Caixa Econômica Federal avalia ter parceiro no mercado para banco digital

Ideia inicial era de que a plataforma fosse lançada em abril, mas banco tem desafios tecnológicos, culturais e de burocracia para resolver

A Caixa Econômica Federal avalia buscar um parceiro no mercado para ser sua franquia própria de banco digital e reagir à concorrência de fintechs como Nubank (ROXO34) e C6.

“Consideramos formar um joint venture“, disse nesta quinta-feira (16) à Inteligência Financeira o presidente-executivo da Caixa Econômica Federal, Carlos Vieira.

Mas o executivo disse que ainda há conversas exploratórias com possíveis parceiros e que uma definição sobre o modelo ainda não aconteceu.

Os comentários de Vieira sublinham os desafios do maior banco estatal do país em clientes para se defender da competição de bancos digitais.

O Nubank, o maior do setor, já superou 90 milhões de clientes no Brasil.

A Caixa fechou março com 152 milhões de clientes pessoas físicas entre correntistas e poupadores.

Banco digital da Caixa adiado

As declarações do executivo revelam que os planos da Caixa – banco criado em 1861 – no mercado digital vão demorar mais do que o esperado inicialmente.

Em janeiro, em entrevista à Inteligência Financeira, Vieira previra o lançamento da Caixa digital para abril.

No entanto, a demora maior em processos, por ser um banco controlado pelo governo, estão alongando o tempo de implementação.

Em apresentação sobre os resultados do primeiro trimestre, Vieira comentou que o lançamento agora pode ficar para o segundo semestre.

Ou mesmo para 2026.

Por ora, a Caixa Econômica Federal já tem ofertado alguns serviços por canais digitais, como abertura de contas e crédito pessoal, mas não de forma ampla.

No começo de 2020, o banco lançou o Caixa Tem, aplicativo usado pelo governo federal para distribuir o Auxílio Emergencial para famílias de baixa renda atingidas pelos efeitos da Covid-19.

O serviço chegou a ter uma base superior a 100 milhões de usuários.

Porém, uma série de problemas tecnológicos prejudicou os planos da Caixa de ter o aplicativo como sua versão de banco digital.

Acelerar, mas sem pressa

Vieira alertou na apresentação sobre a necessidade de a Caixa acelerar no setor, sob risco de perder a principalidade dos clientes para rivais.

Nesse sentido, a Caixa está levando adiante o plano de atualizar a sua base de funcionários, com maior ênfase nas necessidades atuais.

Em janeiro, o banco aprovou programa de demissão voluntária (PDV) para reduzir 3,2 mil posições tradicionais.

Simultaneamente, deu sinal verde para concurso de 4 mil vagas, metade delas para profissionais de tecnologia.

“Estamos sendo extremamente ameaçados pelos entrantes”, admitiu ele.

Além disso, o banco vai lançar nas próximas semanas um grande edital para a contratação de serviços de tecnologia, com ênfase em softwares, disse ele.

Ademais, a Caixa Econômica Federal vai manter nos próximos anos o hábito de repassar ao controlador, o governo federal, 25% do lucro, que é o mínimo obrigatório.

Um dos objetivos para essa decisão é o de ter mais recursos para investimentos, especialmente em tecnologia.

Banco de investimentos

Simultaneamente, a Caixa está ampliando sua equipe da área de banco de investimentos.

Nesse sentido, a instituição financeira empenhou 25 funcionários num mestrado de mercado de capitais na Universidade de Bordeaux.

O objetivo é ter atuação mais equivalente ao tamanho do banco comercial em operações como de emissão de debêntures.

Segundo Vieira, a Caixa nos últimos meses já ajudou a coordenar emissões de papéis da Localiza e da Marfrig.

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