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O que é e como funciona o Conselhinho, órgão que revisa sanções da CVM e do Banco Central
O Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional (CRSFN), conhecido popularmente como Conselhinho, ligado ao Ministério da Economia, é o órgão responsável por revisar punições aplicadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e Banco Central (BC).
Assim, compete ao Conselhinho o julgamento, em última instância administrativa, dos recursos contra as sanções aplicadas pelo Banco Central e CVM.
E, nos processos de lavagem de dinheiro, as sanções aplicadas pelo Coaf, Susep e demais autoridades competentes.
“O CRSFN foi criado em 1985 para, basicamente, desafogar o CMN, retirando deste a função de tribunal administrativo e para permitir que os recursos interpostos contra as decisões do BC e da CVM fossem ainda mais técnicos. Dessa forma, posteriormente, com a criação do Conselho de Controle de Atividades Financeiras, o Coaf, em 1998, o CRSFN passou também a julgar recursos advindos também do Coaf”, explica o advogado Laercio Pellegrino Filho, especialista em finanças.
Conselhinho: procuradores atuam em parceria
Procuradores da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), designados pelo Procurador-Geral, também atuam em parceria com o Conselhinho.
Isso para “zelar pela fiel observância da legislação aplicável, de modo que opinam sobre recursos, comparecem às sessões de julgamento e reuniões técnicas, bem como assessorar juridicamente a presidente”, de acordo com o órgão.
Assim, cabe ao Conselhinho julgar, em última instância, qualquer recurso sobre sanções aplicadas a instituições financeiras ou de seguros pelos órgãos competentes.
Isso em relação a infrações no mercado de valores mobiliários, como fraudes, manipulação de mercado e divulgação de informações falsas.
Também por violações regulatórias, condenações referentes à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo ou mesmo julgamento sobre práticas que descumprem a regulação do mercado de seguros.
Quem faz parte do Conselhinho?
O órgão é formado por oito membros titulares e seus suplentes.
Dos oito, dois titulares são indicados pelo Ministério da Fazenda, um titular é indicado pelo BC, um titular pela CVM e quatro titulares são indicados por entidades representativas do mercado de capitais.
Dessa forma, dos membros indicados pelas entidades do mercado, há representatividade de entidades como a Associação de Investidores no Mercado de Capitais (Amec) e Cooperativas de Crédito.
“Os conselheiros titulares e suplentes têm mandato de três anos, renovável por igual período por até duas vezes, devendo ter competência reconhecida e conhecimentos especializados nas matérias de competência do CRSFN”, afirma o advogado bancário João Fernando Nascimento.
Há atualmente um cargo ainda vago no órgão. Além disso, os atuais membros do Conselhinho são:
- Presidente – Adriana Teixeira de Toledo
- Vice-Presidente – Pedro Frade de Andrade
- Paula Christine Schlee
- Ilene Patricia de Noronha Najjarian
- Igor Muniz
- Valdir Carlos Pereira Filho
- Gryecos Attom Valente Loureiro
Qual é o impacto do Conselhinho no dia a dia?
De acordo com Marcos Piellusch, professor da FIA Business School, o trabalho do Conselhinho busca influenciar que instituições financeiras, empresas do mercado de capitais, investidores e consumidores sigam as regras impostas pelos órgãos reguladores de modo que o mercado opere de maneira saudável.
“Suponha que uma das entidades aplique uma sanção contra um participante do mercado em função de práticas supostamente irregulares. Então esse participante poderá recorrer a esse conselho para buscar uma nova avaliação do caso, confirmando ou não a sanção. Ou seja, o CRSFN pode julgar recursos contra essas sanções, o que pode influenciar na imagem e nas operações dessa instituição, bem como na segurança e confiança do sistema financeiro como um todo”, afirma Piellusch.
“Assim, suas decisões têm impacto na estabilidade e transparência do sistema financeiro brasileiro, refletindo no cotidiano das operações financeiras e nos direitos dos cidadãos”, completa.
Dessa forma, um caso concreto de impacto ocorreu recentemente.
Nesta semana o órgão manteve a decisão do BC em relação à aplicação de multa de R$ 30 milhões à Caixa Econômica Federal por cobrança ilegal de tarifas.
O advogado João Fernando Nascimento recorda ainda de uma decisão do Conselhinho que reverteu decisão do BC que punia o HSBC por uma taxa chamada de Comissão de Manutenção de Limite de Crédito (CMLC), que incidia sobre o valor do limite do cheque especial disponibilizado e não utilizado pelo cliente, por exemplo.
“O CRSFN reverteu, em 2019, decisão do Banco Central, passando a absolver importante instituição financeira por cobrança de taxa que incidia sobre o valor do limite do cheque especial disponibilizado e não utilizado pelo cliente. Esse tipo de decisão poderia impactar diretamente a vida dos cidadãos”, afirma.
Vinícius Pereira, repórter freelancer do JOTA
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