Ainda que o Brasil tenha um dos sistemas financeiros mais avançados do mundo, uma das barreiras para a bancarização no país é o receio com golpes e fraudes, tema que ganhou ainda mais relevância com o avanço da tecnologia. Nesta quinta-feira (8), no Macro Vision, evento promovido pelo Itaú BBA, em São Paulo, o CEO do Itaú Unibanco, Milton Maluhy Filho, falou sobre o tema e mostrou como o maior banco privado do país está se transformando para garantir segurança nas transações.
A empresa concentra uma parte dos esforços na modernização de sua estrutura tecnologia. Para mostrar o que banco vem fazendo, Maluhy deu números: “temos entre 3,7 mil e 3,8 mil serviços de negócio de tecnologia e vamos terminar dezembro com metade desses serviços 100% modernizados”. Ele aponta que os códigos foram reescritos e as novas aplicações já rodam em nuvem, o que garante mais segurança e confiabilidade nos produtos.
Mesmo assim, o banco ainda estaria no segundo terço da jornada para competir “de igual para igual” com as empresas pioneiras nesse quesito, segundo o executivo, que diz que a empresa estava focando na atualização das aplicações mais relevantes para seus clientes.
Regulação de neobancos
Em painel moderado por Mario Mesquita, sócio e economista-chefe do Itaú Unibanco, Milton Maluhy Filho também falou sobre a importância da regulação de fintechs para a prevenção de fraudes: “70% do dinheiro das fraudes que percebemos com nossos clientes é enviado para neobancos”, analisa.
Para o executivo, há uma lacuna que permite a entrada de contas fraudulentas em neobancos e defende a proporcionalidade de regulação. “Não dá para existir uma regulação única para empresas do nosso porte e outras que estão nascendo, mas várias (do sistema financeiro) já não são pequenas e começam a trazer risco sistêmico, caso tenham algum problema”.
Mudança cultural no Itaú Unibanco
Na presidência do Itaú Unibanco desde o início do ano passado, Maluhy diz que percebeu a necessidade de uma mudança cultural na empresa, que vem tomando forma nos últimos meses. A ideia é que a organização deixe de lado a lógica de controle e comando, com hierarquia forte e pouca tolerância ao erro e adote uma postura mais leve, com times multidisciplinares e mais autonomia individual.
“Fomos implacáveis com o erro porque fazíamos um produto para 15 milhões de clientes e não dava para errar. Agora, temos 22 mil pessoas operando em comunidades integradas, em equipes com especialistas em produtos, risco e experiência do cliente juntos”, explica o CEO do Itaú Unibanco.
Para a lógica funcionar, foi necessário dar mais autonomia para os times, conta o executivo. “Nosso papel é dizer para onde gostaríamos de ir, mas o ‘como fazer’ não devemos dizer”.
Uma das mudanças que mais chama atenção é a eliminação de cargos como diretor-executivo, gerente-executivo, gerente sênio e afins. “Hoje somos todos diretores, sem títulos, o que facilitou a tomada de decisão porque antes havia briga por título, precisa haver briga pelo cliente”, diz Maluhy.