O que esperar para a inflação agora em 2025 depois do estouro da meta em 2024?
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A inflação subiu 4,83% em 2024 e superou o teto da meta, com elevação superior a de 2023, que foi de 4,62%. Os preços de itens como alimentos, combustíveis, planos de saúde e educação pesaram fortemente. Mas e agora, qual a expectativa para a inflação em 2025?
Para o Itaú, os números divulgados nesta sexta-feira (10) mostram que “os núcleos de inflação seguem pressionados e não devem arrefecer nas próximas divulgações”.
O Bradesco enxerga cenário semelhante pela frente. “Nossa expectativa é que tal dinâmica prossiga ainda no curto prazo”, informa. “Por parte de serviços, seguimos observando o grupo pressionado, com alguns subitens mais voláteis mais elevados (sic) neste último mês”, acrescenta.
Projeções para IPCA ao final de 2025
Para o C6 Bank, a projeção é de estouro da meta também em 2025, com a inflação batendo 5,7%. Na visão da SulAmérica Investimentos, a taxa de inflação oficial pode chegar a 5,3% ao final do ano.
Para Natalie Victal, economista-chefe da SulAmérica Investimentos, 2025 será um ano com “cenário ainda muito desafiador para os preços do setor de serviços”.
Salles, do C6, destaca que fundamentos como inércia inflacionária, alta do dólar, economia aquecida e piora da expectativa seguem presentes. “A gente não vê uma reversão de quadro para este ano, por ora”.
Nos últimos dias foram divulgados dois importantes indicadores que vieram abaixo das expectativas. E isso pode indicar a desaceleração da atividade econômica.
Efeitos da inflação acima da meta novamente
O efeito disso seria o juro alto por mais tempo. Assim, é de esperar algum arrefecimento da economia, “principalmente na parte de formação bruta de capital fixo e na produção industrial”, diz Salles.
Nesse sentido, deve haver retração da economia, de 3,5% para perto de 2%. E aumento da dívida por causa dos juros altos.
Outro ponto importante é que a alta dos preços em 2025 deve ser novamente “generalizada” na visão do economista-chefe do C6. “Para debelar a inflação seria necessário atuar pelos fundamentos. Nesse sentido, é uma contenção mais intensa dos gastos públicos”, avalia Salles.
O presidente da Febraban, Isaac Sidney, diz, em comunicado, que “o cenário não é de descontrole, embora preocupante”. Sidney afirma que o combate à inflação dependerá de ação coordenada das políticas monetária e fiscal.
“O BC já voltou a elevar a taxa Selic, com claras indicações de novas altas no início deste ano, para controlar os vetores de maior pressão inflacionária. Se o BC tiver que realizar esse trabalho sem a coordenação com a política econômica, o choque de juros terá que ser muito elevado”, avalia.
Contraponto: outras visões sobre a inflação para 2025
Segundo Lilian Nogueira Rolim, economista e professora da Unicamp, existe uma incerteza quanto à inflação para 2025. Nesse sentido, ela avalia que “não é certeza se haverá novamente um estouro do teto da meta”.
Assim, a perspectiva é que haja algum alívio sobre o preço dos alimentos, principal ponto de pressão sobre a inflação em 2024, com “perspectiva de safra mais favorável” para o ano que se inicia.
Nesse sentido, o Bank of America (BofA) avalia que a inflação em 2025 deve fechar em 4,3%, abaixo do registrado nos últimos dois anos e dentro da meta.
Ainda assim, o banco americano vê uma pressão inflacionária para os próximos meses. “Uma visão ampla dos indicadores sugere que a inflação ainda está em trajetória ascendente e o ciclo de aperto monetário ainda não começou a afetar a dinâmica dos preços”, pondera.
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