Morning call: Dados de atividade econômica dos EUA ditam humor dos mercados na véspera do feriado da Independência

Novas informações do banco central norte-americano podem dar pistas para a próxima decisão de juros do Fed

Nesta quarta-feira, véspera de feriado do Dia da Independência, o destaque fica para o Livro Bege, do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), que traz detalhes da atividade econômica nos Estados Unidos. As anotações do BC norte-americano podem fornecer novos elementos para a próxima decisão de juros lá, marcada para o dia 20. Vale lembrar: o fim do ciclo de aperto monetário nos EUA é positivo para os ativos brasileiros.

No âmbito interno, o mercado pondera ainda a incerteza sobre a meta fiscal para o ano que vem. Há também ansiedade com relação a reforma ministerial. A expectativa do mercado é de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anuncie movimentos nos ministérios ainda nesta quarta, antes de embarcar para a cúpula do G20, na Índia.

No pregão na B3, a expectativa é de cautela. Isso porque o mercado doméstico para na quinta-feira, em razão do feriado de 7 de setembro. Ontem, o panorama internacional, com alta no rendimento dos Treasuries e dados de serviços mais fracos da China, pesou negativamente sobre a bolsa brasileira.

Em fala que repercutiu no mercado ontem, Fernanda Guardado, diretora de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos do Banco Central, disse, em live da Bradesco Asset, que no cenário externo, o risco de curto prazo mais preocupante para 2024 é a incerteza sobre a persistência da inflação global.

“Vindo do exterior, esse é o risco de mais curto prazo. A economia americana tem sido constante fonte de surpresa positiva, mas entra em um período de mais incerteza sobre suas defasagens de política monetária e sobre como será a política fiscal lá”, afirmou.

Em resumo, diante desta cenário, o destaque desta quarta é mesmo o Livro Bege, do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), que traz detalhes da atividade econômica nos Estados Unidos. Estas informações darão pistas sobre os rumos da próxima decisão de juros do banco central dos Estados Unidos, que a propósito acontece na mesma data do Copom, no Brasil.

Agenda econômica da quarta-feira (6)

08h: Índice de Variação de Aluguéis Residenciais (Ivar/Ibre-FGV)

09h: Estimativa de agosto para a safra nacional (IBGE)

09h30: Balança comercial (exportações/importações) de julho dos Estados Unidos

11h: PMI Composto e de Serviços de agosto dos Estados Unidos (S&P Global)

15h: Livro Bege sobre atividade econômica dos Estados Unidos (Federal Reserve)

Bolsas da Ásia fecham sem sinal único

Os mercados acionários da Ásia não tiveram direção única, mas entre os principais Xangai e Tóquio subiram nesta quarta, embora a praça chinesa tenha mostrado fôlego reduzido. O setor imobiliário chinês exibiu ganhos, recuperando perdas recentes, apoiado também em Hong Kong.

Na China, a Bolsa de Xangai fechou em alta de 0,12%, em 3.158,08 pontos, e a de Shenzhen, de menor abrangência, subiu 0,08%, a 2.062,50 pontos. Entre incorporadoras, China Vanke subiu 2,1% e Poly Developments, 2,0%, enquanto no setor financeiro Ping An Insurance avançou 1,65% e ICBC, 0,4%. Já papéis de farmacêuticas e ligados ao consumo estiveram entre as baixas, com WuXi AppTec recuando 5,4% e China Tourism Group Duty Free, 1,3%.

Em Hong Kong, o índice Hang Seng registrou baixa de 0,04%, em 18.449,98 pontos. Já o índice Nikkei, da Bolsa de Tóquio, fechou em alta de 0,62%, em 33.241,02 pontos. Ações do setor financeiro se saíram bem no mercado do Japão, com Japan Post Bank em alta de 2,9% e Sumitomo Mitsui Trust Holdings, de 2,3%.

Na Coreia do Sul, o índice Kospi registrou baixa de 0,73% em Seul, em 2.563,34 pontos. Ações do setor de eletrônicos e de companhias aéreas pesaram, com Samsung Electronics em queda de 1,0% e JejuAir, de 3,1%. Já papéis ligados ao petróleo avançaram, na esteira dos ganhos da commodity ontem. Em Taiwan, o índice Taiex caiu 0,32%, a 16.738,16 pontos.

Mercado ontem

Na terça-feira, os índices de ações mundiais caíram e os rendimentos do Tesouro de 10 anos dos EUA (Treasuries) subiram para o maior nível em mais de uma semana, à medida que os preços do petróleo disparavam e os investidores começam a avaliar as perspectivas de novos aumentos nas taxas de juros nos EUA.

No Brasil, como na segunda-feira (5), o ajuste foi leve no fechamento, em baixa de 0,38% do Ibovespa, aos 117.331,30 pontos, colocando a perda na semana a 0,48% e limitando o ganho neste começo de setembro a 1,37%, em três sessões – no ano, o Ibovespa avança 6,92%.

Bolsas de NY fecham em baixa

A queda nos índices de gerentes de compras (PMIs) composto e de serviços da China, da Alemanha, do Reino Unido e da zona do euro ditou o tom de cautela que sobressaiu no pregão.

Outros drivers que pesaram nas bolsas, segundo o analista da Oanda Edward Moya, foram a alta do preço do petróleo – que adiciona riscos inflacionários para a economia global – e o avanço dos juros dos Treasuries – que eleva a atratividade dos títulos públicos americano ante os mercados acionários.

O índice Dow Jones fechou com baixa de 0,56%, aos 34.642,10 pontos; o S&P 500 perdeu 0,42%, aos 4.496,82 pontos; e o Nasdaq teve queda de 0,08%, aos 14.020,95 pontos.

Com informações do Estadão Conteúdo