Ibovespa fecha em forte queda com possível alta de juros nos EUA; dólar vai a R$ 4,92

Mercado aguarda reforma tributária, que deve entrar em votação ainda nesta quinta (6) na Câmara

O Ibovespa interrompeu sua trajetória de alta, enquanto o dólar teve forte alta. Nesse sentido, o cenário é alimentado pelas incertezas sobre o cenário global e a reforma tributária, que pode ser colocada em votação ainda nesta quinta-feira (6).

No âmbito interno, a expectativa é que o Projeto de Emenda Constitucional (PEC) seja votado hoje. O presidente da Câmara, Arthur Lira, afirmou que a votação da reforma tributária não será adiada.

Em entrevista coletiva ao chegar à Câmara, Lira destacou que todos os acertos estão sendo feitos no texto e disse que quem defende o adiamento da votação é contra o texto, seja agora ou em agosto. “O texto está seguro e bem discutido”, disse.  A reforma está em discussão neste momento no Plenário.

Ibovespa tem forte queda

O principal índice da bolsa caiu 1,78%, descendo para 117.425 pontos, depois de fechar a quarta em alta, acima dos 119 mil pontos.

“A gente tem um cenário de pleno emprego nos Estados Unidos, o que faz com que seja cada vez mais certo que os juros subam mais duas vezes nesse ano se tudo continuar assim. Com isso, as pessoas colocam dinheiro lá e tiram de economistas emergentes”, diz Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos.

Dólar

Simultaneamente, o dólar subiu 1,64%, a R$ 4,9298. A máxima para o dia foi de R$ 4,95. Para o economista André Perfeito, o dólar caminha para fechar o ano em R$ 5, mas deve haver uma nova rodada de apreciação do real em breve, testando o ponto gráfico dos R$ 4,80.

“Vale notar que a política de juros nos EUA pode contribuir em parte para o dólar se apreciar”, diz Perfeito. “Demais variáveis como saldo comercial positivo e evolução de certas classes de ativos já são sabidas pelo mercado limitando melhora na margem da divisa brasileira”, avalia.

Nova York cai com juros no radar

As bolsas de Nova York também despencaram nesta quinta-feira, repercutindo os dados relacionados ao mercado de trabalho e índices de compra. A abertura de vagas caiu em maio, mas ainda está no patamar de 9,8 milhões. Os dados são do relatório Jolts.

Assim, o PMI, índices de gerentes de compras, registrou alta em junho, surpreendendo os analistas, a 53,9.

Como resultado, o Dow Jones caiu 1,07%, a 33.922 pontos. O S&P 500 desceu 0,79%, a 4.411. O Nasdaq também desceu nesta quinta: -0,82%, a 13.679 pontos.

Bolsas da Europa descem mais de 2%

Os mercados acionários europeus também fecharam em forte baixa nesta quinta-feira, acompanhando o movimento em Nova York, após forte aumento de empregos no setor privado dos EUA e sinais de resiliência do setor de serviços. Ainda, dados de atividade na região confirmaram temores de uma recessão à frente.

Em Londres, o FTSE 100, caiu 2,17% a 7.280,50 pontos. Segundo análise da CMC Markets, os temores por mais altas de juros nas principais economias levaram Londres a ter seu “pior dia” desde março.

Enquanto isso, o índice DAX, em Frankfurt, fechou em baixa de 2,57%, a 15.528,54 pontos. O CAC 40, em Paris, cedeu 3,13%, a 7.082,29 pontos, e o FTSE MIB, em Milão, fechou em queda de 2,53%, a 27.506,91 pontos. Já em Madri, o índice Ibex 35 caiu 2,21%, a 9.276,70 pontos. Na Bolsa de Lisboa, o PSI 20 fechou em baixa de 1,41%, a 5.872,76 pontos. As cotações são preliminares.

PL do Carf

De volta ao cenário interno, outro assunto que está na pauta do Congresso é o projeto de lei do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), que também pode ser votado na Câmara dos Deputados.

Assim, entre os pontos do PL do Carf, os destaques são o voto de qualidade favorável ao governo quando houver empate nas decisões e a renegociação de dívidas tributárias para as empresas (exceto as optantes do Simples Nacional) que confessarem os débitos.

Com informações do Estadão Prime