Mais de 70% dos funcionários se sentem desengajados

Pesquisa mostra que 71% se sentem desengajados em relação a suas empresas e 45% já estão se candidatando a novas vagas para poder trocar de emprego

Uma pesquisa realizada pelo grupo Adecco revelou que 71% dos profissionais se sentem desengajados na empresa onde trabalham. O estudo “Força de Trabalho Global do Futuro” tem como objetivo analisar os fatores de engajamento para manter e atrair talentos e construir uma estratégia de gestão de pessoas sustentável.

No total, foram ouvidos cerca de 34 mil trabalhadores com idades entre 18 e 60 anos de 25 países diferentes. No Brasil, participaram 665 pessoas. “Por mais que as organizações invistam, as pessoas sinalizam não ter um significado inspiracional no trabalho que realizam, tendendo assim a trocar de empregador ou de atividade”, observa José Augusto Figueiredo, country head da consultoria no Brasil.

O estudo também apontou que 27% dos profissionais têm a intenção de deixar o emprego nos próximos 12 meses, sendo que 45% já estão se candidatando para novas vagas. Ao mesmo tempo, 44% dos entrevistados pretendem permanecer na atual companhia apenas se conseguirem uma requalificação e progressão na função.

Figueiredo acredita que quando a empresa não consegue comunicar uma missão e visão que proporcione significado ou sentido, o trabalho em si vira uma obrigação penosa da qual todos querem se livrar ou mudar. “De forma geral, as pessoas buscam sentido naquilo que fazem. Desde as funções operacionais ou repetitivas até as mais complexas e elaboradas, elas se motivam por meio das emoções e aspirações. Condições atrativas de remuneração têm prazo de validade curto quando não existe a realização profissional”, afirma.

No entanto, o fator remuneração não pode ser completamente ignorado, já que o salário é a principal razão para as pessoas quererem mudar de emprego. Ao todo, 45% dos respondentes sinalizaram que gostariam de encontrar outra vaga que pagasse mais e 63% afirmaram estar preocupados com o fato de que seus ganhos talvez não sejam altos o suficiente para lidar com a inflação, o que contribui com a insegurança profissional.

Entre os outros motivos apontados pelos entrevistados para querer deixar o emprego atual estão a busca por um maior equilíbrio entre vida pessoal e profissional (35%), falta de progressão na carreira (34%), desejo por maior flexibilidade na rotina de trabalho (30%), vontade de experimentar “algo novo” (25%) e descompasso em relação aos valores e cultura da empresa (25%).

As pessoas também têm se mostrado insatisfeitas em relação às suas projeções de futuro. O levantamento descobriu que 70% dos trabalhadores queriam que seus empregadores atuais disponibilizassem mais treinamentos a fim de movimentar candidatos internos para novas funções antes de contratar pessoas de fora, enquanto 23% dos profissionais ouvidos afirmaram nunca terem tido uma conversa sobre progressão na carreira dentro de suas organizações.

“As empresas que são as mais bem-sucedidas em atrair e engajar os melhores talentos sabem o valor de dar prioridade aos candidatos internos para vagas de emprego, novas posições e suporte de treinamento. Em um mercado de trabalho global que ainda está sofrendo de uma escassez crítica de talentos qualificados, priorizar os funcionários existentes para preencher as posições do futuro é uma abordagem lógica e econômica”, pontua Figueiredo.

Reportagem: Fernanda Gonçalvez

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