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Inflação no Brasil deve seguir trajetória de queda em 2024, avaliam economistas
O IPCA de dezembro de 2023 pior que as estimativas não deve impactar a trajetória da inflação no Brasil ao longo de 2024. Essa é a principal linha de avaliação dos agentes financeiros.
Mesmo com a surpresa para cima, o cenário de desinflação gradual permanece. E a tendência é o índice fechar o ano novamente dentro do intervalo da meta.
Mais cedo, o IBGE informou que o IPCA acelerou 0,56% em dezembro após a alta de 0,28% em novembro. A expectativa do mercado era de 0,49%.
Com o resultado, a inflação no Brasil encerrou 2023 em 4,62%. Sendo a primeira vez desde 2020 dentro do teto da meta (4,75%).
Para 2024, o objetivo passa a ser de 3%, podendo variar então de 1,5% a 4,5%.
Já em relação aos rumos da política monetária, o entendimento dos especialistas é que o Banco Central irá manter o ritmo de ciclo de cortes da taxa Selic.
O que esperar do IPCA agora?
Itaú Unibanco
“A leitura do IPCA de dezembro veio ligeiramente acima do esperado, com surpresa espalhada entre os grupos.
Houve maior pressão no mês em industriais (com reversão dos descontos da Black Friday) e alimentação no domicílio (especialmente in-natura), reforçando que o El Niño deve pressionar esses itens no 1º trimestre do ano.
Mas esse movimento tende a ser devolvido posteriormente ao longo do ano.
Na margem, a inflação de núcleos segue em patamar baixo, mas sem melhoras adicionais, com as médias móveis de três meses dessazonalizadas dos núcleos praticamente estáveis em 3,1% (de 3,2%).
Para 2024, projetamos continuidade do processo de desinflação em curso, com o IPCA em 3,6% no fim do ano.” (Luciana Rabelo, economista do Itaú Unibanco)
Banco Inter
“De modo geral, o resultado da inflação em dezembro não foi muito animador, ainda assim, há sinais de continuidade do processo de desinflação.
Mas alguns sinais de risco começam a aparecer no horizonte, principalmente a aceleração dos núcleos e da inflação de serviços.
Entretanto, esses sinais ainda não são suficientes para ensejar uma mudança na condução da política monetária por parte do Copom.
Mantemos nossa expectativa de continuidade do processo de cortes na Selic no atual ritmo imposto pelo comitê.” (André Cordeiro, economista-sênior do Inter)
XP
“Em nossa visão, os resultados do IPCA de dezembro são consistentes com o nosso cenário de queda adicional da inflação em 2024 (projetamos 3,7%), principalmente devido a uma nova rodada de deflação global de custos.
A inflação de serviços tem cedido, mas lentamente. Os recentes aumentos acima do esperado nos salários reais representam uma fonte de preocupação para a dinâmica dos preços de serviços nos próximos meses.
Em relação à política monetária, o Banco Central deve reforçar sua abordagem cautelosa e continuar a cortar a taxa Selic em 0,50 p.p. por reunião.
Projetamos a taxa básica de juros em 9,00% no final deste ano.”
Bradesco
“Em comparação à nossa expectativa, o principal desvio em dezembro foi em bens industriais, itens que apresentam mais volatilidade no fim do ano. Com isso, os núcleos surpreenderam para cima e avançaram na margem.
Os preços de alimentação no domicílio ficaram em linha com o esperado, com alta relevante de in natura e cereais, refletindo condições climáticas mais adversas por conta do El Niño.
No ano, observamos forte desaceleração de alimentação (com excelente resultado da safra), bens industriais e serviços, respondendo à normalização de preços internacionais e efeitos da política monetária.
Na contramão, houve pressão de itens administrados, como gasolina e energia elétrica.
Nossa Avaliação: a leitura apresentou uma composição pior, mas com surpresa concentrada em itens voláteis. Para 2024, não alteramos nossa projeção de 3,6%.”
Guide Investimentos
“A leitura de dezembro do IPCA não só surpreendeu ao trazer uma inflação maior, mas também por mostrar uma composição pior do que o esperado.
Deste lado, destacamos a aceleração da média dos cinco núcleos acompanhados pelo Banco Central, que passou a mostrar uma inflação maior no acumulado dos últimos três e seis meses.
Além disso, é a segunda leitura consecutiva de aceleração da medida de serviços subjacente, que acompanhada da inflação de serviços como um todo, passou a mostrar uma inflação maior no acumulado em 12 meses.
Em suma, ao trazer uma inflação maior nos componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e, consequentemente, à atuação do BC na política monetária, apostamos na manutenção de um tom cauteloso pelo Copom após a sua primeira decisão de 2024.
Com a manutenção de uma prescrição futura que aponte a manutenção do atual ritmo de ajuste (-0,5 p.p.) na reunião de março.” (Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos)
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