Piora no ambiente econômico leva empresas a adiarem IPOs

Escalada da inflação, projeções de menor crescimento do PIB em 2022 e turbulências políticas têm esfriado os ânimos das companhias com planos de ir à bolsa
Pontos-chave
  • Há previsão de que cerca de dez companhias ainda irão à bolsa neste ano

  • Até R$ 10 bilhões poderão ser movimentados nas últimas ofertas de 2021

  • Outros IPOs previstos devem ser retomados a partir de fevereiro de 2022

Empresas citadas na reportagem:

Empresas com planos de ir à bolsa neste semestre resolveram postegar suas ofertas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês). Foram determinantes para os adiamentos o ambiente econômico desfavorável – com inflação alta e projeção de crescimento menor do PIB no ano que vem – e as turbulências políticas.

Com a piora dos mercados a partir de agosto, a perspectiva era de que somente poucas e boas ofertas deveriam ser precificadas neste mês: a empresa de energia Comerc e a Environmental ESG, subsidiária da Ambipar, eram dadas como certas, mas ambas foram suspensas. A Vibra (ex-BR Distribuidora) comprou a Comerc, holding que reúne negócios de energia, atropelando o IPO da companhia. Já a Environmental ESG cancelou a operação por causa do ambiente do mercado.

É o caso da farmacêutica Althaia, do empresário Jairo Yamamoto. Ele diz que deve aguardar o cenário melhorar e ir à bolsa no primeiro semestre do ano que vem. O grupo petroquímico Unigel também vai deixar os planos para 2022, apurou o Valor.

A rede de academias BlueFit cancelou a abertura de capital marcado para o dia 28 de setembro, após um desempenho na turnê de apresentação aos investidores abaixo do esperado. A expectativa de conseguir arrecadar 600 milhões de reais com a abertura de capital não foi superada, mesmo depois do desconto de aproximadamente 20% dado no preço das ações para aumentar a atratividade do mercado. Com o desconto, o preço dos papeis passou a cerca de 9,20 reais na sexta-feira, 24, o que levaria a uma arrecadação de 300 milhões de reais com o IPO.

Agora a abertura de capital deve se tornar uma oferta restrita para investidores institucionais, entre eles, fundos e fundações, ainda sem data definida de estreia.

Apesar da perspectiva de menos ofertas, as transações de IPOs e “follow ons” no acumulado de 2021, até setembro, bateram a marca de 2020, movimentando R$ 123,6 bilhões. No mesmo período do ano passado, o total foi de R$ 69,2 bilhões.

De acordo com Gustavo Miranda, do Banco Santander, a crise econômica tem impacto nas receitas de empresas e pode elevar os custos. Para ele, as companhias devem recorrer ao mercado em fevereiro de 2022.

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