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Grupo Mateus (GMAT3) supera Atacadão (CRFB3) e Assaí (ASAI3), mas cita inflação alta e riscos no fim de ano
Empresas citadas na reportagem:
O Grupo Mateus (GMAT3) teve um forte resultado operacional no terceiro trimestre, com venda e lucro melhores que Atacadão (CRFB3) e Assaí (ASAI3) no terceiro trimestre, calculou o Valor, e isso foi possível tendo que tomar “muitas contramedidas” (que se opuseram a uma ação negativa) e fazer ajustes, disse o comando.
Houve um cenário de maior pressão de impostos depois que o governo decidiu mudar, de forma inesperada, no fim de 2023, certas regras tributárias que afetaram o lucro do setor.
O lucro líquido cresceu 21%, para R$ 379 milhões. O diretor presidente Jesuíno Martins Borges Filho, mencionou o esforço da empresa nesse sentido, e ainda disse que parte dos resultados veio de maior diluição de despesas no trimestre, depois de um “primeiro trimestre que foi mais difícil para a empresa”.
A Medida Provisória sobre crédito fiscal, de agosto de 2023, assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, propôs uma mudança na metodologia de cálculo da redução do IRPJ/CSLL relativa a benefícios fiscais (como subvenção de investimentos). A MP foi aprovada em dezembro. Ocorre que, até então, o crédito de subvenção era abatido do imposto de renda, reduzindo esse imposto, e, logo, aumentando o lucro líquido.
Ao se mudar o cálculo e reduzir o crédito da subvenção, caiu a dedução do imposto de renda, e consequentemente, impactou no resultado final de parte das companhias de varejo e atacarejo.
Isso teria efeito especialmente no Mateus, e foi aspecto de atenção do mercado no primeiro trimestre.
“Se não fossem as mudanças de PIS e Cofins sobre subvenção para investimento, a margem bruta subiria 0,3% no trimestre, acima do 0,2% obtida no terceiro trimestre, de 22,5% para 22,7%, mas ainda conseguimos crescer”, disse o vice-presidente financeiro Tulio de Queiroz.
GMAT3 contra CRFB3 e ASAI3
O Mateus cresceu 7,7% em “mesmas lojas” (em operação há mais de 12 meses), e o desempenho foi o melhor do setor em capital aberto — Atacadão avançou 5,6% e Assaí, 2,6%.
A rede ainda cresceu 20,7% em venda bruta, para R$ 9,4 bilhões, e a alta é mais que o dobro de Assaí (9,3%) e Atacadão (8,3%), mesmo em relação a uma base de comparação forte.
“Mais de 80% da alta em vendas ‘mesmas lojas’ veio de volume”, disse o presidente.
Houve cerca de R$ 525 milhões de consumo de caixa no trimestre por conta do processo de compra da rede Novo Atacarejo, já anunciada, que deve adicionar 34 lojas à empresa e acelerar aberturas.
“Teve essa queima de caixa, mas no último trimestre tem uma força tarefa para regularizar isso e fechar redondo com venda forte”, disse Ilson Mateus Rodrigues, presidente do conselho de administração.
O Grupo Mateus fechou, em maio, um acordo para assumir o controle de um de seus concorrentes no Nordeste, a Novo Atacarejo, da família Assis, e que opera em Pernambuco e na Paraíba.
O lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (pós-IFRS) subiu 33,5% de julho a setembro, para R$ 684 milhões, e apesar de avançar mais que o dobro das rivais, em valor é a metade de Assaí e Atacadão.
O comando ainda mencionou a necessidade de melhorar controles de estoque e nas linhas de fornecedores, disse que tem “lacuna” com concorrentes de capital aberto, mas que a remuneração também tem sido atrelada a melhora desses indicadores.
A linha de frente ainda disse que, nesse cenário de aceleração mais rápida — em aberturas, Mateus deve superar Atacadão e Assaí neste ano — o desafio é equilibrar ganho de participação de mercado com subida de margem bruta das lojas novas.
“Tivemos subida de Capex [investimentos] de algumas lojas, mas temos expectativa de TIR [taxa interna de retorno] boa, mas ano que vem buscaremos equilibrio para melhorar Roic [retorno sobre capital investido]”, disse o presidente do conselho.
“Quando abrimos loja, no ‘ano um’ somos mais agressivo em venda, mas lucro bruto baixo, e no segundo ano, somos mais forte em margem bruta”, diz Queiroz.
O diretor-presidente ainda foi questionado sobre a alta da inflação nas lojas, como o Valor informou na sua edição de segunda-feira.
“A inflação cresceu um pouco em setembro e outubro um pouquinho e vai afetar mesmas lojas no último trimestre, mas temos calendário promocional robusto, mas lógico que inflação pode jogar para baixo”, disse ele.
Com informações do Valor Econômico
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