Capital de giro: Nubank agora aponta canhões do crédito para pequenas e médias empresas

Banco digital busca nova avenida para aumentar e diversificar suas receitas no momento em que a base de clientes no varejo desacelera

O Nubank (ROXO34) revelou nesta quarta-feira (27) que oferecerá capital de giro para pequenas e médias empresas (PMEs) no Brasil.

O crédito compõe um prateleira de serviços que o banco disponibilizará para seus cerca de 4 milhões de clientes pessoa jurídica.

No pacote estão também emissão de notas fiscais e gerenciamento compartilhado de conta.

O banco não revelou taxas de juros do produto.

De acordo com executivos do Nubank (ROXO34), a maioria de seus clientes pessoa física é de empresas com faturamento anual de até R$ 5 milhões.

Experiência replicável?

Com o movimento, o Nubank (ROXO34) tenta replicar no público empreendedor a fórmula de sucesso construída na última década no varejo.

Nela, o banco vale-se de sua estrutura toda digital para ofertar um pacote que seja percebido como economicamente vantajoso pelos clientes.

“Nossa base de custo menor é uma vantagem”, afirmou Livia Chanes, presidente-executiva do Nubank, a jornalistas.

Ela admitiu que as PMEs são um segmento mais complexo para rodar um negócio de crédito lucrativo.

Isso porque os pequenos negócios têm grandes índices de mortalidade, já que são mais vulnerável aos ciclos econômicos.

Chanes disse que o Nubank (ROXO34) pretende replicar o modelo de avaliação de crédito que aplica para clientes pessoa física.

“A mecânica de avaliação de crédito é exportável”, afirmou a executiva.

Além disso, disse que boa parte do público empreendedor “historicamente é maltratado pelo sistema financeiro”.

O Nubank calcula que o setor empresarial responde por 30% a 35% das receitas dos bancos.

Nova avenida

O anúncio ocorre no momento em que o Nubank busca nova avenidas para ampliar receitas, enquanto a a base de clientes de bancos digitais começa a desacelerar no Brasil.

Conforme publicou a Inteligência Financeira em fevereiro, após 1 bilhão de downloads de aplicativos em cerca de uma década, o mercado de bancos digitais começa a dar sinais de saturação no Brasil.

Criado em 2012, o Nubank tem atualmente mais de 90 milhões de clientes de varejo, espalhados entre Brasil, México e Colômbia.

Fachada do prédio do Nubank. Foto: Tiago Queiroz/Estadão Conteúdo

“Temos que buscar novas fontes de receitas”, disse à Inteligência Financeira o líder de PJ do Nubank Brasil, Maximiliano Damian.

A capacidade de o Nubank (ROXO34) se manter rentável à medida que avança em mais segmentos dominados por grandes bancos comerciais suscita debates crescentes entre analistas.

O grupo teve lucro de US$ 1 bilhão em 2023, contra prejuízo de US$ 9,1 milhões no ano anterior.

Atualmente, das 17 casas de investimentos que acompanham a ação do banco, 11 têm recomendação de compra, segundo o WSJ Markets.

Quatro instituições sugerem manutenção. As outras duas apontam venda.