União entre Bradesco Saúde e Rede d’Or (RDOR3) é bandeira branca entre dois gigantes da saúde

Criação de uma empresa de hospitais colocou fim a um conflito entre as duas gigantes da saúde que passaram a disputar os mesmos mercados a partir de 2022

O anúncio da criação de uma empresa de hospitais por Bradesco Seguros e Rede D’Or (RDOR3) — que vinham se estranhando nos últimos dois anos surpreendeu a todos — surpreendeu a todos. Essa não era uma possibilidade aventada por representantes do setor de saúde e da Faria Lima.

A união de forças colocou fim a um conflito entre as duas gigantes da saúde que passaram a disputar os mesmos mercados — hospitais e seguro saúde — a partir de 2022. Mas, essa era uma batalha que, dificilmente, se tornaria uma guerra efetiva, pelo menos, no médio prazo, devido à grande dependência que elas têm uma da outra.

As dúvidas agora giram em torno de como fica a consolidação no setor hospitalar daqui para a frente, quando o cenário econômico permitir uma retomada das aquisições, tendo em vista que os dois grupos eram protagonistas nesse processo.

Os representantes das duas companhias dizem que nada muda e que as expansões continuam no mesmo ritmo. A D’Or tem focado mais em crescimento orgânico e a Atlântica, braço da seguradora, investe tanto em aquisições quanto na construção de hospitais em parceria com outros grupos como Mater Dei e Albert Einstein.

A relação entre a seguradora e D’Or começou a azedar entre 2021 e 2022. Foi nessa época que a Bradesco decidiu entrar no mercado hospitalar e a companhia da família Moll comprou a SulAmérica — principal rival da Bradesco Saúde.

Mas mesmo entrando em outros segmentos, as companhias ainda se destacam em seus mercados de origem e têm uma grande dependência, o que impede uma briga acirrada. Cerca de um quarto da receita da Rede D’Or vêm dos clientes da Bradesco Saúde, ou seja, se a seguradora decidir descredenciar os hospitais da família Moll, que tem mais de 70 unidades no país, há grande risco da seguradora perder clientes.

Isso ocorreu em 2019 quando a Amil decidiu parar de ofertar aos seus usuários os hospitais da D’Or, no Rio. Na época, a decisão foi um tiro no pé porque a clientela cancelou o contrato com a operadora que, na época, pertencia à americana UHG. Boa parte dos clientes migrou para a Bradesco Saúde que criou um produto específico com muitos hospitais da D’Or para atender esse público.

A Rede D’Or, por sua vez, perde uma receita relevante sem os usuários da seguradora, que também trabalha com o público intermediário alto. Um dos casos mais recentes é que a Bradesco não credenciou o novo hospital da D’Or, em Campinas (SP) e havia dúvidas de como seria a relação com as próximas unidades a serem inauguradas.

Paralelamente, a Bradesco intensificou no ano passado sua agenda de investimentos no setor hospitalar. Em 2023, ano de escassez e crise no setor de saúde, a seguradora anunciou três operações de mais de R$ 2,2 bilhões.

Com informações do Valor Pro, serviço de notícias em tempo real do Valor Econômico