A administração Trump planeja uma grande operação contra imigração ilegal nos Estados Unidos a partir de Chicago na próxima semana, segundo fontes a par do assunto.
Esta será a primeira ação da campanha de deportação em massa do presidente eleito, que toma posse segunda-feira (20).
A operação deve começar na manhã de terça-feira (21) e deve durar toda a semana, disseram as fontes.
Assim, o Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE) enviará entre 100 e 200 agentes para realizar a operação.
Trump concorreu à presidência com a promessa de realizar a maior deportação em massa da história dos Estados Unidos.
A equipe de Trump planeja direcionar a operação contra imigrantes que tenham delitos, que eram considerados menores demais para a administração Biden priorizar.
No entanto, as fontes alertaram que as deportações visam a qualquer pessoa no país de forma irregular.
Onde devem acontecer as campanhas de deportação nos EUA
A equipe de transição vinha analisando quais cidades seriam alvo na operação inicial como forma de dar um exemplo às chamadas “cidades santuário”, que adotam políticas limitando a cooperação com as autoridades federais de imigração.
Chicago foi escolhida devido ao grande número de imigrantes e pelo conflito público de Trump com o prefeito democrata da cidade, Brandon Johnson.
Embora não esteja claro quantas pessoas a operação pretende atingir, a equipe de Trump planeja trabalhar com vários veículos de mídia simpáticos à direita.
Contudo, Tom Homan, que será o novo “czar” de fronteiras da administração, deu indícios da operação durante uma visita a Chicago em dezembro.
“Vamos começar bem aqui em Chicago, Illinois”, disse Homan na festa de final de ano no North Side de Chicago.
“E se o prefeito de Chicago não quiser ajudar, ele pode sair do caminho. Mas, se ele nos impedir, se ele abrigar ou ocultar conscientemente um imigrante ilegal, eu o processarei.”
Em resposta a Homan, o governador de Illinois, JB Pritzker, um democrata, afirmou: “Eu vou garantir que a lei seja seguida. Estou preocupado que Trump e seus subordinados não sigam a lei.”
Grandes centros como Nova York, Los Angeles, Denver e Miami, também estão na mira do novo governo, e outras operações podem ocorrer.
Trump vai punir governos locais que não ajudarem
A equipe de Trump considera dar mais poder aos xerifes, com recompensas para jurisdições que cooperarem e penalidades financeiras contra quem resistir.
Homan, por exemplo, ameaçou prender o prefeito de Denver, que protestou fortemente contra os planos de imigração de Trump.
Mas o departamento do xerife do Condado de Los Angeles afirmou os oficiais locais proibiram a cooperação com as autoridades federais de imigração, que não podem usar propriedades, bancos de dados ou pessoal do condado sem mandado federal.
“Estamos aqui para proteger as comunidades que servimos, não para aplicar leis de imigração”, disse o departamento.
Os conselheiros de Trump afirmaram que pretendem penalizar cidades santuário, cortando bilhões de dólares em subsídios federais que poderiam ir para essas localidades.
Uma organização, a Coalizão pelos Direitos Humanos dos Imigrantes de Los Angeles (Chirla), afirmou que fez mais de 140 oficinas desde a eleição, informando os imigrantes sobre seus direitos, recursos legais e como agir caso de abordagem por agentes do ICE.
“Se a intenção é gerar um sentimento de terror e perseguição, é isso que a administração Trump está fazendo muito bem”, disse Jorge-Mario Cabrera, porta-voz da Chirla.
Economia dependentes de imigrantes
Com o envelhecimento da população, a economia dos EUA ficou mais dependente da mão de obra imigrante, particularmente nos setores de alimentos, construção civil e serviços.
Desde 2020, cerca de 10 milhões de pessoas migraram para os EUA, considerando o saldo líquido daqueles que chegaram e os que partiram, incluindo legais ou não.
Dessa forma, isso aliviou a escassez de mão de obra e impulsionaram um crescimento econômico.
Economistas e líderes empresariais alertam que deportações na escala sugerida por Trump representariam um choque para a economia.
Porém, muitos eleitores consideraram que as políticas do presidente Biden pressionaram cidades e escolas em todo o país.
Nas eleições de novembro, a imigração foi uma das principais preocupações dos eleitores, ficando atrás apenas da economia, segundo as pesquisas.
Chicago tornou-se um ponto central no debate político durante a presidência de Biden, quando o governador do Texas, Greg Abbott, começou a enviar ônibus cheios de migrantes que buscavam asilo na fronteira sul para Chicago e outras cidades do norte.
Nesse sentido, desde agosto de 2022, mais de 51 mil migrantes chegaram a Chicago, segundo dados da cidade.
Fasika Alem, diretora de programas da Organização Africana Unida em Chicago, afirmou que sua equipe se mobilizaram para garantir que as pessoas que atendem conheçam seus direitos e tenham planos para cuidar de seus filhos em caso de separação de suas famílias.
Com informações do jornal Valor Econômico
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