Putin estabelece condições para negociação com a Ucrânia em telefonema com Macron

Líder russo quer 'a desmilitarização e a neutralidade' da Ucrânia para garantir que o país 'nunca represente uma ameaça'

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, estabeleceu condições para negociar um cessar-fogo com a Ucrânia durante um telefonema nesta quinta-feira com o presidente da França, Emmanuel Macron.

Um comunicado do Kremlin divulgado pela agência russa Interfax disse que Putin quer “a desmilitarização e a neutralidade” da Ucrânia para garantir que o país “nunca represente uma ameaça à Rússia”.

Segundo o governo russo, Putin disse a Macron que os objetivos da Rússia serão alcançados “aconteça o que acontecer”. A nota chama a invasão da Ucrânia de “operação especial”, um termo usado pelo Kremlin desde o início do conflito.

“Qualquer tentativa de ganhar tempo arrastando as negociações significará apenas que, no decorrer das conversas, faremos exigências adicionais a Kiev”, afirmou o Kremlin na nota.

Já o Palácio do Eliseu informou que Macron disse a Putin que ele estava cometendo um “grande erro” ao invadir a Ucrânia e que a guerra custará muito caro à Rússia no longo prazo. “Seu país terminará isolado, debilitado e sob sanções por muito tempo”, disse o líder francês ao russo.

As condições foram estabelecidas por Putin pouco antes do início de uma segunda rodada de negociações entre Rússia e Ucrânia para discutir um possível cessar-fogo. O primeiro encontro entre as partes terminou sem avanços concretos.

Antes da ligação entre os dois líderes, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou que seu país estava pronto para conversar, mas que manteria os ataques porque não quer permitir que a Ucrânia tenha “infraestrutura militar que ameace a Rússia”.

Lavrov acrescentou que as potências ocidentais armaram a Ucrânia, treinaram suas tropas e construíram bases para transformar o país em um baluarte contra a Rússia. Os EUA e seus aliados insistem que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) é uma aliança defensiva que não representa uma ameaça para Moscou.

Com Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor Econômico