EUA: ‘Inflação chegou no pico, mas Fed não pode relaxar’

No primeiro painel do Macro Vision, evento do Itaú BBA, Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú, conversou com Robin Brooks, do Institute of International Finance e Philipp Hildebrand, da BlackRock

No primeiro painel do Macro Vision, evento promovido pelo Itaú BBA, Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco, conversou com Robin Brooks, economista-chefe do Institute of International Finance, e Philipp Hildebrand, vice-chairman da BlackRock.

O tema da mesa era “A economia global: cenários e temas de investimentos”, e o bate-papo abordou a Guerra na Ucrânia, a inflação global, a expansão fiscal, a economia da China, mercados emergentes e o futuro do mercado de criptomoedas

Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú (esquerda), conversou com Robin Brooks (direita), do Institute of International Finance. Philipp Hildebrand, da BlackRock, também participou, remotamente, do painel. Foto: Inteligência Financeira.

Inflação global

Segundo Philipp Hildebrand, “a moderação terminou”. “Ela foi popularizada nos anos 90. Agora, estamos enfrentando um mundo muito diferente. É um mundo no qual não podemos deixar a inflação correr. Agora, os bancos centrais têm que controlar e trabalhar com os danos para colocar os preços num nível de estabilidade.”

“Temos que contemplar os danos econômicos nos nossos investimentos. O efeito de diversificação diminuiu. Mesmo a economia aquecendo, ainda temos a inflação. A restrição de suprimentos está criando esse cenário.”

“O PIB vai diminuir nos EUA, na Zona do Euro”, previu Robin Brooks. “Temos um crescimento pequeno. Será que os bancos centrais deveriam ser super duro e rígidos diante dessa inflação? Não devemos apertar de forma agressiva.”

Inflação nos EUA

Para Philipp Hildebrand: “A inflação chegou ao seu pico, o aperto do BC dos EUA é o mais agressivo da história, a inflação precisa baixar. O FED não pode relaxar”. “Mas acho que não vai mais chegar a 2%. Se tiver um aperto muito excessivo, pode ser um grande problema. Me preocupo com longo prazo. Poderemos ter equilíbrio entre estabilidade, crescimento, inflação? Se isso falhar, a inflação pode sair de controle.” 

“Como vimos no Reino Unido, você não pode estimular uma economia que não pode produzir. Vamos conseguir andar nesse caminho estreito?”

Expansão fiscal

O aumento de gastos é “muito preocupante”, diz Hildebrand. “É provável que tenhamos um período de baixo crescimento. Há uma grande probabilidade que a inflação tenha taxas mais altas por um período grande. As políticas dos bancos centrais têm a inflação como alvo. Eu faria uma previsão, acho que não se deve fazer a inflação voltar aos 2%.”

China

Robin Brooks considera que o momento atual da economia global é diferente da época da “crise financeira global de 2007, 2008”. O real brasileiro, por exemplo, “se recuperou no curso de 2009 por causa da China, porque teve estímulo na área de infraestrutura”. Mas “o momento é diferente, a China não tem política de COVID. Não há programas de vacinação. Temos lockdowns periódicos”, afirma.

O gigante asiático “parou de guardar as commodities”. “Eles têm um superávit forte, não querem comprar papéis do Tesouro Americano. Mesmo se houver recuperação, acho que não vão comprar mais commodities.

Europa

“Estamos numa recessão técnica”, opinou Philipp Hildebrand. “Vai ficar mais claro que os danos que levam a baixar a inflação serão significativos. Vai haver muito debate para ver se vale a pena ver se vale a pena voltar a inflação a 2%. Vai ser um período de nenhum crescimento se continuarmos nessa dinâmica.”

Criptomoedas

Para Hildebrand, se consideramos as questões de infraestrutura e tokenização, o mercado cripto já está avançando pelo mundo, mesmo com o conservadorismo dos bancos centrais. No entanto, quando se trata de dizer que criptomoedas podem substituir as moedas tradicionais, ele é cético: “Não vejo nenhuma mudança, não acho que vai deixar de existir um sistema baseado no estado”. 

Segue o fio: