A força da mulher no esporte: prática e consumo

A relação das mulheres com o esporte vem crescendo constantemente, e isso, claro, é ótimo para toda a indústria esportiva

Existe uma ideia, ou uma falsa percepção de que o esporte é uma indústria masculina, seja na prática, seja no consumo. Como já disse, é falsa. A mulher no esporte é parte fundamental na construção dessa indústria.

Aliás, é possível que esta ideia tenha origem na maior exposição de modalidades masculinas, essencialmente o futebol. Mas esporte é prática, consumo direto (competições) e indireto (produtos e patrocinadores). E a presença da mulher no esporte é altamente relevante em todas as áreas.

Na semana passada, trouxe uma visão atualizada sobre a relevância do futebol feminino no Brasil, que você confere clicando aqui. E na coluna de hoje vamos ilustrar a relação da mulher com a prática e o consumo do esporte a partir de dados da Sport Track, agência de marketing esportivo que trabalha o tema a partir de pesquisas e análises anuais.

A mulher no esporte

Trataremos, portanto, dos dados de 2021 e 2022, enquanto aguardamos os dados de 2023. A pesquisa é eletrônica, abrange as capitais, e segue os padrões técnicos de representatividade da população.

A pesquisa aponta que, em 2022, 75% das mulheres entrevistadas praticavam algum tipo de esporte. Um aumento de 5 pontos percentuais em relação a 2021. Elas puxam ligeiramente o resultado geral, pois o crescimento é superior ao dos homens. Vale saber, então, que podemos considerar como prática de esportes atividades que vão da caminhada ao triathlon.

Um aspecto interessante da pesquisa é a indicação da prática de novos esportes. Tanto em 2021 como em 2022 mais da metade das mulheres praticou um novo esporte. Índice esse bastante superior ao dos homens. As mulheres buscam novas possibilidades. E quanto mais praticam, é natural que se abram novos horizontes e possibilidades.

Esportes mais praticados

A Sport Track tem mais detalhes em relação aos esportes mais praticados por elas.

Então, além de praticar, as mulheres também são grandes consumidoras de esportes na mídia, e o futebol é aquele que chama mais atenção. Em 2021, 78% das mulheres disseram acompanhar futebol, nas diversas formas de mídia, enquanto em 2022 o número saltou para 83%.

Ou seja, além de maior na predileção das mulheres, o futebol ainda teve maior atenção. O que indica que aquela velha frase surrada e ultrapassada “Futebol é coisa de homem” já caiu em desuso, e certamente há muito tempo.

Um tema interessante apontado na pesquisa é o do consumo de esportes via streaming. Vamos lembrar que esporte é uma atração ao vivo, mas que cada vez mais apresenta opções e oportunidades para que seja acompanhado em outros formatos.

Mulheres no esporte são fundamentais

As séries Drive to Survive, Break Point, Welcome to Wrexham e Make or Break: Na Crista da Onda são exemplos de conteúdos esportivos que atraem a atenção além das competições em si. Certamente eles contribuíram para que 39% das mulheres entrevistadas indicassem que assinaram uma nova plataforma de streaming em 2022. No geral da amostra, 36% das pessoas disseram assinar uma nova plataforma, o que indica que as mulheres também fazem crescer o consumo esportivo em veículos de mídia.

As mulheres estão praticando mais esportes, testando novas modalidades, consumindo-o na mídia. Uma parte do dinheiro que vai para o esporte deriva da relação com patrocinadores, e a forma de medir o sucesso de ações de marketing e patrocínio é verificar se o consumidor é impactado pelas marcas patrocinadores, avaliando através da chamada “lembrança de marca”.

Nesse sentido, em 2022 as mulheres indicaram 1.341 marcas associadas a todos os esportes citados. E especificamente no futebol, indicaram 236 marcas, contra 232 indicadas pelos homens. Parecem mais atentas que os homens.

A pesquisa contém informações detalhadas sobre as relações de consumo com o esporte. Os dados que recebemos apenas confirmam uma verdade: as mulheres são fundamentais no crescimento da indústria do esporte.