Itaú apresenta ‘pool de liquidez’ cripto e mais empresas mostram soluções com tokenização no Lift Day
O Banco Central promoveu nesta terça-feira (25) o Lift Day, que contou com uma apresentação dos projetos desenvolvidos no Lift Lab para integrar tecnologia blockchain no sistema financeiro tradicional.
Entre os destaques, foi demonstrada a iniciativa do Itaú para operacionalizar o investimento em pools de liquidez de criptoativos e um projeto da Lovecrypto com a Celo para permitir a compra de títulos do Tesouro brasileiro com o uso de stablecoins.
‘Rentabilização’ de criptoativos
Yukiko Dias, engenheira do Itaú, explicou que o banco desenvolveu uma experiência mobile para o investidor aportar tokens de pares de real e dólar (este último representado pela stablecoin USDC) em troca de uma rentabilidade para trazer liquidez a outros clientes que desejem fazer o câmbio entre a duas moedas.
“Queríamos construir um modelo de negócios viável para aqueles clientes que gostariam de rentabilizar os seus criptoativos e habilitar o swap entre esses tokens de maneira rápida, segura, transparente e de fácil acesso”, comentou.
Um dos desafios, segundo a engenheira, foi tratar do “slipagge”, um problema que ocorre no mercado cripto quando há diferença entre o preço na hora da solicitação da transação e depois na sua efetivação. “Fizemos a realização do cálculo inverso para o investidor nunca receber menos”, esclareceu.
Democratização do acesso
O projeto do Itaú foi desenvolvido na blockchain pública Stellar, mas, segundo Yukiko, pode ser implementado em qualquer tipo de rede, inclusive uma blockchain privada como a Hyperledger Besu, que será utilizada pelo BC para a criação dos tokens do real digital.
Outro foco da solução foi tornar a usabilidade intuitiva o bastante para o usuário que não está tão familiarizado assim com o mundo da criptoeconomia. “Tentamos abstrair para que os usuários que não entendem possam aprender. O objetivo é democratizar o acesso.”
No caso da Lovecrypto, a ideia foi gerar interoperabilidade entre o real digital e um blockchain público. O projeto foi desenvolvido em parceria com a blockchain Celo, que possui stablecoins atreladas ao real (cReal) e ao dólar (cUSD).
Tesouro Brasileiro tokenizado
“Escolhemos o título do Tesouro Brasileiro tokenizado. Um cliente da Celo poderia comprar de forma atômica e programada com múltiplas stablecoins”, afirmou Edmilson Rodrigues, CEO da startup Lovecrypto.
Rodrigues comentou também que precisará ainda tratar de soluções para “conheça seu cliente” (KYC, na sigla em inglês) e prevenção à lavagem de dinheiro.
“Não sabemos como vai se dar a privacidade das transações no real digital. Precisamos que algumas coisas se tornem públicas no projeto do BC para resolver esses problemas, mas ele pode ser resolvido. Já existem soluções de identidade on chain acontecendo nos blockchains públicos em relação às quais podemos nos inspirar”, garantiu.
Microcrédito descentralizado
Os outros projetos apresentados foram o de microcrédito descentralizado, da tokenizadora Easy Hash, que permite a emissão por parte de empresas que estruturam o crédito diretamente na plataforma.
“Criamos todo o conceito da infraestrutura em blockchain e trabalhamos sobre um caso de tokenização de microcrédito, com ferramentas de diluição e fracionamento, e também a criação de portfolios, ou Hash Funds”, descreveu Celso Jungbluth, fundador e presidente da Easy Hash.
A AmFi apresentou seu projeto de redução de custos e complexidade no uso de Cédulas de Crédito Bancário (CCBs) através da utilização de smart contracts. João Pirola, CPO e cofundador da fintech, explicou que o projeto utilizou stablecoin para atualizar a carteira de CCBs em tempo real e com rastreabilidade on chain.
“Reduz o custo de disponibilização. O que construímos segue requisitos de KYC no onboarding da pessoa jurídica. Nosso público alvo são bancarizadores ou fintechs.”
Já a DeLend apresentou uma solução de crédito descentralizado para viabilizar a captação de recursos por parte de pequenos estabelecimentos, como lojas e oficinas mecânicas, por meio da tokenização de recebíveis, que podem ser convertidos em NFTs (tokens não fungíveis) financeiros, para investimento nos chamados pools de liquidez.
Por Ricardo Bomfim e Toni Sciarretta
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