Lula diz que, se ganhar, “vai começar a discutir ministério às 20h de domingo”

Lula deve anunciar seus ministros somente após vitória nas eleições 2022

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que lidera as pesquisas de intenção de voto para a Presidência da República, voltou a afirmar nesta quarta-feira (26) que só vai anunciar nomes de seu eventual ministério caso vença as eleições. A declaração foi dada em entrevista à Rádio Mix de Manaus.

Lula tem sido pressionado a revelar com quais pessoas pretende governar se vier a ocupar, pela terceira vez, a cadeira de presidente. O cargo sob maior interesse é o de ministro da Fazenda, embora ele já tenha dito que procura um nome “político” para o posto, como foi com Antônio Palocci anteriormente.

Ele repetiu nesta quarta-feira que “não vai se sentar na cadeira (de presidente) antes de ganhar”, numa forma de evitar “animosidades” entre os preteridos a determinados cargos.

— Faltam apenas quatro dias para as eleições, só quatro dias. Quando chegar as sete horas da noite, às oito horas vamos ter o resultado, e aí, sim, se eu ganhar, eu vou começar a discutir o ministério — afirmou.

Questionado sobre que papel deve ter a senadora Simone Tebet (MDB) num eventual governo, ele disse que antes “vai ter que conversar com o MDB” e fez elogios à nova aliada.

Em sua entrevista de uma hora, Lula criticou a gestão de Jair Bolsonaro (PL) no estado do Amazonas nos últimos quatro anos e tentou contrapor o futuro da Zona Franca de Manaus com o cenário eleitoral que será definido a partir da eleição.

Embora os dois candidatos falem em manter o modelo atual, Lula sugeriu que Bolsonaro pode extinguir a Zona Franca se eleito e que pode haver “caos e desemprego” se as empresas “continuarem saindo” do estado. Ele prometeu manter o projeto com os mesmos benefícios fiscais.

— Temos um cidadão (Bolsonaro) que está se propondo a destruir a Zona Franca de Manaus. Essa eleição não é entre dois candidatos. Ou o povo vai votar para ficar a democracia, para ficar a Zona Franca, ou vai votar na barbárie que é o presidente Bolsonaro — declarou o petista.

Lula repercute fala de Bolsonaro sobre assédio na Caixa

O ex-presidente também aproveitou a entrevista para destacar falas recentes do adversário. Nesta segunda-feira, Bolsonaro disse que não viu “nenhum depoimento mais contundente de qualquer mulher” entre as denúncias de assédio sexual feitas por servidoras da Caixa Econômica Federal contra o ex-chefe da instituição, Pedro Guimarães.

— Você não pode votar num presidente que defende o presidente da Caixa Econômica que assediou as funcionárias. E o presidente diz que não tem nenhuma coisa grave. O que é uma coisa grave? Esse povo não pode votar num presidente que vai na casa de meninas de 14 anos da Venezuela e diz que ‘pintou um clima’. Não é possível que o povo não enxergue isso. O povo de Manaus não pode votar num cidadão que negou oxigênio ao estado de Manaus, que zombou das pessoas que estavam morrendo — disse Lula.

Advogadas das funcionárias divulgaram uma nota, nesta terça-feira, com críticas à fala de Bolsonaro sobre o caso. Para a defesa, a declaração é “estarrecedora”. No documento, a defesa das vítimas destaca que é “motivo de tristeza que condutas como apalpar seios e nádegas, beijar e cheirar pescoços e cabelos, convocar funcionárias até seus aposentos em hotéis sob pretextos profissionais diversos e recebê-las em trajes íntimos, além de constantes convites para ‘massagens’, ‘banhos de piscina’ ou idas a ‘saunas’ sejam naturalizados e tidos, repetimos, como ‘não contundentes’ pelo chefe do Poder Executivo”.

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