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Cinema nacional ganha terreno em 2024, mas ainda representa menos de 10% do público no Brasil
O sucesso de “Ainda Estou Aqui”, indicado ao Globo de Ouro na segunda-feira (9), anima, mas os números mostram que o cinema nacional está distante de representar a maior parte do público nas salas pelo país.
Dados da Abraplex, associação que representa as principais redes de cinema, obtidos pela Inteligência Financeira mostra que, até novembro, os filmes nacionais levaram 11.240.398 pessoas aos cinemas.
Esse número representa 9,84% do total do público, que fechou o último mês em 114,19 milhões. Por outro lado, os longas brasileiros representam 39,18% dos 758 títulos que estrearam em 2024.
No entanto, isso ainda representa uma alta. Em 2022 esse percentual havia sido de apenas 4,06% e no ano passado caiu ainda mais, para 3,04%.
Entre as explicações para o ganho de terreno, é claro, está o lançamento de “Ainda Estou Aqui”, que sozinho tinha levado 2,31 milhões de pessoas aos cinemas até semana passada. Outro é a volta da cota de tela, política que exige um percentual mínimo de filmes nacionais que voltou a ser lei no início de 2024.
Do lado dos produtores, o objetivo é aproveitar o sucesso de “Ainda Estou Aqui” para angariar público. Por exemplo, foi este o apelo de Fernanda Torres, que o Globo de Ouro indicou hoje ao prêmio de melhor atriz em filme de drama. Em vídeo publicado nas suas redes sociais, a atriz pediu ao público que fosse ao cinema ver outros filmes nacionais.
“Aproveita o embalo do ‘Ainda Estou Aqui’ e vai ver outros filmes brasileiros com a sua família”, pediu Fernanda Torres. Ela citou como exemplos de lançamentos que virão por aí “O Auto da Compadecida 2”, que assim como o hit nacional de 2024 também tem Selton Mello em papel de destaque.
Cota de tela e o financiamento ao cinema nacional
A volta da cota de tela opôs o governo federal e as grandes redes de cinema. A política de incentivo ao cinema nacional havia sido encerrada no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas voltou neste ano. O Congresso Nacional aprovou a proposta em 2023 e o presidente Lula (PT) sancionou em janeiro deste ano.
Pela regra, os exibidores devem programar filmes nacionais em um percentual que varia de acordo com o número de salas que possuem. Em entrevista à Inteligência Financeira, Marcos Barros, presidente da Abraplex, que reúne as grandes redes, reclamou da decisão.
“Os cinemas são obrigados a deixar 16% das sessões para o filme brasileiro, independentemente de ele ter público ou não”, diz Barros. Esse é o percentual aplicado para os grupos exibidores que detém 201 salas ou mais.
Por outro lado, de acordo com a Agência Nacional de Cinema (Ancine), o objetivo da cota de tela é “promover a competição equilibrada, a autossustentabilidade da indústria cinematográfica e o aumento da produção, da distribuição e da exibição de filmes brasileiros.”
A posição de Marcos Barros é a de defender uma redistribuição dos recursos públicos destinados ao setor. A proposta do executivo é que menos filmes recebam mais dinheiro, com uma prioridade maior para o cinema comercial.
“A crítica não é ao artista brasileiro. O nosso audiovisual é cheio de talentos. Olha as produções feitas para o streaming, com recursos particulares. O nosso artista e nosso produtor sabe fazer filme, mas o dinheiro que o governo destina está mal utilizado”, argumenta.
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