Vida difícil: estudo mostra que metade das 970 gestoras brasileiras opera abaixo do mínimo para sobreviver

Cerca de 465 assets, ou 48% do total, operam com um valor administrado inferior a R$ 400 milhões, insuficiente para se pagar

Das 970 gestoras em atividade no Brasil, 465 delas – ou 48% – operam com um valor administrado inferior a R$ 400 milhões, aponta estudo realizado pela TAG Investimentos, uma family office de São Paulo.

O montante, diz o levantamento, representa o mínimo aceitável para manter em operação uma pequena asset na cidade de São Paulo, com estrutura básica: com 15 pessoas (9 sócios, três funcionários e três estagiários). Isso, considerando um ROA (retorno sobre ativo, em inglês) de 1%.

O ROA indica a porcentagem do dinheiro investido no negócio que, efetivamente, retorna ao empreendedor sob a forma de lucro. A margem de 1%, assim, é também considerada a mínima aceitável e, nesse caso, exigiria a renúncia de qualquer tipo de retirada por parte dos sócios sêniores.

Ponta oposta

Segundo o levantamento, em um cenário considerado saudável, em que os sócios recebem remunerações compatíveis com suas funções (o equivalente, assim, a quem trabalha em um banco ou corretora, a gestora precisaria angariar, pelo menos, R$ 850 milhões sob gestão.

Nessa situação, o levantamento encontrou apenas 372 gestoras, ou 38% do total do mercado.

Os analistas das TAG questionam, ao longo do estudo, os impactos desse cenário para o negócio de investimentos.

“(Os dados são) uma condenação à morte ou um vaticínio que os produtos (fornecidos pelas gestoras abaixo dessa ‘linha d’água’) são ruins?”, eles perguntam. “Não, em absoluto”, destacam. “O nosso ponto é que têm condições competitivas bem mais adversas. E que, assim, naturalmente a chance de entregarem bons resultados é menor”, concluem os analistas.

De onde vem o faturamento das gestoras?

Segundo dados da Anbima, associação que representa as empresas do mercado financeiro, o Brasil tem 970 gestores. Atualmente, elas administram R$ 8 bilhões, sendo que 10% das assets respondem por 90% do mercado, ou R$ 7,2 trilhões.

O modelo de negócios dessas assets, geralmente, envolve a cobrança de duas taxas dos investidores. A primeira, a taxa de administração, uma cobrança geralmente de 2% ao ano que incide sobre o valor investido.

A segunda cobrança é a taxa de performance, que hoje gira em torno de 20% cobrando sobre aquele percentual que supera o índice de referencia do fundo. A referencia pode ser o CDI, para renda fixa e multimercados, e Ibovespa, para fundos de ações.