- Home
- Mercado financeiro
- Inflação e emprego sinalizam desaquecimento leve, mas permanece a pressão sobre juros
Inflação e emprego sinalizam desaquecimento leve, mas permanece a pressão sobre juros
O IBGE mostrou nesta sexta-feira (27) que a economia brasileira vai entrar em 2025 ainda com pressão inflacionária adiante.
A notícia vai reforçar o aperto monetário em curso pelo Banco Central, que já comunicou que pode elevar a taxa de juros a 14,25% até o fim do primeiro trimestre do próximo ano.
Dessa forma, todas as comunicações do BC trazem um ‘se’ embutido.
Assim, a alta de 2 pontos percentuais nos juros para as próximas duas reuniões do Copom carregavam essa dúvida. A divulgação do IPCA-15, a prévia da inflação de dezembro, e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) praticamente sacramentam a decisão.
Inflação no Brasil segue resiliente
Dessa maneira, essa é a percepção também do mercado financeiro. Alguns especialistas apontam que, de fato, o retrato da economia brasileira de novembro e dezembro indica que a inflação no Brasil segue resiliente. Com possibilidade de novas altas nos preços. E que o mercado de trabalho segue apertado, também com resiliência na geração de postos formais e massa salarial em expansão.
*Não faz mal repetir: esse contexto de emprego forte e hiato do produto (mais) positivo dificulta a missão do BC de trazer a inflação à meta, dadas as repercussões sobre a inflação mais sensível à demanda”, destaca Maycon Douglas, da Highpar.
Segundo ele, essas dinâmicas “explicam o ‘choque’ dado pelo Copom na reunião deste mês”.
Para Harrison Gonçalves, sócio da CMS Invest, o cenário deverá impactar nos juros. “Pode levar o Banco Central a manter a política monetária em um nível restritivo por mais tempo, a fim de ancorar a inflação”, aponta.
Ao longo do próximo ano, porém, o mercado entende que esse choque de juros vai ficar mais claro nos indicadores econômicos. Para alguns, aliás, já existem sinais nessa direção.
Rodolfo Margato, economista da XP, diz que renda até acelerou ao longo deste ano, surpreendendo para cima a maioria dos analistas.
“O nosso conceito aqui de renda total disponível às famílias deve crescer 7,2% em 2024 em termos reais, contra estimativas do início do ano mais próximas a 4,5%”, destaca.
Mas, ele prossegue. “As condições do mercado de trabalho, de emprego e renda reforçam o nosso cenário-base de desaceleração gradual da atividade doméstica em 2025″.
A XP tem neste momento projeção de alta de 3,5% para o PIB em 2024. Para o ano que vem, a economia deve crescer 2%. Para o desemprego, considerando dados dessazonalizados, a casa estima taxa de 6,4% para este ano e 6,9% para o final do ano que vem.
Leia a seguir