Mario Leão, do Santander Brasil (SANB11): ‘Seletividade no crédito permanece por todo o ano’

'Não devemos mudar apetite por risco antes do próximo ano', afirmou o presidente da instituição

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O presidente do Santander Brasil (SANB11), Mario Leão, disse nesta terça-feira que a seletividade no crédito permanecerá por todo o ano. “Não devemos mudar apetite por risco antes do próximo ano”, afirmou em teleconferência de apresentação dos resultados do primeiro trimestre de 2023.

O vice-presidente financeiro do Santander, Gustavo Alejo, disse que a inadimplência atual é reflexo das safras antigas de empréstimos, especialmente na pessoa física. “As receitas de comissões de seguros devem ter forte fonte de crescimento este ano”, acrescentou. Segundo ele “é difícil dizer” se a inadimplência na pessoa física já atingiu o pico. “Estamos monitorando”, acrescentou.

Leão observou, por sua vez, que a carteira renegociada ficou estável no primeiro trimestre, mas ainda em nível elevado. Para ele, a estabilidade é um bom sinal. “Estamos trabalhando para reduzir ao longo do tempo.” Ele acrescentou que a instituição está monitorando inadimplência, mas não espera deterioração material.

O executivo notou que a inadimplência em cartão do banco no primeiro trimestre de 2023 cresceu menos da metade da média do mercado. De acordo com ele, a instituição manteve a seletividade no segmento, com 97% dos novos usuários vindo da base de clientes. Leão disse também que a melhora observada no “funding” é consistente e não foi algo extraordinário.

As novas safras de concessões permitem que a instituição cresça ainda em empréstimo automotivo. “Vamos continuar priorizando este ano negócios estratégicos”, diz Leão. A instituição tem a meta de chegar a uma carteira de R$ 75 bilhões em consignado até o fim do ano, de acordo com o executivo.

O CEO disse que o “net prometer score” (NPS), métrica de satisfação dos usuários, no varejo é de 53 pontos. “Sabemos que ainda há muito trabalho a fazer.”

Ele reforçou que banco contou com efeito extraordinário no primeiro trimestre que permitiu o fortalecimento do balanço, aumentando as provisões.

O Santander informou mais cedo que no primeiro trimestre houve um evento extraordinário referente à reversão de provisões de riscos fiscais, relacionada à discussão judicial que envolve a Lei nº 9.718/1998, de cobrança de PIS/Cofins.

“Considerando a evolução do processo, com o voto favorável do relator [no STF], segundo avaliação dos assessores jurídicos, baseada nos aspectos processuais e no mérito da discussão, o prognóstico do risco foi classificado como perda possível, não sendo provável uma saída de recursos para liquidar as obrigações do PIS e da Cofins”, diz o Santander.

Assim, houve um resultado gerencial positivo de R$ 4,236 bilhões com a reversão das provisões fiscais, contabilizado em “outras receitas operacionais”.

Perspectivas para o banco

O presidente do Santander Brasil, Mario Leão, disse também na teleconferência que a instituição espera ter melhores margens com clientes e mercado em 2024.

Leão esclareceu ainda que a fala de que o resultado do primeiro trimestre veio “em linha com o esperado” não representa uma expectativa. “Não significa que um lucro médio de R$ 2 bilhões por trimestre deve ser esperado no próximo ano.”

“Acreditamos que nossa franquia vale alguns bilhões a mais por trimestres”, completou Leão.

Teto de juros no cartão

O executivo indicou ainda que a instituição tem discutido com autoridades estudos, potenciais impactos e alternativas a um eventual teto de juros no cartão de crédito.

Ele afirmou ainda que a proposta de nova âncora fiscal apresentada pelo governo tem “aspectos positivos” e que a instituição acredita que a reforma tributária avançará no Congresso.

Por Mariana Ribeiro e Álvaro Campos

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