Fusão Azul e Gol vai ser aprovada? Saiba como o mercado financeiro avalia o negócio

Concentração de slots em Congonhas está entre potenciais restrições

Empresas citadas na reportagem:

A fusão entre Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4) deve gerar sinergias de receitas e custos significativos. Bem como provavelmente será aprovada por órgãos regulatórios do Brasil com a imposição de algumas restrições. A avaliação é do Bradesco BBI.

Os analistas Victor Mizusaki, Andre Ferreira e Leandro Neto escrevem que a fusão pode gerar cerca de R$ 1,90 por ação da Azul. Isso considerando operações semelhantes no setor. Sendo que as sinergias podem representar 6% das receitas combinadas.

Então, eles estimam que a Abra, controladora da Gol, deve ficar com 31% das ações da nova empresa. Enquanto os acionistas atuais da Azul terão 7% e restante será negociado em mercado.

O banco estima que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) deve demorar entre seis a nove meses para analisar a operação. E que, em última instância, deve aprová-la com remédios por conta da concentração de slots em Congonhas.

O Bradesco BBI tem recomendação de compra para AZUL4, com preço-alvo em R$ 6, potencial de alta de 36% sobre o fechamento de quarta-feira (15). Mas de venda para GOLL4, com preço-alvo em R$ 0,50, valor 69,3% menor do que o último fechamento.

‘Aérea significativamente maior’

Para o Goldman Sachs, a fusão entre Azul e Gol tem méritos estratégicos, criando uma companhia aérea com escala significativamente maior. Além de gerar melhor poder de precificação e otimização de rotas como principais focos de sinergia, diz .

Os analistas Bruno Amorim e João Frizo escrevem que os termos divulgados na noite de quarta-feira (15) não trazem detalhes concretos da estrutura da fusão. Dessa forma, impedindo o cálculo de sinergias e de potencial geração de valor aos acionistas.

O banco acredita que Abra e Azul terão a maior parte das ações da companhia unificada. Dando a eles o controle para indicar a maior parte dos integrantes do conselho de administração.

O Goldman Sachs tem recomendação neutra para AZUL4, com preço-alvo em R$ 5,40, potencial de alta de 22,4% sobre o fechamento da véspera.

Aeronaves da Gol (GOLL4). Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Recuperação judicial da Gol

O acordo que Azul e Gol divulgaram na noite de quarta-feira é um passo positivo para a fusão entre as companhias. Mas ainda há um longo processo a ser percorrido para a operação acontecer de fato, diz a XP.

Nesse sentido, os analistas Pedro Bruno, Matheus Sant’anna e João Ramiro escrevem que além de uma possível demora nos órgãos antitruste, o avanço da fusão depende também de uma evolução no processo de recuperação judicial da Gol.

Então, a corretora afirma que uma avaliação das possíveis sinergias e retornos aos acionistas só será possível de ser feita quando sanarem algumas incertezas. Ou seja, como a relação de troca das ações e qual empresa será integrada à outra.

A XP tem recomendação neutra para AZUL4, com preço-alvo em R$ 6,60.

E a Latam com a fusão Azul e Gol?

Uma possível união de negócios entre a Azul e a Gol irá melhorar materialmente o cenário competitivo da indústria aérea no Brasil, avalia o Santander. No entanto, o banco acredita que será um caminho “longo e tortuoso” até que as sinergias que ela pode gerar sejam alcançadas.

Mais especificamente, o Santander antevê que a nova empresa enfrentará dificuldades em alguns aspectos. Como a integração da frota, devido ao uso de aeronaves diferentes pelas empresas que estão se fundindo. Assim, acarretaria uma falta de sinergias em áreas como treinamento de pilotos, mecânica de aeronaves, centros de manutenção, entre outros.

“Além disso, continuamos a ver um ambiente macroeconômico pouco inspirador para as companhias aéreas brasileiras, com incertezas macroeconômicas ainda presentes e os preços do petróleo em alta”, comentam os analistas Lucas Barbosa, Felipe Ballevona e Gabriel Tinem.

Adicionalmente, embora os efeitos de longo prazo da fusão possam ser negativos para a rival Latam, o Santander acredita que a empresa aérea pode se beneficiar da complexa integração da fusão da Azul e Gol por vários anos, já que isso poderia dificultar um movimento mais agressivo da nova companhia.

O Santander tem recomendação neutra para a AZUL4, com preço-alvo de R$ 6.

Com informações do Valor Econômico

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