XP piora cenário para inflação no Brasil em 2024 e 2025; confira novas projeções

Corretora também subiu de R$ 5,00 para R$ 5,40 a previsão da cotação do dólar no fim deste ano

O salto do prêmio de risco sobre ativos brasileiros que ocorreu ao longo de junho deve se dissipar apenas em parte nos próximos meses, avalia a XP Investimentos em sua revisão mensal de cenário. A corretora vê alguma reação das autoridades no sentido de aliviar os temores de investidores, mas não o suficiente para acabar com dúvidas de médio prazo, como sobre a sustentabilidade fiscal.

“Parte dos efeitos já observados tende a ser persistente. Assim, ajustamos nossa previsão de taxa de câmbio de R$ 5,00 para R$ 5,40 neste ano, de R$ 5,00 e R$ 5,15 anteriormente. Como consequência, elevamos nossa projeção de IPCA para 3,8% em 2024 (3,7% antes) e 4,3% em 2025 (4,0% antes)”, diz o relatório.

Apesar da piora do sentimento de risco, a projeção para a Selic se manteve estável em 10,50% até o final de 2025. “Nossas simulações sugerem que, com os valores atuais dos determinantes de inflação (taxa de câmbio, petróleo, expectativas, hiato do produto), a taxa Selic estável manteria as projeções de inflação do Copom apenas um pouco acima da meta em 2026.”

As projeções para a atividade não mudaram. A estimativa para o PIB em 2024 se manteve em 2,2%, apesar da tragédia climática no Rio Grande do Sul. Esta, no entanto, deve ser compensada ao longo do ano pelos esforços de reconstrução e também o mercado de trabalho aquecido – a XP projeta agora alta da renda real disponível às famílias de 6,0% em 2024.

Em relação às contas públicas, a XP reviu ligeiramente a projeção de déficit primário de 2024 de R$ 60,6 bilhões para R$ 54,5 bilhões, citando melhora na perspectiva com royalties e arrecadação por conta do efeito sobre o câmbio sobre a receita com petróleo. Por outro lado, a alta da despesa e o peso dos juros altos por mais tempo devem manter a trajetória da dívida em alta – a projeção para a razão entra dívida bruta do governo geral e PIB deve chegar a 82,35 em 2026.

A corretora chama atenção para a necessidade de contingenciamento no próximo relatório de receitas e despesas, que sai no dia 22. “Em nossa estimativa, seria necessário um contingenciamento de R$ 41 bilhões (ou R$ 26 bilhões, considerando um “empoçamento” de R$ 15 bilhões) para atingir o limite inferior da meta de resultado primário, e um bloqueio de R$ 16 bilhões para cumprir o limite de despesas. O valor que o governo bloquear será fundamental para demonstrar o compromisso com o atingimento das metas e a manutenção do arcabouço fiscal.”

Com informações do Valor Econômico