Mercado hoje: Ibovespa fecha em queda de 0,65%, pressionado por Petrobras e política local
O Ibovespa e o dólar até começaram o pregão desta terça-feira (22) estendendo o alívio observado no pregão da véspera, embalados pela perspectiva de que o Congresso Nacional reduza o tamanho e a duração do impacto fiscal provocado pela PEC da Transição. Ao mesmo tempo, os agentes financeiros seguem aguardando os nomes que vão compor os ministérios do novo governo.
O Ibovespa fechou em queda nesta terça-feira. Ao longo do dia, o principal índice da B3 foi pressionado pela queda dos papéis da Petrobras.
O movimento negativo chegou a ganhar força na reta final do pregão após a notícia de que o PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, entrou com representação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para pedir a anulação de votos feitos em modelos antigos de urnas eletrônicas.
Mas nos minutos finais, a baixa arrefeceu, em linha com a melhora nas ações da petroleira.
O Ibovespa caiu 0,65%, aos 109.037 pontos.
O mercado de câmbio também registrou um movimento mais acentuado de aversão a risco e o dólar foi às máximas contra o real e se aproximou de R$ 5,40, diante da maior incerteza política no radar.
Dólar fecha em alta firme
O dólar encerrou o dia em alta firme contra o real, a R$ 5,3762, com ganho de 1,24% no mercado à vista, após um dia onde as atenções do mercado local, assim como em outras sessões, se manteve na cena política.
Na máxima do dia, o dólar foi a R$ 5,3988. Ao fim da tarde, o dólar futuro para dezembro avançava 0,84%, a R$ 5,3775. O índice DXY, que mede a força do dólar ante uma cesta de seis divisas principais, operava em queda de 0,43%, aos 107,22 pontos.
A indefinição sobre os nomes que irão ocupar a pasta da economia do governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o futuro da PEC de Transição fizeram com que os investidores operassem com mais cautela.
Petrobras
Ontem, o UBS rebaixou de compra para venda a recomendação para as ações da Petrobras, e cortou o preço-alvo em mais de 50%: de R$ 47 para R$ 22. O banco afirmou que há falta de clareza sobre o futuro da companhia no próximo governo, e que medidas adotadas desde 2016 podem ser revertidas.
Com isso, no mesmo horário, as ações PN e ON da Petrobras operavam em queda de 3,61% e 3,21%, respectivamente.
Os papéis, chegaram a ter as quedas mais intensas do Ibovespa no final da manhã, mas recuperaram parte das perdas durante a tarde.
Política
Após uma reação inicial bastante negativa dos mercados com a minuta da PEC da Transição apresentada pelo governo eleito, propostas alternativas, que preveem um menor montante de recursos fora do teto de gastos e com um prazo de tempo delimitado, vêm surgindo no Senado.
“Hoje temos o ambiente externo mais positivo enquanto no front local, a discussão em torno da PEC segue intensa. PT segue insistindo em retirar do teto os gastos com o Bolsa Família e pode sugerir certa realização do movimento visto ontem”, afirma o operador de renda fixa da Warren Renascença DTVM, Luis Felipe Laudisio.
Além disso, os agentes seguem aguardando indicações de quem comandará a economia na gestão petista.
“O desafio fiscal do próximo mandato presidencial é tamanho que um choque exógeno de credibilidade é fundamental. E um choque pode ser a indicação de nomes com credibilidade prévia pois sinaliza um compromisso com o desenho de uma nova âncora fiscal que garanta a sustentabilidade fiscal de médio prazo, afirma a economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Natalie Victal.
“Nesse sentido, os nomes serão lidos como sinalizações das linhas gerais das políticas a serem adotadas de 2023 em diante”, completa Natalie.
Alternativa pró-mercado
Agora, investidores acompanham não só a proposta da equipe de transição, mas também as alternativas protocoladas pelos senadores Alessandro Vieira (PSDB-SE) e Tasso Jereissati (PSDB-CE).
Enquanto o texto da equipe de transição prevê R$ 198 bilhões fora da regra do teto de gastos no ano que vem, a proposta de Vieira propõe a retirada de R$ 70 bilhões do teto por quatro anos; enquanto a de Jereissati retiraria R$ 80 bilhões definitivamente.
Commodities
No entanto, a bolsa brasileira foi pressionada por papéis de commodities metálicas, refletindo o aumento de casos de covid-19 na China e a desvalorização do minério de ferro.
Hoje, a commodity caiu mais 2% na bolsa de Dalian, para 725 yuans (cerca de US$ 101,30) a tonelada, o que pode pressionar novamente ações do setor, que têm peso importante na formação do índice.
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