Reta final do Brasileirão: as previsões estavam certas? Quem vai ser campeão e quem vai ser rebaixado?

Dinheiro e gestão são condições necessárias para ter sucesso em qualquer campeonato de futebol

Lá em abril, no começo da Série A do Brasileirão, fiz uma coluna separando os clubes em 3 blocos, numa tentativa de criar indicar favoritismos e riscos. A ideia por trás daquela coluna foi tentar indicar o potencial de cada clube a partir da premissa de que ter mais receitas e boa gestão fazem a diferença no resultado. Chegamos à 35ª rodada do campeonato, reta final do Brasileirão, que se mostrou a edição mais competitiva da história dos pontos corridos. Faltando 4 rodadas e um total de 12 pontos, podemos dizer que temos 6 candidatos ao título, e ainda 8 clubes lutando contra duas vagas da zona de rebaixamento à Série B.

Quais times eram promessas até a reta final do Brasileirão?

Para refrescar a memória de todos, a lista inicial de previsões era a seguinte:

  1. Candidatos a bons desempenhos:  Atlético-MG (pelos mecenas), Flamengo, Palmeiras (ambos pelo dinheiro e pela gestão), Athlético-PR e Fortaleza (pela gestão).
  2. A turma dos figurantes: Botafogo, São Paulo, Corinthians Fluminense, Grêmio, Internacional, Cruzeiro, Bahia, Vasco e Red Bull Bragantino.
  3. Quem estava em risco: Cuiabá, Santos, Goiás, América-MG, Coritiba.

Olhando a parte de cima da tabela, temos o seguinte:

  • 1º – Palmeiras – 62 pontos
  • 2º – Botafogo – 61 pontos
  • 3º – Flamengo – 60 pontos
  • 4º – Grêmio – 59 pontos
  • 5º – Red Bull Bragantino – 59 pontos
  • 6º – Atlético-MG – 57 pontos

Ainda que o Atlético-MG esteja ligeiramente distante, temos 3 dos 5 clubes apontados no início do campeonato brigando pelo título, e já é possível dizer que tiverem bom desempenho.

Dinheiro e gestão fizeram a diferença

E ter mais dinheiro (caso do Flamengo e do Atlético-MG) e dinheiro e gestão (caso do Palmeiras), faz toda a diferença nessa disputa. Se os demais errarem, esses estarão sempre duas casas na frente, mesmo quando erram muito, como fizeram flamengo e Atlético-MG, cuja gestão esportiva não foi boa.

Abaixo, você acompanha entrevista exclusiva que a Inteligência Financeira fez com Rubens Menin, o bilionário por traz do Atlético-MG, para o videocast Visão de Líder:

O Botafogo está nessa lista porque gasta bem acima do que pode. Aliás, como sabemos pouco sobre o Botafogo, uma SAF cuja transparência é cristalina como um copo de leite, o máximo que se ouve é que os custos são algumas bons milhões de reais acima da capacidade de geração de receita, fruto da gestão de um cartola que fala inglês.

Mas, assim como Grêmio e Red Bull Bragantino, em condições normais de temperatura, pressão e gestão, o Botafogo estaria numa condição de conforto em relação à tabela, ou seja, sem almejarem conquista, mas sem risco de rebaixamento.

O Fortaleza chega aqui em mais risco porque dedicou-se à disputa da Copa Sulamericana, onde foi vice-campeão, e o Athlético-PR está (des)confortavelmente em 7º lugar, pois sua condição geral o colocaria em condições de disputar uma vaga para a Libertadores. Há questões de gestão esportiva que confirma a tese de que não basta dinheiro e infraestrutura.

Segunda parte da lista do Brasileirão

Olhando agora a parte de baixo da tabela temos o seguinte:

  • 11º – Fortaleza – 44 pontos
  • 12º – Corinthians – 44 pontos
  • 13º – Internacional – 43 pontos
  • 14º – Santos – 42 pontos
  • 15º – Vasco – 41 pontos
  • 16º – Cruzeiro – 41 pontos
  • 17º – Bahia – 38 pontos
  • 18º – Goiás – 35 pontos
  • 19º – Coritiba – 29 pontos
  • 20º – América – 21 pontos

Na lista de início de temporada, 3 dos 5 clubes apontados como “em risco” estão, efetivamente, na zona de rebaixamento. Apesar de fazerem bons trabalhos esportivos, o América opera sempre muito justo, financeiramente falando, e tanto ele como o Goiás, são clubes entre as menores receitas da competição. Vale o mesmo para o Coritiba, que ainda passou boa parte do campeonato na transição para a SAF.

O Santos, outro da lista inicial, ainda corre riscos, mas vai escapando, mais por um esforço coletivo que pela gestão, bastante caótica esportivamente.

Já o Cuiabá seguirá mais uma temporada na Série A, mesmo com receitas entre as menores da competição, porque consegue fazer um trabalho eficiente do ponto-de-vista esportivo.

Fortaleza, Corinthians e Internacional tendem a respirarem aliviados em breve. Se o Fortaleza era a aposta de uma campanha melhor, para Internacional e Corinthians não havia grandes expectativas, apesar do Corinthians ser um clube que pode atingir quase R$ 1 bilhão de receitas em 2023, mas também mais de R$ 1 bilhão em dívidas e problemas recorrentes.

Por que times grandes não chegam à reta final do Brasileirão?

O que faz um clube com tamanha capacidade de gerar receitas não ser considerado candidato ao título? Gestão, que no caso do Corinthians, é ruim em quase todas as esferas.

Vale o mesmo para o São Paulo, que deve atingir mais de R$ 700 milhões em receitas em 2023. Alguns dirão que a temporada está ganha por conta da conquista da Copa do Brasil. Verdade.

Mas a competição em formato de copa tem justamente a característica e o charme de permitir que um time desorganizado, com gestão esportiva ruim, problemas de dívidas elevadas, encontre um ambiente no vestiário e consiga o sucesso em campo.

Por mais que dirigentes adorem defender suas façanhas, e diferente do que diz o mago da gestão, a bola muitas vezes entra por acaso, e faz com que o improvável vença. Méritos mais de atletas e equipe técnica que dos dirigentes.

Por fim, Vasco, Cruzeiro e Bahia são decepções, mas explicáveis. O Vasco é uma grande confusão, por conta de um dono que não está no dia a dia do negócio, e nem tem experiência em futebol, o que levou a inúmeros erros.

O segredo é pensar no longo prazo

O olho do dono engorda o gado, e no futebol ele é fundamental para manter a coisa funcionando. No Cruzeiro, o dono está lá, mas o dinheiro é curto. Talvez, a expectativa tenha sido maior que a realidade no início do campeonato.

Mas poderia ter ido melhor. Para o Bahia, o desempenho nem é tão incomum no caso dos clubes do grupo City.

Então, tudo é parte de um processo, e por vezes há revezes antes de engrenar. Por mais que incomode o torcedor tricolor, especialmente vendo o rival Vitória retornar à Série A, o pensamento deve ser de longo prazo. Mais fácil falar que aceitar.

Brasileirão é fruto de uma gestão aleatória

O Brasileirão é uma competição imprevisível. Não é competitiva à toa; essa competitividade é fruto justamente da gestão aleatória, da necessidade de se dedicar a uma copa que pode dar prêmios maiores que o campeonato, de errar absurdamente.

Não tem nada decidido, mas uma coisa é certa: dinheiro e gestão são condições necessárias para ter sucesso no Brasil, e em qualquer campeonato de futebol no mundo.