Itaú lança tokenizadora e entra no mercado cripto
Empresas citadas na reportagem:
Maior banco brasileiro, o Itaú Unibanco apresenta hoje a sua “tokenizadora”, unidade de negócios à frente das iniciativas da instituição financeira no uso da tecnologia blockchain e nas representações digitais.
O banco é o primeiro entre as grandes instituições financeiras brasileiras a entrar diretamente na tokenização de ativos financeiros e no uso da tecnologia criptográfica na infraestrutura de serviços e no “back-office”. O Santander já utiliza blockchain em operações de transferências internacionais.
Em abril, o Itaú BBA lançou a primeira debênture tokenizada do mercado local na plataforma da Vórtx QR, autorizada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a atuar na tokenização de ativos financeiros no “sandbox”, ambiente experimental do regulador. A debênture, que foi totalmente encarteirada pelo banco, foi emitida pela Salinas Participações, uma empresa de médio porte que atua em home care. A captação foi de R$ 74 milhões. A expectativa é que outros projetos de financiamento do tipo saiam do papel em breve, mas que contem com a participação de investidores institucionais.
Além da digitalização de ativos financeiros, a Itaú Digital Assets, nome da nova unidade de negócios, também será responsável pela plataforma de serviço de custódia utilizando a tecnologia criptográfica e por fornecer “token as a service” (TaaS) dentro e fora da instituição financeira.
À frente da operação, o banco destacou a executiva Vanessa Fernandes, que fica em Nova York. A executiva tem passagens pelo Deutsche Bank e J.P. Morgan, mas fez carreira dentro do Itaú nas áreas de compliance, controles internos e tecnologia. Antes de chegar a Nova York, ela cuidava da área de estratégia tecnológica, incluindo blockchain, computação quântica, telefonia 5G e conexão com o ecossistema de startups, fintechs e bigtechs.
A ideia é que a Itaú Digital Assets coordene e direcione a visão de longo prazo do banco em relação a criptoativos e a tokenização de ativos, tecnologia considerada com potencial disruptivo por reduzir custos de transações e a necessidade de diversos intermediários e prestadores de serviços.
Entre os desafios da nova unidade de negócios está trazer mais investidores institucionais do mercado regulado para o segmento de ativos tokenizados.
O Itaú já participa do Lift, o programa piloto do Banco Central que testa aplicações para o real digital. O projeto selecionado trata de pagamentos internacionais com a Colômbia, país em que o banco também atua.
Essa não é a primeira iniciativa do Itaú no campo da tokenização e nos ativos digitais. Em janeiro, o banco liderou um aporte série A de R$ 27,5 milhões na Liqi, uma startup de tokenização e exchange de criptoativos. O investimento foi feito por meio da Kinea, gestora de private equity do banco, e contou com participação também da Oliveira Trust e do fundo Honey Island by 4UM.
A Liqi trabalha com dois produtos: uma corretora que faz ofertas primárias de tokens emitidos por empresas parceiras e clientes; e uma plataforma B2B responsável pela estruturação e infraestrutura da emissão dos tokens via blockchain.
Já a Itaú Digital Assets deverá concentrar sua atuação mais no back-office e nos serviços internos e para clientes do banco, evitando uma sobreposição direta com os trabalhos da Liqi.
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