Diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal chega ao TSE, após denúncias de que operações afetam votação
O diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, chegou por volta das 14h na sede do Tribunal Superior Eleitoral, em Brasília. Ele entrou pela garagem, sem dar declarações.
A visita ocorre em meio a cobranças do presidente da Corte, ministro Alexandre de Moraes, sobre operações que miram em transporte de eleitores realizadas pela corporação neste domingo de eleição. No sábado, Moraes havia proibido estas ações.
Prefeitos e eleitores de cidades do Nordeste ouvidos pelo GLOBO denunciam que as operações, com blitzes da PRF na região, tem prejudicado que eleitores se dirijam às suas zonas eleitorais.
Mais cedo neste domingo, o presidente do TSE havia determinado que o diretor-geral da PRF prestasse explicações sobre operações realizadas pela corporação neste domingo. A determinação tem como base um vídeo publicado pelo prefeito de Cuité, no interior da Paraíba, em que mostra agentes realizando uma ação na entrada da cidade localizada a 200 quilômetros de João Pessoa.
Prefeitos e eleitores de cidades do Nordeste fazem relatos de operações semelhantes, com blitzes da PRF na região. Na noite de sábado, Moraes proibiu operações da corporação relacionada ao transporte de eleitores neste domingo, “sob pena de responsabilização criminal do Diretor Geral da PRF, por desobediência e crime eleitoral”. Ele ainda determinou multa de R$ 150 mil por hora de descumprimento. “A Justiça Eleitoral tem envidados esforços para garantir o transporte público gratuito ao eleitor, como forma de assegurar o direito de voto a todos os eleitores com democrática ampla, não havendo razões a permitir embaraços nesse sentido”, escreve ele na decisão.
A determinação de Moraes atendeu a um pedido do deputado reeleito Paulo Teixeira (PT-SP), que denunciou à Corte um suposto uso eleitoral da PF e da PRF em benefício da candidatura à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL). Uma das preocupações de campanha petista neste segundo turno é a abstenção de eleitores, que costuma ser maior nos segmentos da população em que Lula tem mais votos, como entre quem tem menor renda. Para isso, o partido incentivou que prefeituras aliadas oferececem transporte público gratuito neste domingo.
Na região Nordeste, onde há os relatos de operações da PRF, foi onde Lula registrou sua maior vantagem em relação a Bolsonaro no primeiro turno. O petista teve mais de 21 milhões de votos, enquanto o candidato à reeleição teve mais de 8,7 milhões. A diferença, portanto, foi de quase 13 milhões de votos.
Em seu novo despacho, deste domingo, Moraes pediu esclarecimentos da PRF sobre a operação em Cuité: “De ordem, oficie-se, com urgência, o Diretor-Geral da Polícia Rodoviária Federal para informar IMEDIATAMENTE sobre as razões pelas quais realizadas operações policiais, relacionada ao transporte público de eleitores”, diz a decisão.
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