Mercado Livre (MELI34) quer ampliar número de entregas em até 24 horas

Plataforma de comércio eletrônico anunciou centros de distribuição no Rio de Janeiro e no Recife

O Mercado Livre (MELI34) anunciou nesta quarta-feira dois novos centros de distribuição no Brasil, um no Rio de Janeiro e outro do Recife (PE).

As novas unidades elevarão para 10 o total de CDs da companhia, maior plataforma de comércio eletrônico da América Latina, no Brasil, seu principal mercado.

“Esses novos centros vão nos ajudar a aumentar o número de entregas que fazemos em até 24 horas no país”, disse a jornalistas Marcos Galperin, fundador e presidente-executivo do Mercado Livre, durante evento da companhia em São Paulo.

Atualmente, o grupo afirma entregar aos compradores 55% do que compram na plataforma até o dia seguinte.

Segundo o executivo, a unidade no Rio de Janeiro já está operacional. A do Recife será aberta em 2024.

Os novos depósitos consumirão parte dos R$ 19 bilhões que o Mercado Livre planeja investir no Brasil em 2023 e incluirão também mais um avião, elevando para oito a frota própria de aeronaves.

A companhia com sede na Argentina teve vendas totais (GMV) de cerca de US$ 10,5 bilhões no segundo trimestre, incluindo todos os mercados na América Latina.

Os executivos da companhia disseram no evento que as vendas de agosto já superaram as do recorde de julho e estão crescendo a um ritmo de 30% sobre o ano passado.

Concorrência

O anúncio vem no momento em que o Mercado Livre tem ampliado a diferença em relação aos seus principais rivais no mercado brasileiro de comércio eletrônico, após a Lojas Americanas (AMER3) ter pedido recuperação judicial em janeiro enquanto Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3) têm acumulado prejuízos.

“Alguns players queimaram muito caixa durante e depois da pandemia e agora estão numa crise”, afirmou Galperin em relação ao cenário competitivo no Brasil.

Galperin e o líder do grupo no Brasil, Fernando Yunes, descartaram, no entanto, planos para eventual compra de rivais.

“Somos criadores de empresas, criamos nossas próprias soluções”, disse Galperin.

Remessa conforme

Yunes reclamou, no entanto, da solução encontrada pelo governo federal para a chamada Remessa Conforme, que isenta do imposto de importação compras de até US$ 50 feitas por brasileiros por meio de comércio eletrônico em varejistas no exterior.

Como contrapartida, as empresas estrangeiras, como a chinesa Shein, por exemplo, devem recolher tributos estaduais, no caso uma alíquta de 17% de ICMS.

“Isso beneficia players internacionais”, disse Yunes.

“Se não tiver isonomia, os estrangeiros vão vender mais e nós teremos que buscar mais parceiros de fora do Brasil”, acrescentou ele.

Inteligência artificial

Galperin revelou ainda que o Mercado Livre já está usando inteligência artificial para tentar melhorar a produtividade das vendas na plataforma.

Entre outras aplicações, a tecnologia generativa gera respostas automáticas para questões mais comuns de compradores aos lojistas.

Adicionalmente, a IA resume resenhas sobre produtos para mostrar aos compradores em potencial as avaliações mais frequentes e relevantes.