Análise: Favorito no Senado, Pacheco tenta contornar dissidências, inclusive dentro do PSD

Parte dos parlamentares do partido do presidente da Casa e do União Brasil está insatisfeita com os espaços em comissões, diz Bárbara Baião, do JOTA

Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado (Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado)
Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado (Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado)

Embora o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), mantenha o favoritismo para se reeleger, a candidatura de Rogério Marinho (PL-RN) ganhou força nas últimas horas. As bancadas do PSDB e Podemos que, somadas, representam nove senadores, têm indicado nos bastidores preferência pelo ex-ministro bolsonarista.

Até sexta-feira (27), as projeções da articulação política do governo estimavam que o senador mineiro poderia alcançar um patamar de até 58 votos dos 81. Três dias depois, fontes envolvidas nas negociações dizem que Pacheco pode obter, no máximo, 50 votos. Já a campanha de Marinho diz que se a eleição fosse nesta segunda-feira (3/1), ele teria 42 votos, um a mais do que o necessário para ganhar.

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O cenário da disputa acirrada se agravou porque há dissidências importantes em partidos como União Brasil, e PSD, sigla de Pacheco, que sequer oficializou a decisão de apoiar o atual presidente, até o momento. Após a eleição, na quarta-feira (1º/2), a liderança do partido de Gilberto Kassab vai passar das mãos do senador Nelsinho Trad (MT) para as de Otto Alencar (BA).

Nessas duas bancadas de centro, o ponto de partida da insatisfação são os espaços em comissões, ruído que tem como razão central o poder dado por Pacheco ao ex-presidente do Senado Davi Alcolumbre (União-AP). Além de nomear dois aliados na Esplanada dos Ministérios, o senador do Amapá vai presidir a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) por mais dois anos, no cenário de recondução do atual presidente, e pretende disputar novamente o comando da Casa em 2025.

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Integrantes do governo comungam da tese de que Alcolumbre tem atrapalhado a obtenção de apoio para Pacheco. Durante o governo Bolsonaro, o ex-presidente do Senado influenciou a liberação de pagamentos do chamado “orçamento secreto”, e é acusado por senadores de ter prometido recursos que não se concretizaram.

No cenário de desconfiança instalado, o Planalto tem debatido como antecipar as indicações de cargos de segundo e terceiro escalão para assegurar apoio. A questão é que essas acomodações também precisarão incluir o centrão, fundamental para atingir o quórum mínimo de PEC na Câmara, e que pretende engordar a fatura depois de garantir a recondução de Arthur Lira (PP-AL).

‘Day after’ na Câmara

A única incerteza de deputados na disputa é saber com quantos votos Lira será reeleito. Lideranças mais influentes falam em um patamar acima de 440 votos, o que o colocaria como o mais votado para o cargo na história.

Se sair desse tamanho, a tendência é que a governabilidade de Lula esteja profundamente atrelada à influência do político alagoano. Não à toa, o PT decidiu colocar dois nomes muito próximos a Lira em cargos sensíveis: José Guimarães, na liderança do governo na Casa, e Zeca Dirceu à frente da bancada.

Lira conseguiu convencer o PL a deixar o PT no comando da CCJ em 2023 e, em troca, a legenda do centrão vai comandar a Comissão Mista de Orçamento. O nome petista à frente da principal comissão segue em aberto, e as pretensões do partido em relação a demais colegiados incluem Saúde, Educação e Fiscalização e Finanças.

(Por Bárbara Baião, analista de Política do JOTA em Brasília)
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