descobrir óleo e gás. O que mais falta? O que foi feito resolveu? A promessa era de que resolveria.”
O que a NTS e TAG (redes de gasodutos que foram vendidas pela estatal) fazem, segundo Prates, a Petrobras poderia fazer se houve regulação eficiente.
“Contratos serão cumpridos. Eu vou disputar cada metro cúbico ou milhão de BTU. Por que sou obrigado a seguir um preço como PPI (preço de paridade de preços internacionais, que é atrelado ao valor do barril de petróleo e dólar)? Vou disputar cada cliente. Por que vou deixar o concorrente entrar?”
Por Bruno Rosa
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