Dólar cai para perto de R$ 5 e juro curto abre em alta após IPCA-15 maior que o esperado

Moeda americana tenta romper o patamar de R$ 5 pela primeira vez desde julho do ano passado

O dólar comercial iniciou os negócios desta quarta-feira em queda e tentou romper o patamar de R$ 5 pela primeira vez desde julho, enquanto os juros futuros de curto prazo tinham leve alta na abertura do pregão, depois da leitura de fevereiro do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) superar o teto das estimativas do mercado.

Por volta de 9h30, a moeda americana diminuía 0,31%, cotada a R$ 5,0355 no começo da sessão, após recuar a R$ 5,0161 na mínima intradiária. No mesmo horário, a taxa do contrato futuro de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 subia de 12,43% no ajuste anterior para 12,46%; a taxa do DI janeiro de 2024 passava de 11,98% para 11,995%; a do DI janeiro de 2025 variava de 11,40% para 11,38%; e a do DI janeiro de 2027 diminuía de 11,26% para 11,215%.

Mais cedo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o IPCA-15 avançou 0,99% em fevereiro, acima da mediana captada pelo Valor Data com base em projeções de 37 instituições financeiras e consultorias, de 0,87%. O indicador também ficou fora do intervalo de estimativas, que variavam de 0,77% a 0,96%. No acumulado em doze meses, a inflação foi de 10,76%.

Já a média dos cinco núcleos (medidas que desconsideram itens voláteis, como alimentos e energia) da inflação teve leve alta na margem, passando de 0,95% para 0,99%. Em doze meses, a média do cinco núcleos subiu de 7,76% para 8,32%. O índice de difusão, que apresenta o percentual de itens com aumento de preço, diminuiu de 74,4% para 69,5%.

Ao longo da sessão, o dólar comercial pode seguir se aproveitando do contínuo ingresso de recursos estrangeiros e da repatriação de investimentos de locais que antes estavam no exterior e, assim, romper a barreira psicológica de R$ 5 pela primeira vez desde julho nesta quarta-feira. O aumento do diferencial de juro da economia brasileira com o exterior tem sido visto por analistas como um dos principais fatores para a recente valorização do real, que já ganha cerca de 10% no ano.

Neste contexto, os investidores ficam especialmente atentos aos dados do setor externo relativos a janeiro. De acordo com o Banco Central, o Brasil registrou déficit de US$ 8,146 bilhões em janeiro. Além disso, a autoridade monetária informa, às 14h30, o fluxo cambial semanal, que pode encorajar os agentes a seguir vendendo dólar. Entre os dias 7 e 11 de fevereiro, o fluxo cambial registrou entrada líquida de US$ 845 milhões — dos quais US$ 693 milhões responderam pela conta financeira.

Com Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor Econômico